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Casais adiam o sonho do casamento

Tarsila e Felipe

A pandemia de coronavírus trouxe uma série de adaptações à vida das pessoas, como quarentena, home office, uso de máscaras e álcool gel, eventos virtuais, entre outras mudanças.

 

Com o isolamento social, muitos eventos foram cancelados ou adiados, entre eles, os casamentos. Segundo pesquisa do site de casamentos iCasei, realizada entre os dias 23 e 30 de abril com 1.681 participantes, 61% das cerimônias matrimoniais marcadas para o primeiro semestre de 2020 mudaram de data. Desde março deste ano, mais de 3.500 noivos adiaram o matrimônio na plataforma online. Os casais que preferiram manter a data tiveram de optar pela cerimônia virtual.

 

De acordo com a pesquisa do iCasei, setembro e outubro estão sendo os meses favoritos para a remarcação. O estudo mostra ainda que 32% dos noivos não precisaram adiar ou ainda estão aguardando um pouco mais para tomar uma decisão. Além disso, 41% dos noivos admitem incerteza sobre o momento e o cenário dos próximos meses.

 

Conversamos com três casais que tiveram que tomar a difícil decisão de adiar a tão sonhada, idealizada e esperada celebração de amor. Além de reagendar uma nova data, o que eles têm em comum? Além de fornecedores solidários e compreensivos, que entenderam as situações e reagendaram novas datas sem grandes exigências ou problema, um amor e companheirismo fortalecidos pela inevitável circunstância.

 

Um desses casais é o zootecnista Felipe Antonio Parise e a bióloga Tarsila Parise. Juntos há dez anos, cresceram na mesma cidade, tinham amigos em comum, mas se aproximaram apenas em Botucatu, quando se mudaram por conta da faculdade. Começaram a conversar, a sair, ficaram um ano juntos, oficializaram o namoro e estão juntos até hoje.

 

Passaram juntos toda a fase da universidade, formatura, pós-graduação, a questão do mercado de trabalho e aí veio a distância, que tentaram otimizar ao máximo para não ficarem muito tempo longe um do outro. Há quase dois anos, Felipe trabalha na região Norte do país e o deslocamento é complicado, foi quando decidiram pensar na questão do casamento. No ano passado, em 12 de abril, Felipe organizou uma viagem a Buenos Aires e em uma noite de tango fez a surpresa e pediu Tarsila em casamento. Os planejamentos para o grande dia começaram logo em seguida e a data agendada foi 16 de maio de 2020.

 

Apesar do coronavírus, tudo seguia sua perfeita ordem, menos a lua de mel, que foi cancelada pelo casal devido às notícias de outros países. Com os primeiros casos confirmados no Brasil, o casal começou a ficar alerta, mas ainda assim não pensava em adiamento. Antes mesmo da quarentena começar, por conta de uma mensagem Do Quintal Fotografia, equipe escolhida pelo casal para os registros fotográficos de todo o casamento, perguntando se eles pensavam em adiar a data, ficaram entre a razão e a emoção e começaram a pensar em tudo que estava acontecendo e que o tempo da quarentena proposta pelo governo e as consequências do vírus poderiam ser mais extensos do que eles imaginavam. “Remarcar foi uma questão de sensatez, pois não queríamos colocar pessoas que amamos e são importantes para a gente em risco. Além disso, fazer um casamento sem a presença de pessoas tão importantes não faria sentido algum”, comenta Tarsila.

 

Todos os fornecedores foram muito solidários e apenas um não tinha agenda para setembro, a nova data do casal. Mesmo assim, Tarsila confessa que há uma angústia em não saber como serão os próximos meses e se haverá necessidade de um novo reagendamento. Segundo ela, conseguir fazer o pré-wedding foi maravilhoso, pois deu a eles um conforto no meio de tudo. “A gente percebe o quanto somos frágeis e vulneráveis diante de algo que nunca imaginamos que aconteceria e que nossos planos não dependem apenas de nós. Nesta hora dar força um ao outro é que mostra a união do casal. Temos a distância no meio de tudo isso, ainda tem a questão do Felipe estar no Pará, que é um Estado com muitos casos de covid-19 e precisamos estar muito unidos e, independentemente de tudo isso, é a vontade de estarmos juntos que importa”, afirma.

 

Tarsila tenta ver o adiamento do casamento não como uma frustração, mas sim como uma nova oportunidade de ter uma celebração ainda mais emocionante, especial e a festa um momento de feliz e de superação para amigos e familiares.

 

Crédito: Arquivo Pessoal
Carol e Erick

Juntos há pouco mais de três anos, Ryan Erik von Schwedler, técnico de laboratório e Ana Carolina Alves, administradora, residem nos EUA e devem se casar em Salto em novembro, mas a data inicial era 20 de junho. Segundo Ana Carolina, a mudança da data já estava sendo questionada por eles desde março, mas esperaram o máximo para tomar a decisão, pois tinham esperanças de que as coisas se normalizassem. Em maio, a companhia aérea cancelou seu voo para o Brasil e, como os casos de covid-19 estão aumentando a cada dia, eles optaram por preservar a saúde de todos.

 

O casal teve sorte com os fornecedores, pois trocou o casamento que seria em um sábado por uma quinta-feira e conseguiu manter todos os serviços contratados. “Nós gostaríamos de tentar e manter a cerimônia o mais perto do que imaginamos. Gostaríamos de não ter que precisar distribuir máscaras no dia do casamento”, brinca Ana Carolina.

 

Os preparativos para a cerimônia começaram no começo de 2019, quando foi agendada a data na igreja. Por morar em outro país, Carol contratou a cerimonialista Ivanilde Reis, que dá todo o suporte que ela precisa e conta também com a ajuda dos seus pais, que fizeram boa parte dos arranjos para eles.

 

Carol e Erick se conheceram em um aplicativo chamado OKCupid e durante oito meses mantiveram uma amizade virtual, ela no Brasil e ele nos EUA. Até que um dia ele resolveu vir ao Brasil conhecê-la pessoalmente e começaram a namorar. Após algum tempo, Carol foi para os EUA fazer um intercâmbio como au pair, em um Estado vizinho ao de Erick e todos os finais de semana ele dirigia até Nova Jersey para vê-la.

 

Tradicional, o pedido de casamento foi feito primeiro ao sogro, em julho de 2018 e apenas em novembro do mesmo ano, Erick aproveitou a viagem que fez com Carol para Boston e a surpreendeu com o pedido de casamento em um restaurante, ajoelhado, com um pedaço de bolo e um anel de compromisso. “Apesar de morarmos nos EUA, o nosso grande desejo é casar na igreja no Brasil, pois a Carol tem uma família maior que a minha”, afirma Erick.

 

Crédito: Arquivo Pessoal
Luana e Júlio

Já o casal Luana Izidoro Vidal, supervisora de recursos humanos e Júlio César Gomes Rocha, autônomo, se casaria apenas em novembro, mas transferiu a data para março de 2021. Com toda a questão da pandemia e o problema financeiro que limitou o orçamento de milhares de brasileiros, eles acharam melhor adiar a data e repensarem o formato do casamento e, claro, garantir a segurança e a saúde de todos os convidados e envolvidos no evento. Ainda em março, assim que foi anunciada a pandemia, eles procuraram a cerimonialista Thais Kampai, que está cuidando do casamento deles, que os orientou sobre as alterações das datas e renegociações.

 

Luana e Júlio estão juntos há dois anos. Eles se conheceram em um posto de gasolina durante a crise de combustível enfrentada no Brasil em 2018, em meio à paralisação dos caminhoneiros que afetou o abastecimento nacional. Durante o relacionamento, Luana teve uma proposta de emprego em uma pequena cidade do interior do Mato Grosso do Sul e Júlio resolveu ir com ela, mas o casal não se adaptou à cidade e à distância dos familiares e amigos. “Foi um momento delicado e complicado para a gente, mas de certa forma nos uniu”, avalia Luana.

 

No dia do seu aniversário, eles resolveram comemorar em uma praia de água doce e viajaram para Ilha Solteira. O pedido de casamento dela foi na praia e Júlio escreveu na areia: quer casar comigo?

 

reportagem de Aline Queiroz

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