Primeira-dama é uma característica que está longe de começar a descrever Marisa Souza, esposa do atual prefeito de Salto, Geraldo Garcia. Ela é assistente social, professora universitária e coordenadora do curso de Serviço Social no Ceunsp, em Itu. É profissional há 30 anos e construiu uma carreira sólida ao longo de sua vida. Marisa iniciou sua vida profissional como auxiliar de enfermagem e acabou migrando para o serviço social, pois viu na profissão a chance ser próxima ao ser humano. Além disso, é formada em Letras e Mestre na área da educação.
Juntos há 28 anos e pais de duas adolescentes, Marisa conta que quando conheceu Geraldo ele já estava na carreira política e, sendo assim, ambos têm um respeito muito grande pelas escolhas profissionais do outro. “Eu dei apoio a ele, mas não foi uma surpresa pra mim, pois era um caminho que ele estava construindo”, afirma a esposa, que se deparou com uma situação muito delicada, a cobrança da sociedade em ser uma primeira-dama. “Normalmente, as mulheres assumem um Fundo Social e isso é um cargo honorífico. Isso eu não quis pra mim. Eu já era profissional, vinha numa história, tinha minha trajetória, sempre tive êxito na minha vida profissional e no meu entendimento, essa é a carreira dele. Se meu marido fosse diretor de uma empresa, eu não teria de abrir mão do meu trabalho, da minha vida profissional, pra ficar assessorando ele na empresa. Na vida pública também é assim”, reflete.
Questionada sobre o Fundo Social, Marisa explica que a transferência de renda é responsabilidade do governo federal, a fiscalização é do governo do Estado e a gestão é do governo municipal. Então, o município é quem administra a assistência social. “Diante de tudo isso, no segundo mandato do Geraldo, fizemos o embasamento legal, encaminhamos a Lei para a Câmara, e ela aprovou, e o Fundo Social foi fechado em Salto. Hoje, a Secretaria de Ação Social é que cuida de tudo. É uma cultura brasileira, um ranço de conservadorismo que a gente precisa superar. A pessoa que recebe uma assistência no Fundo Social fica grata a pessoa que o fez, no caso a primeira-dama, mas ela precisa enxergar que ela é um cidadão de direito, e que está acessando um direito dela”, explica a assistente social e acrescenta: “A assistência social tem que ficar sob a responsabilidade técnica. A gente tem que entender que a assistência não pode ser personalizada numa figura como a primeira-dama, por exemplo”.
No dia-a-dia, Marisa e Geraldo se dividem com a casa e com as filhas, pois sua vida profissional exige que suas noites sejam ocupadas com a vida acadêmica, lecionando ou na coordenação da faculdade. Mesmo pensando de formas distintas, Marisa explica que o fato dela não ter assumido esse papel de primeira-dama, não exclui o fato de conversar com o marido e emitir opiniões. Ela afirma que trabalhar na gestão dele, mesmo com conhecimento na área e experiência como assistente social, nunca foi cogitado. “Você já imaginou você trabalhar oito a dez horas lá fora e continuar a jornada aqui em casa? Não daria! [risos] Pra nós dois é assim e funciona”. Marisa procura estar presente com a família em eventos, apoiando o marido e prestigiando o trabalho, em suas palavras, como faria em qualquer outra circunstância.
texto e foto: Gisele Scaravelli