A cidade de Itu ganhou um presente antecipado de aniversário de 407 anos. Foi o retorno da imagem original de Nossa Senhora Candelária ao altar mor da Igreja Matriz, após passar meses em restauro no ateliê Julio Moraes – Conservação e Restauro.
“A imagem já era bonita, porém descaracterizada, não revelava sua originalidade que é surpreendente, tamanha qualidade técnica de sua escultura e revestimento. Com o restauro, voltou o rebuscamento secular que lhe é peculiar. O revestimento em ouro, os motivos florais, os relevos clássicos foram resgatados nessa peça que é uma das mais valiosas Candelárias que possa existir no país”, comentou Huides Souza Cunha, fiscal de bens móveis do Iphan.
A imagem de Nossa Senhora Candelária, assim como as de Nossa Senhora do Rosário e São Miguel, datadas do final do século XVIII, são atribuídas a um escultor de Santana de Parnaíba chamado Guilherme, e de sobrenome desconhecido. Diz a tradição que as três imagens foram esculpidas a partir da madeira do mesmo tronco.
Desde o início das obras da Matriz de Itu, a igreja vem surpreendendo não somente a comunidade, mas também aos técnicos do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), historiadores e especialistas no assunto. “Fiquei impressionada com a história e quantidade de prata existente na igreja. Em Minas encontra-se muito ouro e na Matriz de Itu vemos muita prata, uma história de ligação com os países vizinhos desde a época de sua construção”, comentou Eneida Carvalho Ferraz Cruz, arquiteta do Iphan.
Com a descoberta da utilização da prata no altar mor a igreja foi agregando ainda mais valores à sua arte, já reconhecida antes mesmo do restauro, que começou pelo altar mor, onde foram descobertas pinturas, policromias e douramentos inimagináveis.
Agora a obra segue nos altares laterais que já tem um dos lados prontos, apresentando detalhes florais delicados, além de terem o entalhe ressaltado devido às cores encontradas.
“A igreja Matriz de Itu é o templo mais importante do barroco no Estado de São Paulo, não tem outro igual em tamanho e do ponto de vista artístico, com um trabalho excepcional, tem o mesmo padrão encontrado em Minas Gerais e, quando o restauro ficar pronto, será o mais importante da época colonial do Estado”, comentou Mario Bondi, também arquiteto do Iphan.
foto: Renata Guarnieri/Prefeitura Itu