Formada em História pela USP, a professora doutora MARIA APARECIDA DE MENEZES BORREGO é supervisora técnico-científica no Museu Republicano “Convenção de Itu” há quatro anos. Vinculada ao Museu Paulista como pesquisadora pós doc e docente, ela se especializou como mestre e doutora. Como pós doc se debruçou sobre o comércio em São Paulo em fins do período colonial, estudando espaço doméstico e cultura material a partir dos acervos do museu. “Tenho me especializado em compreender as dinâmicas sociais e materiais de São Paulo durante o século XVIII, mas cada vez mais o museu me tem feito pensar sobre a construção da memória de determinados fenômenos históricos ao longo dos séculos XIX e XX”, ressalta a docente. Seu cotidiano profissional se divide entre o museu, aulas e muita pesquisa. Por ser um museu universitário, todas as ações do Museu Republicano são embasadas em pesquisas científicas. “Toda nova exposição exige preparação de meses, que conta não só com investigação, mas com um trabalho em equipe para que possamos decidir que peças do acervo serão mobilizadas, quais problematização queremos colocar para o público, como será o projeto expográfico, quais as ações educativas que possam contribuir para o maior envolvimento do público. Coordeno todos os eventos, ainda que não esteja presente em todos, pois resido em São Paulo, desde a proposta até a supervisão do material de divulgação. Conto com uma equipe muito ativa e solidária, que faz o museu funcionar e bem” detalha a supervisora. Na USP, ela ministra aulas na graduação e na pós-graduação, além de orientar alunos de mestrado, iniciação científica e supervisionar o pós-doutoramento. À frente do Museu Republicano, a professora doutora explica que o maior desafio dos profissionais de museus históricos, hoje, é conseguir problematizar temas históricos e comunicar ao público com a articulação dos objetos expostos. “Itu, como boca do sertão nos séculos XVII e XVIII, foi fundamental para o alargamento territorial da América Portuguesa; como região cafeeira e industrial ao longo do XIX e XX, importantíssima para a economia do Estado e do Brasil, tanto no comércio internacional como na articulação das áreas paulistas por meio da ferrovia. Foi justamente por essa posição privilegiada no cenário paulista e brasileiro que a cidade foi escolhida pelos clubes republicanos para sediar a Convenção no casarão onde hoje se encontra o Museu Republicano. O papel do Museu Republicano é discutir essa história tendo como base seu próprio acervo, muito vinculado à Primeira República, de 1889 até 1930, e ao espaço doméstico da segunda metade do século XIX. Para tanto, temas importantes naquele período como educação, trabalho, práticas alimentares, participação política, crescimento urbano nos ajudam a pensar sobre essas mesmas questões nos dias de hoje e sobre qual é a república em que queremos viver e atuar”, reflete a docente. Nesse viés, no Museu Republicano toda exposição é precedida por palestras que mostram ao público o museu como um espaço de produção de conhecimento e discussão. Dra. Maria Aparecida acredita que isso fez com que a visitação aumentasse e também se diversificasse nos últimos anos. Em maio, o Museu implantou recursos de acessibilidade para deficientes visuais, mas que também passarão a atender o público em geral nos próximos meses. Além disso, muitas ações já estão sendo preparadas para o segundo semestre como materiais educativos para professores sobre as obras de Almeida Júnior pertencentes ao acervo e as viagens fluviais; em setembro, uma mostra sobre Antonio Cândido no centenário de seu nascimento; em novembro, uma exposição sobre porcelanas e cenas de cortesia e o projeto Música no Museu com apresentações da OSUSP e do CORALUSP. Tudo de forma gratuita!
texto e foto: Gisele Scaravelli