Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica alerta para os tumores mais frequentes entre os homens
Em meio ao Novembro Azul, período em que se discute amplamente a importância dos exames que detectam o câncer de próstata, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) alerta para a prevenção e diagnóstico precoce de outros tipos de tumores que acometem a população masculina, como os tumores de pele, pulmão, colorretal, estômago, região da boca, cabeça e pescoço, entre outros.
“O câncer de próstata é o segundo mais prevalente entre os homens e as campanhas de conscientização são fundamentais para discutir o problema e tirar o estigma que envolve a detecção da doença. Porém é importante ressaltar que há outros tumores muito comuns entre a população masculina que podem ser evitados ou tratados com sucesso quando diagnosticados recocemente”, comenta Dr. Claudio Ferrari, integrante da diretoria da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
O oncologista destaca ainda que os homens costumam ser mais negligentes em relação à prevenção e realização de exames. “A população em geral, e os homens em particular, devem adotar hábitos de vida que diminuam o risco de desenvolver um câncer, estar em dia com suas vacinas e procurar seu médico diante de sinais ou sintomas que sugiram a possibilidade de ter a doença”, completa Dr. Ferrari.
Para orientar a população, a SBOC preparou uma relação com os tipos de tumores mais comuns entre os homens e como fazer a prevenção ou o diagnóstico.
Câncer de Pele
Este é o tipo de câncer mais frequente entre os brasileiros e o principal fator de risco para a doença é a exposição excessiva à radiação solar. Dessa maneira, a prevenção individual com o uso de filtros solares é eficaz e de custo relativamente baixo.
Pessoas de pele clara possuem um risco aumentado para o desenvolvimento do câncer de pele, sendo que a incidência aumenta com a idade e é mais frequente na população masculina do que na feminina. O bronzeamento artificial também é considerado um fator de risco, especialmente em idades jovens.
“O cuidado com o sol deve começar já na infância, com o uso de protetor solar em toda exposição mais prolongada. Na vida adulta, a proteção deve ser mantida, reduzindo o risco do aparecimento de possíveis tumores na pele. Ao primeiro sinal de surgimento de novas manchas na pele ou alterações em manchas já existentes, como modificações de cor e tamanho, é preciso procurar um médico para que seja feita a correta avaliação e, se for necessário, que o tratamento comece o quanto antes”, recomenda Dr. Rodrigo Guedes, oncologista integrante da SBOC.
Câncer de Pulmão
O tabagismo é responsável por, aproximadamente, seis milhões de mortes anuais no mundo, e aproximadamente 147 mil mortes no Brasil, incluindo as decorrentes de câncer. Segundo o Inca, estima-se que o Brasil apresente 17.330 casos de câncer de traqueia, brônquios e pulmões entre os homens e 10.890 entre mulheres durante o ano.
“O câncer de pulmão é um dos mais agressivos e, ironicamente, um dos mais fáceis de ser evitado, uma vez que o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença é o tabagismo”, comenta a oncologista diretora da SBOC, Dra. Clarissa Matias. Em geral, os fumantes têm cerca de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolver câncer de pulmão, quando comparados a pessoas que nunca fumaram.
Os sintomas da doença incluem tosse, que pode vir acompanhada de sangue, dores no peito, espirros, perda de peso e não costumam aparecer até que o câncer esteja em estado avançado, o que dificulta o tratamento.
Para ficar longe do câncer de pulmão, a principal recomendação é não fumar. Quem nunca fumou, mantenha-se longe do cigarro e quem fuma deve buscar parar.
Câncer Colorretal
Este tipo de tumor está ligado a hábitos de vida, como alto consumo de carnes vermelhas e carnes processadas, pouca ingestão de frutas, legumes e verduras, obesidade e, inatividade física.
“Sabemos que o consumo de alimentos ricos em fibras e a prática regular de atividade física são considerados medidas preventivas contra a doença, portanto este é mais um tipo de tumor que pode ser evitado com a adoção de hábitos de vida saudáveis”, explica Dr. Gustavo Fernandes, oncologista Presidente da SBOC.
O diagnóstico do câncer colorretal deve ser suspeitado em casos de alteração do hábito intestinal e eliminação de sangue nas fezes. O exame colonoscópio permite a visualização da lesão e, muitas vezes, o tratamento do câncer em estágios iniciais e de lesões precursoras (que podem vir a se tornar um câncer).
Câncer de próstata
Considerado o segundo tumor mais comum na população masculina em todo o mundo, o câncer de próstata deve atingir 61.200 novo casos no Brasil em 2017 segundo estimativas do Inca. O principal fator de risco para a doença é a idade, uma vez que a maioria casos é diagnosticada em homens acima dos 65 anos e menos de 1% é diagnosticado em homens abaixo dos 50 anos.
Outros fatores de risco são o histórico familiar e a etnia. Homens que tiveram pai ou irmão diagnosticados previamente com a doença apresentam um aumento de duas a três vezes no risco de desenvolver essa neoplasia. Esse risco aumenta cerca de 11 vezes se o diagnóstico do pai ou do irmão tiver ocorrido antes dos 40 anos. Além disso, o câncer de próstata é 1,6 vez mais comum em homens negros quando comparados aos homens brancos.
“Quando o câncer de próstata é diagnosticado em fase inicial, 90% dos casos têm chance de cura. Mesmo estágios mais avançados podem ser tratados com bons resultados. É preciso saber que ainda existe a chance de diagnosticar na fase inicial da doença. A realização do exame de toque realizado pelo urologista associado ao exame de sangue denominado PSA são as melhores maneiras de se detectar a doença”, alerta o Dr. Volney Lima, Diretor da SBOC.
Câncer do Estômago
Com a melhor conservação dos alimentos – uso de geladeira e redução do consumo de conservas e alimentos salgados –, a incidência do câncer de estômago caiu muito ao longo do século XX. Mesmo assim, esse tumor continua sendo um dos mais comuns na população masculina brasileira.
Os sintomas do câncer de estômago inicial são parecidos com os de uma gastrite ou de uma úlcera e o diagnóstico é realizado por uma endoscopia.
Como o câncer está relacionado à infecção pela bactéria Helicobacter Pylori, que também responde por boa parte das gastrites, sua presença deve ser sempre pesquisada em pacientes que apresentam essa doença. A eliminação do agente é possível com o uso de antibióticos.
Câncer da região da Cabeça e do Pescoço
Os tumores desta região estão fortemente relacionados ao hábito de fumar e mascar tabaco. Mais recentemente, a infecção pelo HPV tem se apresentado como um fator de risco importante no desenvolvimento dos tumores da língua.
Rouquidão prolongada e lesões na cavidade oral são possíveis sinais do desenvolvimento de tumor na região.
A prevenção é possível. Em primeiro lugar não fumando ou parando de fumar. E isso vale para cigarro, charuto, cachimbo, etc. Outra medida possível é a vacinação contra HPV. Os dentistas podem ajudar a identificar as lesões suspeitas na boca.
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