Muitos conhecem Ana Hickmann, mas poucos sabem que ela nasceu em Santa Cruz do Sul, Interior do Rio Grande Sul, e que hoje mantém residência num condomínio de Itu. Mais velha de cinco irmãos e filha de agricultores, parece que a apresentadora e empresária aprendeu cedo o que é responsabilidade. Foi ela quem ajudou a cuidar dos irmãos quando sua mãe se separou de seu pai, que na época tinha que trabalhar para sustentar os filhos. Aos 15 anos, saiu de casa para seguir a carreira de modelo, se destacando por sua beleza. “Boa parte de tudo que eu tenho, eu devo à moda”, revela. Depois de desfilar em nome de várias marcas importantes, a oportunidade de trabalhar na televisão surgiu em 2004. A proposta era apresentar um quadro (Estilo Hickmann) no programa “Tudo a Ver”, do jornalista Paulo Henrique Amorim na Record. E assim, Ana foi pegando gosto pela telinha. Em agosto de 2005, foi convidada para participar do “Hoje em Dia”, o qual apresenta até hoje. “Na minha vida, as coisas aconteceram uma de cada vez. Eu gosto de me sentir segura em tudo que eu faço, justamente para evitar erros. Errar todo mundo pode, claro, mas eu quero ser mais assertiva. Essa foi uma das coisas que eu aprendi com os anos de experiência” comenta. Com 25 anos de passarela, Ana ficou longe por dez anos dos desfiles, mas recentemente abriu uma exceção e encarou o “Angola Fashion Week”. “Eu não pensei que fosse ficar tão emocionada. Só me dei conta do tempo que eu não desfilava, quando o meu editor perguntou. No dia do desfile, quando eu fiz a prova de roupa, começou a dar um pouco de nervoso, como se fosse a primeira vez que eu estivesse desfilando. No dia mesmo, foi bastante emocionante. Juro que tive que segurar pra não chorar quando entrei. Juro, juro”, conta emocionada e com brilho nos olhos. Pensando no futuro, o lado empresário está cada vez mais aflorado. Aliás, My Secret Garden é o tema de sua primeira coleção de moda. “Tudo que eu fiz nesses 14 anos trabalhando com licenciamento e com moda foi inspirado na minha vida, no que estava acontecendo naquele momento comigo. Num domingo em casa, o Ale (Alexandre Correa, marido de Ana) comentou que eu nunca havia mostrado o meu orquidário, que eu cuido há nove anos. Queria mostrar um pouco desse mundo, que eu nunca deixei ninguém entrar”, declara. Corajosa e de bem com a vida, Ana não se deixou abater pelo o que aconteceu recentemente, quando um fã a ameaçou, e disse que não mudará em nada em sua rotina, e ainda comentou sobre como tem sido receber o carinho do público. “É justamente isso que me move, que me ajuda no meu trabalho, na televisão, em tudo o que eu faço”, contou, ressaltando que tem recebido muitos abraços, de diversas formas. “Fisicamente, por mensagens ou bilhetinhos, no snapchat. As pessoas têm sido tão carinhosas”, completa. A partir de agora, você conhecerá um pouco mais sobre essa mulher que quer sempre mais, mas acima de tudo, estar com a família e ser feliz! Confira a seguir a entrevista especial que ela concedeu à Revista Regional.
REVISTA REGIONAL: Você acabou de voltar de viagem e desfilou pela “Angola Fashion Week”. Como foi voltar às passarelas após uma lacuna de dez anos?
ANA HICKMANN: Menina, foi incrível! Eu não pensei que fosse ficar tão emocionada, de verdade, porque quando veio o convite pra participar do Angola Fashion Week, foi uma parceria entre a Record e o evento. Eu aceitei porque achei que fosse como convidada da televisão. Mas daí eles falaram que gostariam que eu desfilasse também. Pensei: “não faço isso há tanto tempo”… Mas eles pediram, e eu terminei aceitando. Só me dei conta do tempo que eu não desfilava quando o meu editor perguntou. Foi quando parei pra fazer as contas. Gente, são quase dez anos, é um chão, uma vida que já se passou. No dia do desfile, quando eu fiz a prova de roupa com a Mariangela, que é a dona da Fio Negro, uma marca angolana muito bacana, começou a dar um pouco de nervoso, como se fosse a primeira vez que eu estivesse desfilando. No dia mesmo, foi bastante emocionante. Juro que tive que segurar pra não chorar quando entrei. Juro, juro! Fiquei muito emocionada por voltar para um tempo que já passou, que foi difícil, mas muito bom pra mim. Foi a minha escola! Tudo o que eu trago hoje para a televisão, para o meu trabalho, com licenciamento, e a minha coleção, foi a moda que me deu. Foi meu trabalho como modelo, porque comecei com os meus 15 anos. Estou com 35… Já são 20 anos.
Então podemos dizer que a sua relação com a moda é intensa?
A minha vida começou como modelo. Boa parte de tudo que eu tenho eu devo à moda. Eu tenho um respeito muito grande pelas pessoas que sempre trabalharam comigo, com quem continua trabalhando, e com as pessoas que vão aparecendo na minha vida. É um mercado que deve ser respeitado, cultivado e visto com bons olhos. É um trabalho que eu admiro muito.
Você é uma mulher de fibra que sempre conquistou tudo com muito trabalho e dedicação. Ao que você atribui o sucesso que você é hoje?
Na minha vida, as coisas aconteceram, uma de cada vez. Eu gosto de me sentir segura em tudo que eu faço, justamente para evitar erros. Errar todo mundo pode, claro, mas eu quero ser mais assertiva. Essa foi uma das coisas que eu aprendi com os anos de experiência”
Aproveitando o gancho, nos falamos quando você estava abrindo sua primeira loja física na Vila Romana (na capital), com os produtos licenciados, e agora lança sua própria coleção de moda. Como surgiu essa ideia?
Foi quando eu comecei a acreditar que aconteceria de verdade. Quando iniciamos esse trabalho na Vila Romana, em frente ao escritório, era um pequeno projeto dos meus produtos licenciados. Meu cunhado (Gustavo Correa) e meu marido (Alexandre Correa) me convenceram a fazer a loja, mas fiquei na dúvida. Fizemos e deu muito certo. Quando percebi mulheres vindo de diversas localidades, não só do Estado de São Paulo, mas de outros, querendo comprar as minhas coisas, percebi que tinha algo a mais que eu poderia fazer. E também as respostas de muitas delas, quando eu vi que estavam felizes com pequenos comentários, que me fizeram parar pra pensar, como por exemplo, “eu pensei que nunca fosse encontrar uma calça, uma blusa, numa loja como a sua, mas encontrei”. Ou, “eu jamais imaginei que poderia comprar uma coisa na sua loja, mas eu posso”. Foram pequenos detalhes que me fizeram perceber que eu tinha realmente um outro desafio, uma missão, que era fazer a mulher feliz. Eu entendo a mulher brasileira, porque sou uma pessoa desproporcional. Eu trabalho para elas, quero vê-las felizes. Todo o meu projeto é pensando nas mulheres de todos os tamanhos e manequins. Foi então que surgiu esse projeto no começo desse ano. E eu não quero perder o foco que é trabalhar com moda, beleza e bem-estar. Unindo essas três coisas, eu tenho o leque completo.
Como foi a criação dessas peças? Percebi que existem modelos variados, desde social para casamentos, aniversários até peças para um fim de semana com os amigos no sítio ou na praia. São inúmeros estilos…
Transitam 240 referências. Eu digo que tentei projetar nessa coleção o guarda-roupa completo da mulher, de segunda-feira a domingo, pensando em todas as situações. Pensando no momento de trabalho, na família, no lazer e na festa. Eu ainda não tenho grandes vestido de black-tie, mas comecei a preparar algumas coisas, como o macacão. A coleção não está cem por cento aqui, mas nós temos a exposição completa no showroom. Fizemos uma coleção pensando em situações mais chiques, mais elaboradas, em que a mulher tem e que às vezes não dá pra pensar muito. Ela quer estar bem vestida, mas quer esconder alguma coisa do corpo. Por isso, a minha busca por materiais e tecidos que ajudem muito neste sentido foi bastante grande. É tentando compor o guarda-roupa dela para todas as situações. Eu, por exemplo, tenho sérios problemas por causa da minha altura. Sou totalmente fora dos padrões.
Onde o público poderá encontrar essas peças?
Hoje, nós temos no Brasil uma frente com seis showroons, que fazem um trabalho maravilhoso com multimarcas nas grandes boutiques das principais capitais. Pretendemos trabalhar no Interior também. A minha ideia é que até o próximo ano, tenhamos dez showroons. Quando comecei esse projeto autoral, percebi que tinha que buscar espaços para chegar muito mais além. Então, começamos com as franquias. Até o final desse ano, pretendo abrir mais cinco lojas e até o final do ano que vem, ter entre 15 e 16 lojas. Estou trabalhando bastante. São muitas noites sem dormir, mas que estão valendo muito a pena.
O título dessa coleção chama-se “My Secret Garden”. Como surgiu a ideia?
Tudo que eu fiz nesses 14 trabalhando com licenciamento e com moda foi inspirado na minha vida, no que estava acontecendo naquele momento comigo. Quando dei início a esse trabalho, pensei que gostaria de ter algo que tivesse muito a ver comigo, e que as pessoas ainda não conheciam. Num domingo em casa, o Ale comentou que eu nunca havia mostrado uma parte da casa pra ninguém, que é o meu orquidário, que eu já cuido há nove anos. Ele tem 110 metros quadrados, com mais de 800 orquídeas, que eu espalho pela casa, na minha loja… Toda orquídea que você vê, se não é minha, é porque estamos trazendo para a coleção. Queria mostrar um pouco desse mundo, que eu nunca deixei ninguém entrar. Por isso, “My Secret Garden”. Meu jardim é algo que eu sempre gostei muito. É o meu grande hobby. Se eu não trabalhasse com moda, trabalharia com plantas, com certeza!
Linda e com o corpo em dia, manter a forma parece não ser um problema pra você, não é mesmo?!
Eu tenho um ritmo de trabalho, me cuido, tenho uma alimentação saudável e correta, só isso ajuda bastante. Passo com uma endocrinologista e nutricionista pra poder deixar tudo certinho. Faço atividades físicas, mas é claro que o tempo que eu tenho livre, a prioridade é a minha família. Eu consigo malhar, quando o Alexandre (filho) está dormindo. De final de semana, se ele está dormindo, eu saio pra academia. Ele caiu na sonequinha durante a semana? Eu corro pra fazer pelo menos meia hora de esteira. É assim que eu vou me acertando. Mas é claro que sacrifícios nós sempre fazemos, mas corremos atrás. Se nós soubéssemos que aos 20 poucos anos de idade, tivéssemos nos cuidado, hoje seria muito mais fácil. Com certeza seria muito mais tranquilo, mas não é. Nós sabemos que o tempo, o efeito gravidade, a pele e a musculatura já não são mais as mesmas. Daí o pessoal em casa diz, mas ela só tem 35 anos. Tudo bem, mas o nosso corpo não é mais o mesmo, quando tínhamos 25. Apesar de que hoje eu me sinto muito mais bonita do que antes.
O seu filhinho Alexandre está crescendo rápido e está cada vez mais lindo. Desde que ele chegou, o que a maternidade mudou na sua vida?
Mudou tudo! A maternidade transformou a minha vida. Primeiro porque eu tenho uma pessoa que é totalmente dependente de mim. A educação dela é minha responsabilidade. Se eu errar, a culpa é minha, e de mais ninguém. Depois tem várias outras coisas. Então, quer dizer, é o tempo que muda, a cabeça que se transforma, porque nós acabamos vendo coisas de um outro jeito. Eu costumo dizer que a maternidade faz você ver as coisas boas da vida.
É verdade que você está planejando ter um segundo filho?
Sim, está nos planos, mas é como eu costumo dizer sobre projetos de vida, que não é para agora. Eu quero dar um tempinho. Eu e o Alexandre temos que curtir o primeiro filho. Por enquanto, o segundo filho não vai chegar, porque nós não queremos, mas a partir de um determinado momento da vida, vamos deixar o barco correr. Mas, por enquanto, não. Diminuir o ritmo de trabalho é difícil, você me entende, porque gosta do que faz, e é difícil parar de fazer. Mas uma coisa que nós aprendemos é administrar o nosso tempo. Dá sim para fazer tudo que nós queremos, que gostamos, basta se organizar. Posso te dizer uma coisa, fiquei grávida na hora que eu quis. Foi planejado, como tudo que aconteceu na minha vida. Fui muito feliz. Lógico que sofri um pouquinho com os hormônios, porque fazer fertilização tem que estimular a ovulação, então tem o excesso, que aconteceu durante a gravidez. Deu certo já de primeira, ainda bem. Eu curti muito, fui uma grávida feliz.
Sobre o atentado que você sofreu recentemente, mudou alguma coisa na sua vida?
Hoje eu presto mais atenção nas coisas que o Ale (marido) me falava antes. Os cuidados que ele queria que eu tivesse. No restante, é como eu disse, não mudei em nada, e vai continuar do mesmo jeito. O meu relacionamento com a galera continuará com o mesmo carinho, porque é justamente isso que me move, que me ajuda no meu trabalho, na televisão, em tudo que eu faço. Antes de acontecer essa situação, muitas pessoas pediam pra fazer selfie quando me encontravam, agora, depois de tudo que aconteceu, a primeira vez que eu saí na rua, elas pediram um abraço. É tão bom isso. É tão caloroso, e eu recebo muita energia. Recebo de todas as formas, fisicamente, por mensagens ou bilhetinhos, no snapchat também. As pessoas têm sido tão carinhosas, e solidárias comigo. São essas pessoas que me ajudam a levantar a cabeça, no meu trabalho, no meu programa, no dia a dia. Estamos trabalhando muito, graças a Deus, indo super bem com o programa.
texto: Ester Jacopetti
fotos: Divulgação/Assessoria Ana Hickmann