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Post: O que a Bela baiana tem?

O que a Bela baiana tem?

“A alimentação não é só a comida que a gente come, não é simplesmente físico, mas alimentar o espírito, a alma, o corpo é importante”

Defensora dos alimentos orgânicos, a chef de cozinha e apresentadora de TV, Bela Gil, acredita que a mudança de comportamento individual é o primeiro passo para se ter qualidade de vida, mas afirma que o governo também tem participação primordial. “Se nós conseguíssemos deixar a disputa entre produtos ultra processados e saudáveis mais justa, ajudaria bastante para o consumidor final, para que ele consiga pagar um preço justo, por um alimento orgânico. O problema é que o alimento ultra processado é muito barato, é artificialmente mais barato, porque não conta ali, o subsídio que o governo dá para a soja transgênica, não conta ali, o malefício para o meio ambiente, a contaminação das águas, do ar. Então, esse produto é artificialmente muito barato. Quando acontecer uma transferência no valor do produto, será mais fácil de todo mundo comprar. Teremos uma democratização do alimento saudável”, diz a culinarista, que tem como meta se envolver politicamente na causa dos pequenos produtores orgânicos. Bela acaba de lançar seu terceiro livro, “Ingredientes do Brasil”, sobre culinária vegana. Confira a entrevista exclusiva que ela concedeu à Revista Regional, onde fala sobre suas obras, o programa de TV no canal GNT, seu estilo de vida e a importância da alimentação saudável.

REVISTA REGIONAL: Com a ideia de propor uma alimentação baseada em ingredientes orgânicos, você está lançando o livro “Ingredientes do Brasil”. Mas esse conceito ainda é muito caro para o brasileiro. De que maneira você acredita que seria possível mudar esse cenário?

BELA GIL: Eu acredito que é possível primeiro como uma mudança de comportamento individual. Se cada pessoa valorizasse a qualidade do alimento e a própria saúde, nós teríamos uma demanda melhor, e diferentes produtos orgânicos, que seriam mais requisitados. Isso mudaria a produção. Eu sei que não são todas as pessoas que podem fazer essa escolha, se alimentar com ingredientes de qualidade, principalmente orgânicos, mas quem pode, deveria priorizar. Nós vemos muitas pessoas, com muito dinheiro, comendo muito mal, sem se preocupar com a alimentação, com o meio ambiente, e com os produtores, que são quem produzem as suas comidas. Eu acredito muito na mudança de comportamento individual. É muito importante! Mas tem que ter também um reforço e esforço do governo, para incentivar a produção de produtos orgânicos, e pequenos produtores. E desincentivar, taxando os produtos que realmente fazem mal a nossa saúde, na quantidade que nós consumimos. Se nós conseguíssemos diminuir, quer dizer, diminuir não, mas melhorar, deixar a disputa entre produtos ultra processados e saudáveis mais justa, ajudaria bastante para o consumidor final, para que ele consiga pagar um preço justo, por um alimento orgânico. O problema é que o alimento ultra processado é muito barato, é artificialmente mais barato, porque não conta ali, o subsídio que o governo dá para a soja transgênica, não conta ali, o malefício para o meio ambiente, a contaminação das águas, do ar. Então, esse produto é artificialmente muito barato. Quando acontecer uma transferência no valor do produto, será mais fácil de todo mundo comprar. Teremos uma democratização do alimento saudável.

Você comentou sobre o governo ter essa conscientização que é importante, você já teve vontade de desenvolver alguma ação social?

Eu sou um pouco ativa nesse sentido. Faço parte do Instituto ATÁ (Alex Atala) e sou conselheira no Reffettorio Gastromotiva. Eu tento dialogar com todos esses Institutos, e ONGs, que fazem trabalhos importantes, em relação à alimentação, e os ingredientes, e a valorização deles, mas nada muito ativo em relação à mudança da política pública. E isso, é o que eu quero fazer agora. 2017 é um ano que eu quero ser mais ativa nesse sentido, nessa busca por tudo isso que eu falei. Por conseguir um incentivo a pequenos produtores, principalmente orgânicos, e de repente uma taxação para esses produtos. Enfim, eu acho que essa é a minha meta para 2017.

Esse é seu terceiro livro; os outros dois já venderam juntos 300 mil exemplares. Com essa publicação, como fica a sua expectativa em relação ao público vegano e aos não veganos? Você percebe que as pessoas estão mais preocupadas com a alimentação?

O livro, por coincidência, se tornou vegano e sem glúten. Não foi uma vontade desde o começo, mas sim, porque basicamente as minhas receitas são vegetarianas. No meu programa (no GNT), eu acho que 98% das receitas são veganas e vegetarianas, e quando eu fiz a seleção percebi que havia receitas veganas e sem glúten. Foi uma feliz coincidência. O livro é 100% vegano e sem glúten simplesmente para incentivar e mostrar para as pessoas que a gente pode e deve comer mais dessa forma. Nós devemos ter uma alimentação baseada em frutas, legumes, uma dieta em vegetais e animais. E também para mostrar que não precisamos tanto do glúten, que a gente vem comendo. É simplesmente para chamar atenção. Porque o livro é 100% vegano e sem glúten? Alguma coisa tem que ter. Não é necessariamente para eliminar a proteína animal e o glúten da sua vida, mas para entender a quantidade que você está comendo. É realmente acender um sinal de alerta na sua alimentação. A expectativa para as vendas e para o público é muito boa, porque uma coisa não exclui a outra. Só soma. Se você comer carne, não significa que não possa fazer uma receita vegana. Na verdade, até deve. Eu acho que a expectativa é das melhores possíveis. Ter um livro vegano agrega valor a uma dieta carnívora, com certeza.

Você já foi vegetariana, mas voltou a comer carne, peixe, etc. Por que? Como foi a sua experiência quando entrou nesse processo? 

Eu fui vegetariana por quatro anos, e quando eu engravidei, senti vontade de comer carne, e até que na época, eu não comi, mas amamentando, eu continuei querendo comer, e acabei deixando. Eu introduzi mais peixes, frangos, mas sempre com muito cuidado com a qualidade. Comia sempre um peixe selvagem, uma carne orgânica, e comecei a inserir novamente na minha alimentação. Comecei a me sentir muito bem. Você comer carne não é necessariamente ruim, mas sim, dependendo da quantidade que você consome. Tudo numa dieta é válido, se você souber o quanto e quando você come. O momento da sua vida. Eu, por exemplo, acho que é super válido ter uma dieta vegana, mas se você está grávida, e sente vontade de comer naquele período, naquela janela da sua vida, de nove meses que você consome carne, não tem problema. Depois que você tem o bebê, para de comer carne e tudo bem. Não significa que você, que passou a sua vida inteira sendo vegana, e comeu carne naquele período, não é mais. Por isso, que eu não gosto desses rótulos, e não gosto de me considerar nada. Porque eu acho que o alimento está aí, para nos ajudar realmente como forma de medicina, de remédio. Ao invés das pessoas se tratarem com pílulas e cápsulas, às vezes com os alimentos, com um pedaço de carne, resolve o problema.

Mas quando você decidiu parar de comer carne, procurou um médico, porque nós também sabemos da importância que esse alimento tem, mas que também é possível conviver sem eles.

Foi eu mesma quem decidi, até porque tem muitos médicos que não acreditam que você possa viver sem. Não que eles não acreditem, mas não entendem, ou não estejam acostumados, que você possa viver sem proteína animal. Foi uma decisão própria mesma.

Além da alimentação, você também é praticante da yoga. Acredita que os alimentos também têm equilíbrio na vida das pessoas de alguma forma?

Com certeza! A alimentação não é só a comida que a gente come, não é simplesmente físico, mas alimentar o espírito, a alma, o corpo é importante. Com a yoga ajuda a complementar nesse sentido. Tanto no sentido sensorial, como espiritual. É um completo muito bom.

Como surgiu o convite para apresentar um programa (Bela Cozinha) no GNT com receitas naturais?

O GNT tinha um programa, o “Alternativa Saúde”, e ele estava acabando, me procuraram, porque eles sabiam que eu estava fazendo, enfim, que eu estava me formando em nutrição em culinária natural, e conversando percebemos que esse tema poderia dar um bom programa. Fizemos, e deu super certo. Eu já estou na oitava temporada. Nós iremos continuar com o programa, mas com um novo formato. Ainda não temos um nome, mas será num formato mais life stylist, tipo um documentário, o meu dia a dia, porque as pessoas têm muita curiosidade de saber o que eu como, o que eu faço para os meus filhos, como eu me comporto no dia a dia.

Aliás, é você quem sugere as receitas? Como elas são criadas?

Várias receitas surgem a partir de experiências, muitas delas vêm a partir de práticas que eu faço em casa mesmo. Muitas delas de inspirações, de viagens, de novas culturas culinárias, eu gosto de misturar. E também de muitas receitas de quando eu era pequena, que eu comia, e eu readapto ao meu tipo de culinária, de experiência própria mesmo.

No verão, quais alimentos não podem ficar de fora da sua mesa?  

Eu bebo bastante água, mas prefiro os sucos. A minha fruta preferida é melancia, que tem bastante água. E a hortelã, que é um verdinho que refresca bastante. Costumo usar nas saladas e nos sucos também. Fazem bastante sucesso. Eu sempre gostei de um verde na minha alimentação, então, a hortelã é uma excelente opção.

entrevista: Ester Jacopetti

foto: Sergio Coimbra

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