O Sesi Itu recebe a exposição gratuita Cartazes Icônicos, do artista gráfico Elifas Andreato, conhecido pela criação de capas de discos, cenografias de espetáculos e cartazes de divulgação para artistasca como Elis Regina, Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Ruy Guerra, Gianfrancesco Guarnieri e Fernando Peixoto. Seus traços, presentes em memoráveis álbuns lançados por grandes artistas, permeiam a história da música popular brasileira entre o fim da década de 1960 e a de 1980.
A mostra, em cartaz no Sesi Itu até 23 de setembro, reúne cartazes históricos de eventos culturais, espetáculos teatrais da resistência ao regime militar e campanhas de conscientização social.
Além da sensibilidade característica de seu traço, Andreato – autor de mais de 700 capas de LPs, CDs e DVDs – é um designer que consegue em seus trabalhos um alto nível de integração visual com as propostas artísticas representadas. Pela forma engajada de expressar sua arte, tornou-se referência em ilustrações para diferentes linguagens, com trabalhos marcantes voltados à música, à literatura, ao teatro e à imprensa.
Nesta seleção organizada especialmente para percorrer as unidades do Sesi-SP, destaque para o trabalho produzido em homenagem à cantora Elis Regina, em 1983, e o cartaz do espetáculo A Morte de um Caixeiro Viajante, de 1984, de Arthur Miller.
Outro ponto alto é o pôster da montagem Calabar, de 1980, de Chico Buarque e Ruy Guerra. “O texto foi proibido na primeira tentativa de montagem e, quando liberado, a canção Tatuagem, de Chico Buarque, serviu de inspiração para o desenho. Ao ver o cartaz, o diretor mudou o final da peça”, revela Andreato.
Essa e outras memórias poderão ser conhecidas pelos visitantes da exposição deste artista que criou consagradas capas de discos do país, retratou ícones da MPB, roteirizou, dirigiu e cenografou espetáculos, colecionando prêmios nacionais e internacionais, e fez ilustrações para jornais, revistas e livros. Por tudo isso, conheceu muita gente e tem uma boa dose de histórias para contar por meio de sua arte e suas lembranças.
O artista
O paranaense Elifas Andreato, 68 anos, e deu início a sua carreira de artista gráfico e jornalista em 1967 como estagiário na Editora Abril. No ano seguinte, assumiu a diretoria de arte do núcleo de publicações femininas, além de ter participado da equipe de criação de inúmeras revistas e coleções, como Placar, Veja e História da Música Popular Brasileira.
Nos anos de 1970 fundou órgãos da imprensa alternativa como Opinião, Argumento e Movimento. Nessa época, começou a atuar como programador visual para espetáculos teatrais que fizeram grande sucesso.
Destacou-se também como criador de capas de discos para os nomes mais conhecidos da MPB. Foram cerca de 700 peças, muitas delas antológicas e premiadas. O trabalho de capista continuou durante a década de 1980, com destaque para os LPs Ópera do Malandro eAlmanaque e Vida, de Chico Buarque; Arca de Noé 1 e 2 e Um Pouco de Ilusão, de Vinicius de Moraes e Toquinho; Aquarela e Casa deBrinquedo, de Toquinho; Zumbido, Cantando e Chorando, Eu Canto Samba e Bebadosamba, de Paulinho da Viola; entre outras obras denomes como Clara Nunes, Maria Bethânia, Clementina de Jesus e Rolando Boldrin, só para citar alguns. Entre os Prêmios Sharp de Música eos concedidos pela Associação dos Produtores de Discos, recebeu 24 prêmios pelas capas que criou.
Seu trabalho direcionou-se para a área editorial nos anos de 1990. Andreato foi responsável pelas históricas coleções MPB Compositores eHistória do Samba, lançadas pela Editora Globo. Sua participação foi decisiva no Projeto Memória, da Fundação Banco do Brasil, para o qual criou grandes exposições itinerantes sobre figuras como Monteiro Lobato, Rui Barbosa e Juscelino Kubitschek.
Ao longo de sua trajetória, Andreato promoveu dezenas de mostras de sua obra nas principais cidades brasileiras. Atualmente é diretor editorial do Almanaque Brasil, publicação mensal que circula nos voos da companhia aérea TAM, e responsável pelo programa televisivo de mesmo nome, exibido na TV Brasil e na TV Cultura.
Em 2011, pelo conjunto de sua obra, recebeu o Prêmio Especial Vladimir Herzog, concedido a pessoas que se destacam na defesa de valores éticos e democráticos e na luta pelos direitos humanos.
MAIS:
O Sesi Itu fica na rua José Bruni, 201, São Luiz. Datas e horários: de segunda a domingo, das 9h às18h – terças e quartas até 21h.
Informações e agendamento de grupos: (11) 4025.7332 – camila.trombini@sesisp.org.br
foto: Divulgação