Uma das supermodelos brasileiras de maior prestígio na história da moda, Isabeli voou longe e conquistou o mundo, mas agora ela quer mais! Mais liberdade para curtir a família e se envolver com novos projetos
Isabeli é um ser para se apaixonar, mas não só pela beleza incontestável e sim por ser uma mulher incrível de coração doce e sincero. Sua história começou cedo, aos 13 anos de idade participou de um concurso em uma agência de modelo, e aos 15 foi para Nova York onde se destacou no mundo fashion. Mas nem tudo foram flores, num desabafo intenso e cheio de emoção, a top model revelou que se tornou arredia e até revoltada. “Tudo por conta da minha trajetória de vida, porque ao longo desse período algumas pessoas queriam me boicotar, acabar comigo tentando me fazer coisas que eu não achava bacana. Fui me transformando e ficando forte demais, mas comecei a perder o controle e, hoje, mais velha, mais madura, consigo ponderar com mais equilíbrio e viver bem no meu trabalho”, explica. Em busca de uma vida mais tranquila, Isabeli quer diminuir o ritmo para se dedicar à família e curtir o marido Di Ferrero. Para o futuro, ela está cheia de sonhos. “Eu quero morar na praia com a minha família, praticar esportes radicais. Sou uma mãe meio louca. Existem coisas que eu ainda não fiz. Eu adoraria voltar a estudar, fazer uma faculdade de Nutrição, mas por enquanto, não tenho tempo”, confidencia. Com mais de 20 anos de carreira, nesta entrevista Isabeli compartilha um pouco as dores e as delícias dentro e fora das passarelas.
REVISTA REGIONAL: Já são muitos anos de passarelas e, assim como a moda, a carreira de modelo também evoluiu. Como você sentiu essas mudanças?
ISABELI FONTANA: Hoje mudou muito como, por exemplo, as modelos precisam ser mais completas, antigamente na minha época não precisávamos falar, nos comunicar. Nós éramos um rosto, um cabide, um corpo, mas não é mais assim. Quando eu comecei, as pessoas queriam me manipular, e hoje em dia elas me respeitam muito mais, por conta das mídias sociais, por eu ter uma voz que pode ser ouvida. Elas me respeitam pelo ser humano que eu sou. Eu transformei uma força que havia dentro de mim, comecei a ser uma pessoa que as outras não entendiam, eu parecia revoltada, e tudo por conta da minha trajetória de vida, porque ao longo desse período algumas pessoas queriam me boicotar, acabar comigo tentando me fazer coisas que eu não achava bacana. E, por conta de tudo isso, fui me transformando e ficando forte demais, mas comecei a perder o controle e, hoje, mais velha, mais madura, consigo ponderar com mais equilíbrio e viver bem no meu trabalho. Mas ainda bem que mudou e foi bastante positivo. Hoje não sou mais insegura. Quando eu era mais nova, queria me esconder, desde a minha infância não queria ser vista. Foi muito estranho pra mim. Além dessas mudanças, é claro que a fotografia também mudou. É diferente do tempo de quando eu comecei, porque naquela época ainda era polaroide, tínhamos que esperar a imagem sair, não é como hoje, tudo digital e rápido.
Hoje em dia você diria que é uma pessoa que se posiciona mais e fala o que pensa, mesmo não sendo a mesma opinião do outro…
Você pode falar o que você pensa! Eu sou justamente assim por conta da vida que eu tive. De me autocensurar, de não ser aceita, de não ser aprovada, e quando isso aconteceu eu fui me fechando. Quando percebi essa força dentro de mim, comecei a extrapolar, as pessoas comentam que eu falo o que penso, mas é por causa da vida sofrida que eu tive lá atrás e elas não levam em consideração porque não sabem da minha história, e cada um tem a sua, e você vai se moldando de acordo com o que te acontece. Eu agia dessa forma porque era um jeito de eu me proteger por conta das pessoas me colocarem pra baixo. ‘Ah aquela mulher é insuportável porque ela fala mesmo o que ela pensa’, ‘Ela é linda, mas é burra’. Sempre tinha um defeito, e você começa a viver insegura.
Você acredita que tenha encontrado um equilíbrio nessa fase de ponderar o que será dito?
Eu acho que agora estou melhor (risos). Bem melhor!
Sobre toda essa experiência que você viveu no início de carreira, as outras modelos eram parceiras, ajudavam umas as outras?
Hoje em dia essa parceria existe, mas antigamente as modelos queriam boicotar, acabar com você, estregar o sapato, queriam aparecer mais, muitas modelos queriam vir na minha frente. Já aconteceu a situação de eu abrir um desfile, e uma modelo se colocar na minha frente, queria aparecer mais. Eu sempre fiquei meio assim… ‘Ah que saco esse negócio, vai na minha frente’, eu dizia isso pra elas. Eu sempre olhei o meu trabalho como um trabalho e não como uma história de vida. Não é a minha vida, é o meu trabalho. Quer aparecer mais? Apareça! Eu estou aqui para ganhar o meu dinheiro, então estou feliz.
Quando você está acompanhada pelo marido (Di Ferreira) ele se incomoda que os outros homens ficam te olhando?
É o primeiro homem que gosta (risos). Ele é muito seguro! Eu já namorei homens ciumentos que me cortavam, me podavam ainda mais, mas eu estava naquela energia em que eu me sentia boicotada, por conta de me sentir insegura e se você é assim, vai viver cada vez mais isso. E com o Di não, ele fala que adora ver todo mundo me olhando, que eu vou bombar (risos) que sou maravilhosa mesmo, então as pessoas têm que olhar. Eu juro que eu nunca encontrei um homem tão seguro na minha vida. Juro!
Diante da sua experiência, que tipo de conselho você daria para as meninas que desejam ter uma carreira como a sua?
O conselho que eu daria é que nem sempre é fácil se centrar, aliás, é muito fácil você perder os pés. De repente, você começa do nada a brilhar e não entende o porquê. Ficar sozinha e se perguntar: ‘Quem sou eu?’, ‘O que eu vim fazer aqui?’. Nunca deixar de fazer essas perguntas e ter um foco. É importante voltar para as suas origens. Eu sempre aconselho a meditação. É a melhor coisa que existe.
Hoje você tem uma rotina de trabalho intensa, vive viajando além de comparecer em diversos eventos de marcas. Como é administrar a carreira e a vida pessoal?
Eu tenho jogo de cintura. Já aconteceu, por exemplo, de eu estar organizando a festinha de aniversário do meu filho e um cliente me ligar um dia antes. Eu tive que desmarcar com todo
mundo e remarcar a data. É muito difícil e tem horas que ficamos num momento decisivo porque é aquele trabalho que só acontece uma vez na vida, ou seja, é pegar ou largar. Eu coloco na balança o que é mais importante pra mim. A minha vida é feita de escolhas. É sempre uma avalição do que é mais importante, e nem sempre é o dinheiro ou o melhor trabalho, mas realmente estar com os meus filhos porque eles precisam de mim e eu deles. O equilíbrio é a grande chave de tudo, de uma família feliz, de uma mulher que quer estar bem, que corre com a carreira, e que tem que cuidar dos filhos. Eu já deixei de me sentir culpada. Faço terapia desde os nove anos de idade quando a minha mãe descobriu que eu não falava muito na escola, e que eu não gostava quando as pessoas olhavam pra mim, me incomodava muito. E desde então não saio mais da terapia. Eu não sou previsível e dependo muito disso para fazer algumas coisas, não sei explicar, mas é algo que sinto.
Mas você também consegue um tempo para recarregar as energias. Quando tem essa brecha, o que você mais gosta de fazer?
Eu gosto de ler e refletir sobre a vida, faço quando estou sozinha numa vigem para outro país onde vou levar umas 15 horas pra chegar. Ficar sozinha de vez em quando é importante porque você acaba se descobrindo. Mas eu também consigo ir para a academia, faço spinning com as minhas amigas porque não gosto de fazer sozinha, gosto de sair pra dançar. A minha vida é muito rápida e cheia de escolhas. Procuro viver pra não me arrepender de nada! Eu adoraria diminuir o ritmo; na verdade, estou tentando. Adoraria poder ficar mais tempo com os meus filhos que daqui a pouco estarão na fase adolescente, e eu não quero estar longe nesse momento. Mas quando tenho cinco dias, o que é super difícil porque a minha agenda está quase sempre lotada, procuro estar perto da natureza. Adoro fazer uma feijoada light para os meninos, cozinho raramente, mas gosto de fazer uma comidinha, um peixe bem temperado. Sou uma mãe como as outras, sempre preocupada com a alimentação deles. Só não dá quando eles estão na escola, porque eles têm uma rotina rígida a ser seguida. Os nossos momentos de lazer juntos são sempre perto da natureza, nas dunas, nas praias, no meio do mato. É o lugar onde recarrego as minhas energias. Sinto-me bem e amo fazer esportes. Sou muito ativa e não gosto de ficar parada, me dá desespero. Eu também gosto de criar, design de interior, sou deslumbrada com luzes, vidros. Acredito que eu vá para um lado design porque é algo que eu gosto também, mas ainda preciso de mais alguns anos de carreira. Eu não acredito que serei modelo pra sempre. Eu quero morar na praia com a minha família no Havaí, praticar esportes radicais. Sou uma mãe meio louca. Existem coisas que eu ainda não fiz, mas o mais importante na moda é nunca só fazer os nomes mais conhecidos e fortes, porque existem os novos também. É necessário o equilíbrio. Eu adoraria voltar a estudar, fazer uma faculdade de Nutrição, esse é meu grande sonho, mas por enquanto, não tenho tempo.
Por trabalhar como modelo, você deve ter um cuidado todo especial com a alimentação, com os produtos que você usa diariamente na pele. Como é sua rotina de beleza?
É curioso porque quando eu fazia maratona de desfiles e eu cheguei a fazer muitos entre Milão, Paris e Nova York, havia alguns momentos que eu brigava com o meu agente porque tinha que parar pra comer. Na Europa, se você não come no horário, não encontra mais lugares para almoçar ou jantar, depois só fast food. Eu fazia um refogado de verduras com frango e comia, mas hoje em dia não posso nem ver que não aguento (risos). Eu também tomava muito suco de aloe
vera, porque combate os radicais livres. Eu procuro usar um anti-idade desde os meus 20 anos, tenho medo de ficar com rugas (risos). Uso água termal no rosto e a água do nosso país é muito boa porque vem da terra, tem aquele cheirinho bom e faz bem para o rosto. A água dos EUA é péssima pra minha pele, por isso eu tenho que usar água mineral natural. É o que faz a diferença e depois eu só passo hidratante. A água da Europa também é horrível pro meu cabelo porque fica pesado e eu também uso água mineral, mas o meu segredo é água termal. Quando estou no Brasil, eu tenho problemas com acne no rosto, e uso produtos não tão oleosos. E claro, protetor solar fator 30 pra evitar manchas. O ideal é usar produtos naturais porque são menos agressivos, eu tenho algumas ampolas de vitaminas C e aplico no rosto, mas a genética ajuda. A minha mãe tem mais de 50, mas parece ter 40.
texto: Ester Jacopetti
fotos: Divulgação
CONFIRA NA GALERIA ABAIXO ALGUNS TRABALHOS DE ISABELI