Especialista alerta sobre a importância da vacinação; grupo mais frequente agora é o de jovens e adultos na faixa dos 15 aos 29 anos
Itu, Indaiatuba, Sorocaba e Campinas são algumas cidades da região que aparecem na lista do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria Estadual de Saúde de cidades em situação de surto de sarampo. A relação do Ministério da Saúde atualizada conta com cerca de 50 municípios do Estado de São Paulo, além de dois do Rio de Janeiro, um da Bahia e um do Paraná. As unidades de saúde dessas cidades estão aptas a aplicar a vacina em quem ainda não foi imunizado contra a doença.
A infectologista Rosana Richtmann alerta que as vacinas desempenham um papel fundamental na proteção contra doenças como o sarampo e não existe nada mais eficaz em saúde pública do que imunização. “A vacinação é a forma mais eficaz de se prevenir o sarampo e outras doenças. Quanto mais pessoas imunizadas, menor a chance de termos pessoas doentes. É uma questão de responsabilidade social”, conta a especialista.
A médica reforça que a população não pode deixar a vacinação cair no esquecimento. “Na atual realidade, as pessoas estão se esquecendo de se vacinar e também de imunizar seus filhos. Isso não pode acontecer, pois as vacinas são um dos mecanismos mais eficazes na defesa do organismo humano contra agentes infecciosos e bacterianos, e consiste na proteção do corpo por meio de resistências às doenças que o atingiriam. Quando você se vacina, você protege todos ao seu redor”, afirma.
Em relação ao sarampo, a profissional ressalta que era uma doença erradicada e que, até o ano 2000, não existia mais casos no Brasil. “É um vírus de fácil transmissão e que gera diversas complicações. As bolinhas vermelhas só aparecem dias depois da doença adquirida e a patologia começa com tosse, febre, conjuntivite, coriza, entre outros sintomas. As pessoas imaginam que é uma doença leve, mas ela pode levar a sequelas muito sérias. Entre elas estão diarreia, infecção nos ouvidos, vômito, hemorragia, convulsões, hepatite, pneumonia bacteriana secundária e até sequelas neurológicas”, explica.
Para as gestantes, a patologia, caso não tratada, pode envolver aborto no primeiro trimestre de gestação e risco de parto prematuro. “Isso sem falar em infecção no sistema nervoso e em problemas respiratórios. Infelizmente, a mãe não pode tomar vacina durante a gestação, pois pode desencadear graves complicações. O ideal é que ela tenha se vacinado antes da gravidez. Caso contrário, deve evitar contato com pessoas em locais fechados e, principalmente, com pessoas contaminadas”, ressalta.
A vacina que protege contra o sarampo é a tríplice viral, que também imuniza contra caxumba e rubéola. A pessoa deve ter tomado duas doses com intervalo mínimo de um mês, desde que a primeira tenha sido adquirida depois de um ano de vida. “As duas doses no primeiro ano do bebê protegem a criança para o resto da vida. Porém,
quem não sabe se tomou a vacina, pode tomar novamente, sem problemas. O importante é a imunização”, afirma a dra. Rosana.
Essa vacina é oferecida nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do SUS em todo o Brasil. Inclusive, o país é reconhecido por ter implementado o Programa Nacional de Imunização (PIN), que se destaca por ser um dos melhores projetos de imunização do mundo, atuando fortemente na prevenção e erradicação de doenças.
Em relação a efeitos adversos da vacina do sarampo, a infectologista comenta que são raros os casos considerados graves. “Os efeitos colaterais mais comuns são dor no braço, vermelhidão e inchaço onde foi aplicada a vacina. Também podem ocorrer febre ou mal-estar passageiro”, enfatiza dra. Rosana.
Vírus veio da Europa
O sorotipo do vírus do sarampo circulante entre os paulistas, segundo estudo da USP, é o D8, prevalente em países da Europa. Por isso, é mais provável que o vírus do sarampo tenha sido reintroduzido em São Paulo a partir de casos provenientes daqueles países e menos provável que esteja relacionado aos casos importados da Venezuela, que levaram a um surto nos Estados do Amazonas e Roraima no ano passado. A avaliação é da professora Marta Heloisa Lopes, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e responsável pelo Centro de Imunizações do Hospital das Clínicas da FMUSP.
Os casos atuais de sarampo são menos frequentes entre crianças. O grupo mais frequente agora é o de jovens e adultos na faixa dos 15 aos 29 anos, justamente o público-alvo das campanhas recentes do Ministério da Saúde.
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