O bailarino saltense Leony Boni dança há mais de 15 anos, mas há um mês passou a integrar a Cia de Dança Deborah Colker, umas das mais renomadas companhias de dança do Brasil. Leony começou a dançar aos dez anos de idade e conta que quando criança adorava aulas de street dance. Aos 13, conheceu o ballet clássico e esse foi o primeiro passo para fazer da dança a sua vida. “No Conservatório Municipal ‘Maestro Henrique Castellari’, onde Arilton Assunção fazia seu Curso de Férias com a Faces Ocultas [Cia de Dança], nos conhecemos e conversamos sobre dança pela primeira vez”, conta Leony, que fez aulas de ballet contemporâneo e se apresentou nas apresentações no final do curso. “Depois disso, não parei mais de dançar. Fui associando estudos, trabalhos e arte juntos. Estava aprimorando minha técnica em uma companhia de dança. Tinha pouca experiência, mas muita força de vontade”, ressalta. O bailarino ensaiava em todo horário que lhe sobrava e isso fez com que ele crescesse muito. “O Arilton Assunção, meu mestre, fundador da Faces Ocultas, me deu todo apoio e incentivo que precisei. A Faces Ocultas é meu piso, minha base e minha escola”, afirma Leony. Há cinco anos, o bailarino deixou a cia de dança saltense e mudou-se para São Paulo, onde teve a oportunidade de dançar em alguns lugares, procurando se adaptar à capital paulista e aos vários estilos de dança que apareceram em seu caminho. “Fui do clássico ao jazz até os 22 anos e até entrar na São Paulo Companhia de Dança, onde dancei obras de diferentes coreógrafos renomados da dança internacional e no Brasil”, conta. Pouco tempo depois, a vontade de buscar novos desafios fez com que Leony se desligasse da São Paulo Cia de Dança e no mês passado passou a integrar a equipe da Deborah Colker Cia de Dança. Ela é famosa por grandes espetáculos como “Mix” (1995), “Casa” (1999), “Nó” (2005), “Tatyana” (2011), o mais recente “Belle” (2014), a coreografia da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos deste ano e muitos outros. Deborah também foi a primeira mulher a dirigir um show do Cirque du Soleil, “Ovo”, em 2009. “Comecei uma rotina totalmente diferente, uma alimentação diferente, um estilo de vida e de arte diferente. A carga horária vai de 10h às 18h, com ensaios a todo vapor. Trabalhar com Deborah Colker é fantástico. Ela respira arte e faz você se inspirar com ela. Ela te envolve nos trabalhos coreográficos. Ela tem uma energia invejável e sempre está ali pra tirar o que você tem de melhor”, revela o bailarino.
NOVO ESPETÁCULO
Morando no Rio de Janeiro e com essa rotina de oito horas de ensaios por dia, Leony e a equipe estão se preparando para um novo espetáculo, o “Cão Sem Plumas”, inspirado num poema de João Cabral de Melo Neto. “Ele retrata a degradação de um dos rios mais importantes da cidade de Recife, o rio Capibaribe, trabalhando com a questão social e as questões relacionadas à natureza humana. Falando sobre o homem ribeirinho e a relação entre o homem e o rio, a lama, o caranguejo, o encontro do rio com o mar. Um trabalho intenso e novo para mim e também para companhia”, explica. Para o bailarino, dançar é tudo, da profissão ao lazer. “Sempre tive histórias lindas com a minha dança. Conheci lugares fantásticos e pessoas incríveis que jamais conheceria se não fosse isso. Esse caminho da arte é difícil, é preciso além de muita dedicação, saber que perfeição não existe. Existe o ‘mais e mais’ e nunca desistir”, finaliza o bailarino orgulhoso.
foto: Willian Aguiar/Divulgação