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Post: Fé e cultura na Semana Santa em Itu

Fé e cultura na Semana Santa em Itu

Conhecida pela riqueza de suas celebrações e sua música sacra local, a Semana Santa, em Itu, terá início com o Ofício de Trevas, no dia 24 de março, e se encerrará no Domingo de Páscoa, dia 1º de abril

A Semana Santa em Itu é repleta de eventos que se iniciam no sábado que precede a Sexta-feira Santa e terminam no Domingo de Páscoa. Denominada um ato de fé, cheio de beleza e significados importantíssimos para a comunidade católica local, a Paixão Ituana acontece há séculos, passando por ressignificações e alterações ao longo tempo, mas sem nunca deixar de acontecer. Antigamente, era motivo de comoção social na cidade e hoje, um de seus patrimônios imateriais, ou seja, algo que identifica o povo ituano culturalmente. É parte da identidade ituana.

Tendo em vista a importância desses eventos para a história da cidade, um grupo de pessoas focado na preservação da memória do patrimônio coletivo ituano se reuniu, em 2007, e deu início ao Instituto Cultural de Itu. Segundo sua presidente, Maria Edith Rocha Baldy, trata-se de uma entidade privada sem fins lucrativos que efetua resgates das tradições da cidade e elucida, através de eventos e publicações, a importância e significado desses eventos, propondo reflexões sobre os costumes e crenças locais, contribuindo para uma identidade cultural, tornando-a um presente para gerações atuais e uma herança para as futuras.

Entre ritos, músicas, procissões, imagens e dramaticidade, a Semana Santa em Itu possui eventos únicos com música sacra de autores ituanos, escritas entre os séculos XVIII e XIX e hoje executadas pelo Coral Vozes de Itu e Schola Cantorum. Confira abaixo que eventos são esses, quando e onde acontecem:

Depósito da Imagem de Nossa Senhora das Dores

23 de março – Sexta-feira, às 19h, na Igreja Matriz de Nossa Senhora Candelária

Uma procissão vinda da Igreja do Carmo é acompanhada pelos Motetes de Passos do Maestro José Mariano da Costa Lobo.

Solene Ofício de Trevas

24 de março – Sábado às 19h30 na Igreja do Carmo

O Ofício de Trevas não é uma missa, mas uma cerimônia conduzida pelo prior do Carmo, onde são recitados salmos, antífonas, leitura em cantochão e canto gregoriano. Os responsórios foram compostos em 1872 pelo maestro ituano Elias Álvares Lobo. Com a igreja toda escura, a cerimônia é uma reflexão à condenação de Jesus à morte. Um Tenebrário (candelabro composto por 15 velas) acesso na capela mor da igreja tem uma vela apagada a cada salmo, menos a central, que representa Jesus Cristo e fica em trevas. Os altares e suas imagens são cobertos por tecidos pretos.

Procissão de Passos

25 de março – Domingo às 19h com saída da Igreja do Carmo e Igreja Matriz

Essa procissão é realizada desde o final do século XVIII em Itu. Promovida pela Ordem Terceira do Carmo e Congregação Mariana, a Procissão do Senhor dos Passos sai da Igreja do Carmo e a de Nossa Senhora das Dores sai da Igreja Matriz de Nossa Senhora Candelária, encontrando-se na Igreja do Bom Jesus. Sete passos/estações são montados em casas de famílias ituanas, onde acontecem as paradas. A cada parada há o canto da Verônica, composto pelo padre Jesuíno do Monte Carmelo, em 1804. No trajeto, uma orquestra toca os Motetes do Maestro José Mariano da Costa Lobo. As imagens usadas na procissão são do século XVIII, esculpidas por Pedro da Cunha, no Rio de Janeiro. Em alguns passos ainda se conservam os quadros pintados pela artista italiana Lavinia Cereda.

Sermão das Sete Palavras

30 de março – Sexta-feira Santa às 10h na Igreja do Bom Jesus

O Sermão das Sete Palavras completou 150 anos em 2017 e foi o primeiro a existir no Brasil, conhecido também como Três Horas de Agonia. Trazido pelos jesuítas, ele acontece com um cenário do calvário de Cristo montado no altar da igreja. A cerimônia, que não é uma missa, repassa então as sete últimas palavras ou frases ditas por Jesus, pregado à cruz, em suas últimas horas de vida. A cada palavra, um motete específico composto no mesmo ano pelo maestro Elias Álvares Lobo.

Adoração à Cruz

30 de março – Sexta-feira Santa às 15h na Igreja Matriz de Nossa Senhora Candelária

Mundialmente celebrada na mesma hora, a Adoração à Cruz lembra a morte de Jesus. Trata-se de um ritual com canto gregoriano com músicas de autoria de Tristão Mariano da Costa, em 1876. No final é distribuída a comunhão ao som dos Motetes de Passos.

Meditação às Sete Palavras e Procissão do Enterro

30 de março – Sexta-feira Santa às 19h na Igreja Matriz de Nossa Senhora Candelária

O povo se reúne para a meditação das Sete Palavras de Jesus e, em seguida, a funesta Procissão do Enterro, provavelmente iniciada no século XVII, sai da Matriz acompanhando uma imagem do Cristo Morto, esculpida em 1796, com banda e Coro de Câmara para o cortejo fúnebre pelas ruas do centro histórico. A Verônica também é representada nessa procissão com seu canto, além dos motetes de Elias Álvares Lobo.

Ofício de Matinas de Sábado Santo

31 de março – Sábado às 9h na Igreja do Bom Jesus

Entre salmos, antífonas e responsórios, o canto gregoriano toma toda a cerimônia que é quase toda cantada. Trata-se de um evento mais leve, em comparação aos outros ritos que a antecedem. As músicas são interpretadas pela Schola Cantorum e os responsórios foram compostos por José Tescari, provavelmente em 1912.

Missa do Domingo de Páscoa

1º de abril – Domingo às 9h na Igreja do Bom Jesus

Missa tradicional e festiva em comemoração à ressurreição de Cristo, acompanhada de música tradicional sacra ituana.

texto e fotos: Gisele Scaravelli

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