Não é muito difícil se encantar pela beleza de Claudia Abreu. Apesar do ar de seriedade que a atriz passa, essa impressão fica apenas num primeiro momento. Mas nós também sabemos que perguntas corriqueiras, como cuidados com corpo, são um tanto chatas de serem respondidas. E apesar disso, sempre muito educada, e com um sorriso estampado no rosto, e com um visual deslumbrante, ela diz que a receita é simples. “Alegria de viver. É só isso”, enfatiza. Atualmente protagonista de “A Lei do Amor”, ela diz que tem muito desta personagem, principalmente a simplicidade e o amor pela natureza. “Ela é uma pessoa de alma simples. Eu também tenho esse lado. Quando não estou trabalhando, eu preciso ir pro mato, pra me reequilibrar. Eu gosto de ir pra cachoeira, abraçar árvore”, comentou a atriz em meio às risadas. Confira o bate papo que ela teve com a Revista Regional:
REVISTA REGIONAL: Essa não é a primeira vez que você corta os cabelos curtinhos para interpretar uma personagem. Mas é sempre uma novidade para você?
CLAUDIA ABREU: Eu não tenho nenhum problema em cortar os cabelos. E nós procuramos fazer um contraste com as outras duas últimas personagens (Chayene – ‘Cheias de Charme’, 2012 e Pamela – ‘Geração Brasil’, 2014) que eu havia feito, que eram peruas e exageradas. Queríamos fazer essa coisa mais limpa, mais simples. Sou despreocupada. Inclusive já cortei pra fazer Hamlet (1991). Mas a princípio não cortaríamos muito, mas fomos cortando, cortando, aloirando e terminou ficando assim. Mas usei cabelos curtos em “Anos Rebeldes” (1992), era um pouquinho diferente, mas era curtinho e loiro também. Rolou até uma coincidência, porque a personagem também se chamava Heloísa, mas na verdade, não é o mesmo nome, porque ela nunca é chamada de Heloísa, e sim de Helô. Costumo dizer que a partir do momento em que você já fez vários personagens, não tem muito como fugir. Se fizer um cabelo assim, vai sempre lembrar algum outro.
Após viver personagens diferentes, como você mesma pontuou, em “A Lei do Amor” você volta com uma mocinha. O que ela tem de diferente das convencionais?
Ela é uma mulher intensa, mas muito leve também. Não é o tipo que carrega o peso nas costas. A Helô não é só uma heroína dramática, ela tem a dramaticidade, mas somente quando necessário. Ela é uma pessoa solar. Eu faço questão que ela seja assim. Que apesar dos sofrimentos na primeira fase, porque ela tem muitas perdas, ela fica calejada pela vida, mas sobrevive, porque gosta de viver. E o reencontro com Pedro reascende um sentimento genuíno. É como se o tempo não tivesse passado para eles.
Apesar da vida tranquila que o Pedro (Reynaldo Gianecchini) leva, em algum momento ele irá se envolver com a política? Você também seguirá esse caminho?
Menina, você está sabendo mais do que eu. Não sei disso não. Não gravei nada disso ainda. Não sei de nada!
Você comentou que a personagem é solar, mas qual seria a grande missão da Helô? É o amor?
É manter-se fiel ao que ela sempre foi, que é uma pessoa muito simples, que cresceu em meio a natureza, ajudando a sua família, com uma mãe doente, e o um pai alcoólatra. Ela se apaixonou por um homem (Pedro) muito mais rico do que ela, e mesmo assim, eles tinham uma conexão muito simples, verdadeira, mas foram separados. Apesar dela ter se casado com o Tião por necessidade, por estar muito sozinha e tudo mais, ela manteve aquele amor pelo Pedro, e depois que ela descobre o que realmente aconteceu é muito mais fácil voltar a esse passado, porque ficou durante muito tempo imaculado. O que aconteceu na verdade foi um fator externo.
Atualmente, o público tem sido muito crítico em relação ao que se passa nas novelas. O que você acha que “A Lei do Amor” tem para cativar o telespectador?
A novela é clássica, na qual nós crescemos assistindo. Ela possui todos os ingredientes necessários. Talvez isso agrade ao público. A história acontece através de um rompimento, mas é como se uma ponta tivesse sido cortada, mas retomada lá na frente. O amor entre eles não acabou. O que aconteceu foi uma trama diabólica, e eles caíram nessa armadilha, se magoaram e não esclareceram. Só depois de 20 anos é que vão descobrir a verdade. Ou seja, eles podem retomar de onde pararam. Afinal de contas, nenhum dos dois encontrou de fato o amor verdadeiro, apesar de ela ser casada.
Em relação a Helô que tem muita ligação com a natureza, você também é assim?
Sim, ela é uma pessoa de alma simples. Eu também tenho esse lado. Quando não estou trabalhando, eu preciso ir pro mato, pra me reequilibrar. Eu gosto de ir pra cachoeira, abraçar árvore (risos) essas coisas.
O figurino dela é incrível. O que você tem achado?
Sim, porque ela é muito solar! Ela tem a dramaticidade quando necessário, mas não é algo pesado, de heroína sofredora. Quando eu conversei com o Vincent (Villares, autor da novela) pela primeira vez, ele falou que a Helô é uma pessoa despojada. Ela não tem nada de perua de São Paulo chique, nada disso. Então, eu e a Gogo (Gogoia Sampaio, figurinista) pensamos exatamente em fugir das peruas anteriores, dessas últimas personagens que eram muito excessivas de visual. Começamos pelo cabelo, que deveria ser mais curto, mas não era para ser tão mais curto. Eu até pensei num cabelo um pouco mais jogadinho, mas a Gogo comentou que poderia ficar igual ao personagem de “Belíssima” (2005). Até pensamos num tom castanho, mas fomos clareando até chegar nessa cor.
Sua última participação em novela foi em “Geração Brasil”, em 2014. Após esses dois anos longe da televisão, o que te fez aceitar esse convite?
Na verdade, nós faríamos essa novela em 2015, mas ela foi adiada. Eu acho bacana variar os papéis, e como eu vinha da Chayene (‘Cheias de Charme’) que foi uma oportunidade bem diferente, ao oposto de tudo que eu já havia feito. E até mesmo a Pamela (‘Geração Brasil’) que também era cômica, mas diferente da Chayene, da composição e tudo mais. Eu achei bom voltar com uma personagem exatamente como a Helô, que tivesse a simplicidade como ponto central. Por isso, nós queríamos fazê-la bem despojada. Ela é uma mulher de essência simples. Começa assim e se mantém, mesmo após ter ficado rica. Ela tem valores e características fundamentais para um ser humano, sobre amor, transparência, para saber quem é a pessoa. A Helô é assim, sincera, não tem subterfúgios, e se precisar dizer o que tem quer ser dito, seja para o marido, filho, ela diz. Foi bom essa personagem vir agora, em contraste com o que eu tenho feito. E na verdade, eu nunca trabalhei com a Maria Adelaide (Amaral, autora da novela), mas sempre gostei das minisséries dela. Sempre me chamaram muito a atenção. É convidativo. É muito instigante. Ao mesmo tempo, repito a parceria com a Denise (Saraceni, diretora) que é antiga. É sempre muito sedutor. Ela é uma pessoa que se fizesse qualquer convite, eu não pensaria duas vezes.
texto: Ester Jacopetti
foto: Ramón Vasconcelos/TV Globo