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Post: Giovanna Antonelli: sinônimo de sucesso

Giovanna Antonelli: sinônimo de sucesso

fotos: João Cotta/TV Globo
“Toda semana eu tenho uma segunda chance de ser melhor comigo, principalmente na minha casa, com os meus filhos, no meu trabalho, e em milhões de momentos que me marcaram”

Não é à toa que seus principais trabalhos têm sido como protagonista no horário nobre da TV Globo. Em destaque mais uma vez, Giovanna Antonelli encara Luzia, personagem central de “Segundo Sol”, novela escrita por João Emanuel Carneiro e dirigida por Dennis Carvalho. REGIONAL teve o privilégio de entrevistar a atriz para falar sobre este novo trabalho. “O que eu mais quero é que as pessoas se apaixonem pela novela, assim como nós; todas as tramas têm a mesma importância, elas são ligadas, cada um com o seu drama pessoal, isso é o que eu quero que as pessoas sintam, quando a gente faz uma cena que elas se arrepiem, sintam emoção. Eu quero que o público sinta mesmo, bem latente”, ressalta a atriz, que faz questão de abrir o jogo sobre a polêmica que a novela sofreu mesmo antes de estrear, sobre o fato de poucos atores negros estarem na trama, já que o pano de fundo é em Salvador, onde a representatividade é bastante significativa. “Estou aqui para contar uma história, independentemente de qualquer cor ou raça. Eu sempre digo que quando você começa a contar uma história: ‘era uma vez um príncipe e uma princesa’, você não está determinando se ele é japonês ou chinês, se ele tem cor. E, pra mim, as histórias que eu conto para os meus filhos não têm cor, não têm raça. Como atriz, fico muito triste, porque se um dia eu, admirando o povo indígena, não puder interpretar uma índia? A graça da nossa profissão é ser o que não é, seja na pele ou na alma”, enfatiza Giovanna. Cheia de brasilidade assim como sua personagem, encontrar inspiração para interpretar Luiza não foi difícil: “Ela faz tudo, cria os filhos sozinha porque foi abandonada, é pai e mãe, cozinha, trabalha, coloca dinheiro dentro de casa, é batalhadora. Essa mulher é o retrato da brasileira, e eu faço parte disso. Quando eu comecei a ler o dinamismo da personagem, ao mesmo tempo percebi docilidade e uma paixão muito grande. Eu sou uma pessoa muito intensa na minha vida, densa, então foi fácil encontrar o caminho”, finaliza.

REVISTA REGIONAL: A Luzia, sua personagem em “Segundo Sol”, termina abandonando os filhos em função de vários acontecimentos na trama. Como foi viver esses dilemas?

GIOVANNA ANTONELLI: Na verdade, ela não os abandonou, mas precisou fugir, porque se não, seria presa. Não foi uma opção. Sabe quando somos levados pelo o que vai acontecendo na nossa vida, e não dá tempo de pensar muito, e quando percebemos estamos no olho do furacão? É exatamente assim que acontece. É bem angustiante pra quem está lendo, assistindo, porque realmente é o tempo todo tendo que fazer escolhas, sem poder ter muitas opções. Eles (mãe e filhos) são separados radicalmente e para ela é a maior dor da vida. Ela vive pra esse reencontro. A Luzia só volta quando consegue realmente se sentir mais forte, mais segura pra poder fazer esse resgate.

Essa questão de o elenco ser formado por poucos atores negros, como você analisa essa repercussão?

Estou aqui pra contar uma história, independentemente de qualquer cor ou raça. Eu sempre digo que quando você começa a contar uma história: ‘era uma vez um príncipe e uma princesa’, você não está determinando se ele é japonês ou chinês, se ele tem cor. E, pra mim, as histórias que eu conto para os meus filhos, e que são contadas pra mim, elas não têm cor, não têm raça. Como atriz, fico muito triste, porque se um dia eu, admirando o povo indígena, não puder interpretar uma índia? A graça da nossa profissão é você ser o que não é, seja na pele ou na alma, mas poder levar para o público. Então, tem todas as questões que precisam ser tratadas sim, algumas coisas precisam ser revistas pela sociedade, mas essa é a minha visão pessoal que é única, múltipla, e eu gosto do todo, só acredito em gente junta, não importa de onde sejam, de que nacionalidade, cor, entende? É assim que eu crio os meus filhos dentro de casa.

A novela fala sobre a possibilidade de uma segunda chance, você acredita que as pessoas merecem uma segunda chance?

Gente, quem nunca?! Toda semana eu tenho uma segunda chance de ser melhor comigo, principalmente na minha casa, com os meus filhos, no meu trabalho, e em milhões de momentos que me marcaram. Quem nunca? Quantas vezes nós estamos recomeçando, por baixo, fênix, de lá do fundo do poço, por dentro mesmo, e não no externo, se reconstruindo, se reprogramando, resetando o HD? É fundamental! Não tem nada que tenha me traumatizado, mas passei por vários momentos de frustrações, de desgastes, como ser humano.

Como você reagiria se uma situação como a da personagem acontecesse na sua vida?

Cara, não faço a mínima ideia, porque é muito difícil nos colocarmos numa situação que não é a nossa. Nós nunca sabemos o que leva as pessoas a fazerem certas coisas. Esse negócio de julgamento, de me colocar em outro lugar, nunca me sinto nesse direito, sabe?! É realmente uma situação que só a pessoa vivendo, pra poder contar. Não posso nem pensar numa coisa dessa. Não! Nem vivo com essa realidade pra mim. Eu trabalho com a cabeça no foco positivo, não penso nisso, porque desestrutura um ser humano, talvez a vida perca até o sentido. No lugar dela, só quem pode se colocar é o João Emanuel (autor da novela). Eu acho que os filhos não têm muita noção, porque eles são muito pequenininhos quando toda a história aconteceu. Eles não têm dimensão, porque ela (Luzia) é acusada de um crime que não cometeu. Foi enrolada por uma pessoa que ela não esperava, acredita que um dos filhos está morto, que o Beto (Emílio Dantas) está morto. É muita tragédia. Depois de 18 anos, as crianças já são adultas e estão vivendo um resquício de um passado, sem muitos detalhes.

Esse retorno promete, já que ela volta famosa…

Na verdade, ela não volta famosa não! Ela é uma DJ, e desde o início da trama, ela canta no bar do amigo Groa (André Dias) que a acompanha com o violão. Eles são super amigos, e ela gosta de cantar no bar do povoado. Eu estava falando mais cedo; ela não é uma cantora famosa, mas a música é o fio condutor de quando ela volta, de ter extravasado esse sentimento. Foi através da música que ela levou para a Islândia um pouco do Brasil, que ela sobreviveu, e voltou a se reencontrar com os filhos, e com a juventude sendo DJ. Esse acaba sendo o meu novelo para construí-la, mas a música sendo como pano de fundo, e a história real, é a busca da reconstrução desse amor. Nem sempre estamos preparados, não temos forças e segurança pra poder resolver questões na nossa vida, naquele momento, que nos travam. É preciso esperar um pouco e quando estivermos mais firmes, mais esclarecidos e resolvidos, solucionamos de outra forma.

De que maneira o figurino foi importante na construção da personalidade dela?

Cada ator gosta de compor o seu personagem, ou começa a idealizá-lo de forma muito individual. Pra mim, o figurino é muito importante, por causa do conceito. Qual o tamanho do sapato? É baixo? É alto? É rasteirinha? O vestido é curto ou ela usa shorts? Porque já te dá uma forma de se movimentar, dependendo da roupa que vamos usar. Sentamos de um jeito diferente, o tamanho do salto fala como vamos andar, então, quando começo juntar com texto e a roupa, já traz a caracterização. Como é o cabelo dessa personagem? É longo? Eu conheço esse lugar. Como mexer os cabelos, como fica depois. São pequenos detalhes que eu vou saboreando, vou lendo o texto e pensando no que experimentar. Eu dou muito palpite; até no último dia de gravação. O que eu mais quero é que as pessoas se apaixonem pela novela, assim como nós. Todas as tramas têm a mesma importância, e elas são ligadas, cada um com o seu drama pessoal, isso é o que eu quero que as pessoas sintam, quando a gente faz uma cena, que elas se arrepiem, sintam emoção. Eu quero que o público sinta mesmo, bem latente.

Mas como ela vai lidar com a questão da culpa?

Olha, só o João Emanuel vai poder te responder… Eu sou péssima pra dar conselhos. Odeio me meter na vida dos outros. Não dou palpites nem na vida dos meus amigos. Não sou daquelas que fala: “Esse conselho é bom.” Sou mais: “Faça o que o seu coração mandar.” Minha mãe me ensinou desde pequena, quando eu pedia ajuda sobre isso ou aquilo, ela sempre me respondia: “Minha filha, não me meto, faça o que o seu coração mandar.” Essa é a forma mais correta, pelo menos pra mim.

Na sua vida, já aconteceu de você acreditar em alguém e tomar uma rasteira?

Ah, mas isso é muito normal, né?! Acontece sempre nas nossas vidas. Eu me protejo. Eu acho que todos têm o direito a uma segunda chance, mas será que todos tentam? Todos merecem sim, mas resta saber o que você faz. De que forma você vai aproveitá-la? Quando temos uma segunda chance, nós temos que aproveitá-la mais do que na primeira, né?! Quando tiver e quiser recomeçar, tem que aproveitar muito e fazer de verdade! É o mais importante pra todos nós.

Você acha que a pessoa precisa procurar não errar duas vezes?

Ah, a gente erra, né?! Eu acho que nós sempre erramos com a melhor das intenções, mas o aprendizado também faz parte da nossa trajetória. Ninguém é perfeito, e, às vezes, o meu erro pode ser um acerto para o outro. É uma variável sempre na nossa vida.

Como você comentou, que essa é a primeira vez que você canta. Como tem sido essa experiência, e como foi a sua preparação?

Eu vou lançar um CD. Mentira! (risos) Foi muito bacana, porque o meu pai trabalhou com música a vida inteira. Eu estava falando que eu cresci dentro do Teatro Municipal, e quando tinha óperas, eu e o meu irmão dormíamos muitas vezes no banco do teatro, vendo papai. Então, eu cresci ouvindo músicas desde clássicas a modernas. Fiz muitas aulas de canto no passado também, e quando eu cantei na novela, a primeira pessoa que eu liguei foi para o meu pai e falei: “Pai, senta, vou ter que cantar na novela.” Ele falou: “Parou de estudar.” (risos) Porque eu estudava com ele durante muito tempo, mas voltei, fiz algumas aulas com a Claudinha que foi uma querida, e me preparou. A Luzia não é cantora, ela canta, mas no modo Luzia de ser. Então…

Mas você cantava quando foi Angeliquete no antigo programa da Angélica na TV Manchete…

Ah, eu cantava, mas era brincadeira, e para a Luzia é uma mais um hobby, daquela pessoa que mora numa cidade de praia, e tem um parceiro que toca um violão, e tira um som. Dentro desse mundo, a música completa a personagem, mas o mais bacana é o fio condutor que leva pra esses encontros todos.

Para segunda fase da novela, você já está de visual novo. Gostou dessa mudança?

Eu amei, porque fiquei diferente de tudo que eu já havia feito anteriormente. Deu um ar todo moderno, que tem tudo a ver com a personagem. Esse visual não dá trabalho pra arrumar, mas fica mais bonito quando a produção arruma, porque em casa eu confesso que estou sofrendo um pouco, mas estou aprendendo. Normalmente, eu passo secador, às vezes, prendo, mas preservo bem o meu babyliss, tento suar pouco, o inverno é bom porque a gente transpira menos. Eu gosto quando os personagens chegam na 25 de Março e no Saara. É o que me deixa mais feliz! A voz do povo é a voz de Deus.

Para interpretá-la, você precisou tomar mais sol ou malhar mais?

Não, vida normal. Nós trabalhamos muito, tivemos vários tipos de preparações com a direção, prosódia, fonoaudióloga, elenco, autor, todo mundo junto durante as leituras, foram umas quatro semanas, foi bem intenso, fizemos de tudo um pouco. Não é a primeira vez que eu faço um texto do João Emanuel, e você não precisa criar muito em cima, porque ele é muito objetivo, e já vem tudo muito claro. É um texto que a gente entende, do ator interpretar, então sempre falo que o texto dele é 50% do processo.

Para interpretar Luzia em quem você se inspirou?

Na mulher brasileira. Ela faz tudo, cria os filhos sozinha, porque foi abandonada, ela é pai e mãe, cozinha, trabalha, coloca dinheiro dentro de casa, é batalhadora. Essa mulher é o retrato da brasileira, e eu faço parte disso. Quando eu comecei a ler o dinamismo do personagem, ao mesmo tempo percebi docilidade e uma paixão muito grande. Eu sou uma pessoa muito intensa na minha vida, densa, então foi fácil encontrar o caminho. Ela sofre, mas não é uma mulher sofrida, ela tem luz. Ela é solar!

texto: Ester Jacopetti

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