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Post: Viver por um propósito. Pra que mesmo?

Viver por um propósito. Pra que mesmo?

foto: Fotolia
“Chega um momento da vida que a alma não suporta mais e não aceita aquilo que não nos parece verdadeiro e genuíno, condizente com nossos valores e essência”

O propósito está na moda. Pipocam cursos online, revistas de empreendedorismo e reportagens mostrando relatos de pessoas que largaram altos cargos, profissões disputadas e bem remuneradas para viver uma vida mais simples, dedicando-se e trabalhando por algo que amem de verdade fazer. 

Quem está ali, vivendo uma profissão exaustiva e pesada, olha de fora com uma certa inveja, mas ao mesmo tempo pensando em todas as renúncias que aquelas pessoas tiveram que fazer até efetivarem esta transição. Pensamentos em torno do padrão de vida que talvez tenha que ser deixado para trás e a selva do caminho a ser percorrido torna aquela decisão inviável no momento. E, provavelmente, em todos os momentos de sua vida.

Mas, como iniciar este caminho de volta ao que realmente importa?

Sou fruto de uma geração que muito pouco ouviu falar deste tema. Quando eu era menina, fui encaminhada para alguns testes vocacionais antes de iniciar minha peregrinação por mais de cinco cursos universitários diferentes até finalmente concluir um. Isto me sinaliza que, mesmo tendo realizado estes testes, o entorno em que eu estava inserida não me indicou muito bem o que eu deveria levar em conta para traçar meu percurso. Além disso, minha educação não foi voltada para o entendimento e compreensão real das nuances de minha personalidade. Por isso, procurei apenas uma profissão que me oferecesse reconhecimento e um cargo que me fizesse sentir realmente importante.

Consegui. Mas quando cheguei lá, me vi assustadoramente infeliz. E aí comecei meu caminho de volta. Neste momento, me dei conta de que havia escolhido minha profissão baseada unicamente no que as pessoas achavam de mim e como eu seria vista e reconhecida. E isto me custou muito caro. Na realidade, custou minha saúde mental, que já estava indo para o “beleléu”. E então resolvi investir de verdade no conhecimento de quem eu era e quem eu queria me tornar para ser realmente feliz.

Ainda na infância, no convívio na escola e com a família, a gente aprende o quanto é difícil ser quem a gente é. Falar que gosta do coleguinha, vestir-se com aquelas botas coloridas ou dizer para a tia que não gosta de seus beijos exagerados nos faz perceber que os olhares externos estão ali nos julgando o tempo todo. E que a opinião deles nos faz sentir bem ou mal, dependendo do tamanho de amor próprio que nos seja ensinado. E caso este auto amor não seja muito estimulado, vamos querer nos adequar as situações e anseios externos, nos calando e soterrando aquilo que pensamos, que achamos, que sentimos e, muitas vezes, o que nos faz realmente bem.

Acontece que, para se diferenciar e oferecer algo ao mercado de trabalho que realmente seja bom e faça sucesso, precisamos oferecê-lo com muita paixão e identificação por aquilo que fazemos. E sem olhar para estas questões e entender este processo em nós mesmos, nunca conseguiremos oferecer ao mundo aquilo que traduza e transmita a nossa energia, como seres únicos que somos.

Seguindo esta lógica, identificados com nossa paixão e motivação interna verdadeira, passar por dificuldades e percalços do caminho será mais fácil, pois estaremos desenvolvendo a consciência daquilo que faz nosso coração bater mais forte. E dificilmente algo irá nos barrar que não seja nossa própria falta de segurança de nossas próprias habilidades.

Inicia-se uma era onde o que importa não é parecer. É realmente ser.

Viver com um propósito nos convida a estar no mundo de forma a atender aquilo que nos faz realmente bem e não o que uma sociedade que busca somente o que a aparência nos impõe. Chega um momento da vida que a alma não suporta mais e não aceita aquilo que não nos parece verdadeiro e genuíno, condizente com nossos valores e essência. E para percorrer este caminho, não existe outro jeito que não seja investindo na percepção e busca de si.

Durante muitos anos, o autoconhecimento foi tachado e confundido com autoajuda e com algo pejorativo, na qual muitas pessoas fogem como o diabo foge da cruz. Hoje, estamos cada dia mais conscientes de que conhecer a nós mesmos nos mostra o caminho da real felicidade.

Questionar aquilo que é mais importante de tempos em tempos é extremamente necessário para internalizar e compreender melhor o que estamos recebendo da vida. Quem tem seus valores centrados apenas em coisas e conforto material pode até se sentir bem por algum tempo, mas ao longo da trajetória vai perceber que a felicidade profunda está ligada ao cultivo de conexões e relacionamentos saudáveis e em colocar em prática as habilidades e competências interessantes que possuímos. E isso passa por entender seu potencial e valorizar suas qualidades todos os dias. E sim, mais uma vez chegamos na importância de se olhar e se aceitar.

Desculpe a sinceridade, mas a verdade é que não existe outro jeito.

Quando se pesquisa estes valores maiores, aquilo que realmente preenche o vazio no coração, o resultado é sentir o alívio da carga pesada que é esta vida competitiva, que busca provar aos outros aquilo que nem nós mesmos temos certeza de que somos.  Neste processo, temos a oportunidade de desenvolver a segurança que estamos colocando em exercício nossos sonhos e projetos mais íntimos. O sonho comanda a vida e, viver distante deles, sempre será um sofrimento.

E você, em que ponto do caminho está?

*Semadar Marques é especialista em Empatia, Liderança Colaborativa, Propósito de Vida e Inteligência Emocional. Através de suas palestras, conferências e workshops sobre esses temas, Semadar busca inspirar as pessoas a irem atrás do que lhes faz plenamente felizes. www.semadarmarques.com.br   

 

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