Novamente capa e entrevista da Regional, a sorocabana Alinne Moraes fala dos novos desafios na carreira e na vida pessoal como mãe
Ela não é o tipo de atriz que adora dar entrevistas. Mas neste reencontro, 13 anos depois de ser capa da Revista Regional, Alinne Moraes estava radiante, como ela se descreve, já que o trabalho em “Rock Story” tem sido gratificante, mesmo com gravações intensas, que chegam a durar 16 horas por dia, sobrando apenas quatro para dormir, já que também tem que decorar os textos. Num bate papo superdescontraído, a loira que já tem 15 anos de profissão, diz que está realizada e feliz. “Se eu morresse hoje, diria que eu já fiz tudo que eu poderia, no meu máximo. Por isso, tudo que vem na minha vida é lucro. Eu gosto, e o que surge é só para acrescentar”, disse. Dividindo a rotina com a família, em especial, seu filho Pedro de dois anos e meio, Alinne revela que achou que seria uma mãe mais tranquila. “Confesso que sou um pouco tensa e rigorosa em excesso com a rotina. Mas é como o meu marido diz que a disciplina liberta também. É muito bom! E é o que eu posso ser como mãe. Dou o meu melhor”, completa. No ar como Diana, a atriz vive a expectativa da personagem se tornar uma vilã. “Eu não gosto de ficar em cima do muro. Gosto de ir pra lá, ou pra cá. Estou esperando isso, e estou pronta para”, afirma. Aqui, você confere essas e outras histórias.
REVISTA REGIONAL: O ator Rafael Vitti (Léo Régis) comentou sobre ter uma paixão platônica, quando te viu interpretando a Moa em “Da Cor do Pecado” (2004). Como foi essa revelação?
ALINNE MORAES: Essa novela (“Da Cor do Pecado”) pegou a geração do Rafa. Eu não sabia que a personagem havia feito tanto sucesso, mas realmente foi uma das que marcou. Eu conversei com ele, mas isso é comum, né?! Principalmente na idade dele. Quando eu trabalhei em “Coração de Estudante” (2002), o Fábio Assunção é o nosso Brad Pitt. Então, você imagina, eu com 17 anos, não conseguia vê-lo e contracenar com ele, que as minhas pernas tremiam. Essa fábrica de glamour, de celebridade, causa certo distanciamento nas pessoas. Elas acham que somos diferentes, que não comemos, somos robôs, sei lá, que não temos uma vida normal. Existe um mercado que produz isso, e as pessoas não conseguem enxergar, mas eu sou tão normal quanto qualquer um. Às vezes, temos que desmistificar esse ser.
“Bang Bang” (2005) foi a última novela das sete que você fez. É bom poder voltar a esse horário?
Sim, porque eu acho que é tudo muito novo. Acredito que o horário nobre não seja mais tão nobre. É tudo novidade, e com a internet, tudo mudou. Então, a novela já não passa às nove, mas às dez horas. Colocar um estereótipo para a novela das seis, ou das sete, está se perdendo ao longo desses anos. Tanto que “Velho Chico” (2016) estava aí. Era pra ser uma série e terminou sendo uma novela. “Rock Story” não é plenamente uma comédia, como eram todas as novelas das sete, que era mais puxada para o humor. Ela é atual, tem um pouco de tudo, muita verdade, contemporânea, jovem, muita música. Ela é sim, comercial, como é proposta.
A Diana, sua personagem, é uma mulher um pouco complexa, o que foi necessário para construí-la?
Quando a novela começou, ela estava no fim de um relacionamento complicado, porque ela realmente amava o marido, e perdoou as traições dele. O personagem do Rafa mostrou um pouco de luz, de vida, uma nova cor, porque ela estava deprimida, como mulher. Ela nem conseguia se enxergar assim, porque era uma máquina de trabalho. E é muito bacana ver essa transformação do personagem. Ela tem um pouco de tudo. É engraçada, muito solar e muito humana também. Eu não sei, se mais pra frente, terei a vilã que eu tanto quero. Não sei se ela vai aprontar muito. Ou ter coragem de fazer determinadas coisas. Mas ela é uma mulher incrível. Multifacetada, misteriosa, muito linda, cheia de sentimentos, verdadeira e clara.
Então, quer dizer que você está torcendo pra que ela se torne uma vilã?
Eu não gosto de ficar em cima do muro. Gosto de ir pra lá, ou pra cá. Estou esperando isso, e estou pronta para!
Na trama, a Dina namora um rapaz muito mais novo. Você já namorou alguém com essa mesma idade? Tem alguma preferência?
Não! Nunca! Já tive as minhas preferências, mas elas vêm mudando conforme a idade, o amadurecimento, mas acho que não tem geralmente um estereótipo único. Eu acho que é você olhar e se encantar pela pessoa, e acrescentar também, querer estar junto. Eu acho que é isso.
Já são 15 anos de televisão, diria que se sente realizada ou ainda falta muita coisa?
Eu me sinto muito realizada e feliz. Se eu morresse hoje, diria que eu já fiz tudo que eu poderia, no meu máximo. Eu estou muito radiante! Por isso, tudo que vem na minha vida, é lucro. Eu gosto, e o que surge é só para acrescentar. Estou muito feliz com o que eu tenho.
E como o seu filho Pedro tem reagido quando assiste a mãe dele na televisão? Ele já consegue compreender?
Ele tem dois anos e meio, é muito pequeninho. Antigamente em “Além do Tempo” (2015), ele reconhecia, mas achava um pouco estranho, não sabia muito. Agora, ele não gosta muito de ver. Confesso que quando passa uma propaganda, ele realmente olha, mas não entende e vira. Ele está numa fase em que parece ser a adolescência dos bebês, que começa com dois anos, que não é tão bebê, mas não tão criança. Ele está aprendendo a se expressar, e seus limites também. Ele também não curte, quando a mãe é chamada pra tirar uma foto, ou uma selfie. Eu já percebi isso, mas acho que é porque a criança quer ter atenção só pra ela, e até começar a entender que eu trabalho com televisão, e que as pessoas reconhecem, e querem fazer uma foto, vai demorar um pouquinho… Mas faz parte!
No que a maternidade te surpreendeu? Você é a mãe que gostaria de ser?
Eu achei que fosse ser uma mãe muito mais tranquila. E confesso que eu sou um pouco tensa e rigorosa em excesso com a rotina. Mas é como o meu marido diz que a disciplina liberta também. É muito bom! E é o que eu posso ser como mãe. Dou o meu melhor.
Durante as crises renais que você teve, chegou a ficar com muito medo?
Engraçado, porque essa é a segunda vez que eu tenho, e os médicos disseram que não é nada. Na verdade, a primeira vez que eu fui internada, eu tinha nove anos de idade. Eu era muito jovem. É insuficiência mesmo. Meu rim é um pouco menor, e não tem nada que eu possa fazer. Sou viciada em suco de tomate, e comentei com o doutor, mas ele disse que não tem nada a ver. Existem pessoas que são assim, que tem uma falta ali, ou em outro lugar, enfim. Eu faço exames, a cada seis meses, para ver como está, porque eu tenho cálculos e pedrinhas, que não tem como tirar com laser. Então é muito emocional. Se eu me emociono ou exagero, e o nosso trabalho, às vezes, principalmente quando o personagem é grande, e trabalhamos todos os dias, 16 horas, chegamos em casa e decoramos os textos pro dia seguinte… Então, você faz uma jornada, em que te sobram quatros horas para dormir, às vezes, em determinados picos da novela.
Mas você cuida da sua alimentação para evitar essas crises?
Eu evito sal, gordura, refrigerante, essas coisas básicas. Eu aguento essa jornada, porque eu gosto muito. Essas horas passam muito rápido, mas às vezes, é o corpo que grita. Neste caso, não é nem água, porque eu tomo muito, mas por exemplo, nessa última crise, que eu fui internada, o médico disse que água em excesso, também não é bom. Eu tenho o filtro um pouco delicado. Enfim, a música deixa mais leve, e o trabalho com o Denis (Carvalho, diretor) e toda a equipe, que foi com quem eu fiz minha primeira protagonista, quando eu tinha 20 e poucos anos (“Como uma Onda”, 2004) são muito preciosos, legais, engraçados, leves. Isso transborda no trabalho. Então aguentar 16 horas passa rápido, principalmente, quando você gosta do que faz.
Mas você consegue praticar alguma atividade física, como a yoga pra ajudar a controlar as emoções?
Eu não estou conseguindo um tempinho. Eu acabei de me mudar para outra casa, e tem a novela…
A novela tem como pano de fundo a música. Qual o seu cantor preferido?
Eu gosto de Led Zeppelin, mas não tenho como escolher um nome. Eu posso dizer que meu estilo de música é MPB e rock. Na novela eu não canto, mas no filme que eu fiz com o Wagner Moura (“O Homem do Futuro”, 2011), eu cantei, mas porque foi super necessário, e era uma brincadeira. Mas eu nunca tive que cantar. Confesso que eu prefiro atuar. Eu não tenho muita voz não.
Quais foram as mudanças físicas que você precisou fazer?
Não fizemos muitas modificações, não. Só clareamos um pouquinho as pontas dos cabelos. Mas em casa eu sou muito prática. Uso algumas ampolas, e faço hidratação. Não tenho muito tempo, ainda mais agora com filho pequeno. Eu só me ajeito quando tem lançamento de trabalho mesmo. Eu gosto de mudar. Quando você pega um personagem novo, é como se você mudasse o seu trabalho. Você acaba sugando um pouquinho também. Em relação às roupas, gosto muito do estilo dela, e me identifico muito com o guarda-roupa da Diana.
Como você descreveria a Diana?
A Diana é bem diferente de tudo o que já fiz, principalmente da minha última personagem (a Lívia de “Além do Tempo”, 2015). Ela é muito verdadeira, muito bonita. É engraçado como eu me emociono muitas vezes com ela. Se em algum momento se tornar uma vilã, vai ser muito humana. Estou aprendendo muito.
texto: Ester Jacopetti