Cantora ganha fãs de A a Z, muda o estilo e vira fenômeno pop
Tudo o que ela faz ou diz vira notícia. A mais recente foi o preenchimento labial que deu no que falar. Mas, como sempre, Anitta levou tudo com bom humor. “Sou uma pessoa que assume o que faz. É besteira ficar mentindo. Não gosto, não sei e não deixaria de fazer o que tenho vontade só porque fulano ou beltrano irá comentar ou pensar X ou Y”, responde firmemente. Dessa vez, com novo projeto, ela divide seu tempo entre o palco e a televisão, onde também demonstra seu talento como apresentadora no “Música Boa ao Vivo”, no Multishow, e explica que a ideia de participar deste programa é acabar com o preconceito musical. “Quero quebrar barreiras, de idade, ritmo, estereótipos de que se uma pessoa é nova, não entende de música antiga. Se ela canta funk, não entende de MPB. Se é bonita não pode ser afinada. Se fez plástica, não tem talento pra apresentar. Eu quero quebrar esses preconceitos que ainda existem no Brasil”, diz. Cheia de atitude e personalidade, a cantora encara o desafio de improvisar, mas diz que não pretende mudar o seu jeito de ser, só para agradar as pessoas. “Vou continuar sendo quem eu sou. Acredito que até agora tenha dado certo, por isso a emissora me convidou. Não faz nenhum sentido mudar. As pessoas estão abertas a interpretações. Quanto mais eu tentar mudar para agradar X ou Y, vou desagradar o Z, que já gosta de mim do jeito que eu sou. Então, vou continuar sendo eu mesma, por mais que as pessoas comentem, se elas pararem é porque estão desinteressadas, e o interesse é uma coisa boa. Por mais que me custe uma fofoquinha ou outra, a verdade é sempre a melhor opção. O público tem que se acostumar a ouvir a verdade”, desabafa. Nesta entrevista, ela ainda fala sobre sua nova turnê “Bang Tour”, além das parcerias pra lá de especiais, e a importância, não só da música em sua vida, mas de ser honesta com o seu público.
REVISTA REGIONAL: Recentemente saíram algumas notícias sobre um procedimento estético que você havia feito nos lábios e que teria se arrependido e queria reverter a situação. É verdade?
ANITTA: Não! Sou uma pessoa que assume o que faz. É besteira ficar mentindo. Não gosto, não sei e não deixaria de fazer o que tenho vontade, só porque fulano ou beltrano irá comentar ou pensar X ou Y. O que considero importante é o respeito com a vida do próximo. Gosto de ser verdadeira, primeiro porque não sei mentir, e não quero enganar ninguém. Quando eu era público, sempre me perguntava porque não era igual a fulana, que é tão maravilhosa. Se eu fiz uma dieta e sequei, e a pessoa está querendo ter o meu corpo, não vou dizer que eu não fiz nada. Tem gente que faz isso. Eu não conseguiria mentir, porque o meu fã ficará dentro de casa, se perguntando porque a Anitta tem esse corpo, se ela não faz nada. Não! Eu fiz um monte de coisas, se você fizer também ficará. Gosto de ser verdadeira para as pessoas entenderem que não caiu do céu ou são sortudas. A vida é de verdade e acontece. Gosto de ser sincera e sempre serei. Por mais que me custe uma fofoquinha ou outra, a verdade é sempre a melhor opção. O público tem que se acostumar a ouvir a verdade.
Passado o tempo, como você lida com essa situação? Esse assunto ainda te deixa desconfortável?
Quando as pessoas estão comentando, bem ou mal, é porque elas têm interesse em você. Se elas estão prestando atenção é bom, porque é sinal de que você é uma pessoa interessante. Se você fosse uma pessoa irrelevante, ninguém estaria procurando saber sobre a sua vida. É a resposta de que o meu trabalho está indo muito bem, e que as pessoas estão interessadas em saber da minha boca, imagina do resto…
Com trabalhos a todo vapor, você também lançou a turnê “Bang Tour”. Poderia falar um pouco sobre este novo projeto? Você também terá algumas participações especiais?
Esse disco apresenta uma nova Anitta, com uma nova linguagem e para todas as idades. É uma virada de página na minha carreira. Queria mostrar o poder de um acerto no alvo. Por isso, escolhi fazer um álbum múltiplo, com músicas bem diferentes entre si. O lançamento tem uma direção criativa. Neste disco quero ousar, oferecendo ao público um conteúdo inédito e irreverente. Eu conversei com o Giovanni (Bianco, famoso por assinar as capas dos CDs de Madonna) e disse tudo o que precisava ter nesse trabalho e a mensagem que eu gostaria de transmitir. O próprio nome ‘Bang’ foi uma sugestão dele, quando eu falei que queria passar a ideia de um tiro certeiro, uma tacada incrível. E eu achei perfeito. Eu já tenho um show com o Nego do Borel e, além de querer ter um ‘funkão’ no disco, quis levar essa parceria para além dos palcos. Foi um caso parecido com o do Cone Crew, já que também temos um show juntos e eu amo rap! Por outro lado, eu nunca trabalhei com o Dubeat, mas conheci o trabalho dele, adorei, e resolvi chamar. Sempre converso com o Jhama sobre composições. Ele me presenteou com duas músicas que eu amei, ‘Essa mina é louca’, que gravamos juntos, e ‘Cravo e Canela’. Essa segunda achei a cara do Vitin, do Onze:20 e por isso o convidei para cantar a música comigo. Sou fã do trabalho dele.
No Multishow você estreou como apresentadora do programa “Música Boa ao Vivo”, que fica até outubro. O que os fãs podem esperar dessa Anitta multifacetada?
Estou muito feliz e também ansiosa! Teremos mais surpresas nesta temporada, criamos quadros e edições temáticas, queremos trazer coisas diferentes, abrir espaço para novos artistas e também ter mais interação com o público de casa. Eu sempre quis ser apresentadora, desde pequena sonhava com isso. Fiquei muito feliz com o convite do Multishow. É um sonho realizado. É muito especial fazer o programa acontecer e o mais legal é interagir com todos os convidados.
Existem muitos apresentadores que estão na estrada há anos, mas os programas ainda são gravados. De alguma forma, essa situação te deixou nervosa, por ser ao vivo?
Eu já apresentei o TVZ ao vivo, e nós só marcamos a minha posição um dia antes. No dia seguinte, cheguei 40 minutos antes e levamos o programa de maneira bem natural. Eles nunca tinham me visto, mas foram bem confiantes (risos). Não havia participantes, era só eu e o público. Fiquei mais de duas horas no ar e foi bem tranquilo. No ao vivo deu tudo certo, foi incrível. Me deixaram livre pra eu fazer da forma que eu acreditasse. Aqui, converso sempre com as pessoas que escolhem o repertório e decidimos juntos. Na hora falamos o que vai acontecer, por isso, não precisamos de muitos ensaios. Eu faço show todos os dias ao vivo. Estou muito acostumada.
Já percebemos que você funciona super bem no improviso, mas ao mesmo tempo, qualquer palavra errada que você fale gera certa polêmica. Você pretende se policiar ou será natural?
Vou continuar sendo quem eu sou. Acredito que até agora tenha dado certo, por isso a emissora me convidou. Não faz nenhum sentido mudar. As pessoas estão abertas a interpretações. Quanto mais eu tentar mudar para agradar X ou Y, vou desagradar o Z, que já gosta de mim do jeito que eu sou. Então, vou continuar sendo eu mesma, por mais que as pessoas comentem, se elas pararem é porque estão desinteressadas e o interesse é uma coisa boa.
Você é uma cantora que começou com o funk, mas hoje conversa com vários ritmos. De que maneira você pretende imprimir a sua personalidade no programa?
Vai depender do tipo de artista que nós teremos no programa, porque se for uma mistura, por exemplo, de pessoas irreverentes e pra cima, conseguiremos criar um repertório que tenha a cara deles. Se for com pessoas mais sérias, mais velhas, que conversem com este tipo de público, tudo bem, porque vamos mudando o discurso e a forma que nós conduzimos a situação. É basicamente o que eu costumo fazer em cada programa, seja para o público infantil, de mães, jovens ou gays. Mudamos o discurso e não a entonação. As parcerias são bem inusitadas por misturarem pessoas que nunca imaginariam que fossem cantar juntas.
Alguns nomes como Jorge & Mateus e Sorriso Maroto fizeram parte da estreia do programa. Você tem liberdade de convidar artistas?
Até dei uma antecipada, nem sabia se podia, mas fizeram uma fofoca entre mim e a Ludmila. Quero dizer que ela esteve no meu programa. Com certeza vamos convidar pessoas que tenham a ver com o “Música Boa ao Vivo” e com o público. Não basta eu dizer quem eu gostaria de levar. Tem uma galera que entende sobre audiência. Eu tenho algumas ideias, mas são eles que irão dizer sim ou não. Nós daremos oportunidade pra galera desconhecida se apresentar também. Teremos muito trabalho e cada apresentação será única e diferente. Será um programa que a minha mãe e minha irmã irão amar.
O nome do programa é bem sugestivo, por isso, ter pergunto, o que você considera uma boa música?
Música boa é a que faz você querer ouvir novamente. É feita com carinho, que te faz querer aumentar o som, seja num momento em que você está bem ou mal. Música boa é bem-feita!
Mesmo com a turnê você conseguiu encaixar o programa na sua agenda. Esse já era um projeto planejado? A emissora já havia feito convite anteriormente?
Rolou dessa vez, mas eu já disse sim na mesma hora, não pensei nem por três segundos. O que me fez aceitar, é porque eu amo o programa, quero mostrar para o público que é possível cantar vários ritmos ao mesmo tempo. Quero quebrar barreiras, de idade, ritmo, estereótipos de que se uma pessoa é nova, não entende de música antiga. Se ela canta funk, não entende de MPB. Se é bonita não pode ser afinada. Se fez plástica, não tem talento pra apresentar. Eu quero quebrar esses preconceitos que ainda existem no Brasil. Sobre a agenda de shows, o que eu fiz foi concentrar nos dias em que eu não tenho programa, que acontecem nas segundas e terças. Minha agenda não é só de shows, porque eu tenho campanhas publicitárias, vídeo clipe, CD, estúdio… A quarta-feira eu deixei reservado para o pessoal de publicidade. Quinta, assessoria de imprensa, e na sexta-feira, deixei aberto para algo que apareça, mas também faço shows à noite, inclusive sábado e domingo. Minha agenda sempre foi muito corrida, gosto desse esquema. A única coisa que nós ficamos meio assim é quando surge convite internacional, mas nós estamos nos ajeitando.
Seu desempenho como apresentadora tem sido excelente. Se pintar o convite para participar da segunda temporada do programa, você pretende aceitar?
Se depender de mim, se Deus quiser, nós vamos continuar. Estou muito feliz. Eu até perguntei quantas temporadas eram essa edição. O programa acontece no Rio de Janeiro, e pra mim está sendo incrível, porque pelo menos eu consigo ficar duas vezes na semana em casa. Havia dias que eu nem via a minha casa. Moro com a minha família, e a vida deles continua bombando. É bom estar em casa.
No Brasil, existem muitos programas e você já comentou que quando era criança brincava de ser apresentadora. Dentro deste universo, você se inspirou em alguém?
Quando eu era criança, sempre assistia e reproduzia um programa na minha casa. Meus convidados eram bichinhos de pelúcia. Eu tinha meu microfone e, às vezes, até os meus familiares participavam da brincadeira. Todo mundo tinha que fingir e os meus primos eram obrigados a cantar. Se você conversar com a minha mãe, ela irá contar tudo que eu fazia quando eu era menor. Uma loucura! Sempre fui muito fã de televisão porque sempre quis trabalhar nela. Ela fez parte da minha infância e adolescência. Talvez, por isso, eu consiga fazer de forma tranquila, não fico nervosa e nem me sinto pressionada. Aliás, eu fui descoberta dessa maneira. Coloquei um vídeo no youtube em que eu apresentava. Peguei a minha câmera de vídeo e fiz um programa falso. Eu era cantora, apresentadora e dançarina. Um produtor viu o vídeo e me convidou para cantar. Uma loucura! Claro que eu fiz o favor de apagar este vídeo, pelo menos na minha memória não tem mais (risos). Espero que ninguém tenha acesso, porque você imagina que as pessoas falam qualquer coisa. Se eu errar uma preposição, uma conjugação verbal, é capa de jornal, imagina se esse vídeo reaparece? Acabou!
Em algum momento você ficou preocupada em ter que dar audiência no programa?
Se existe alguma cobrança, eu não estou sabendo, mas sou muito crítica e exigente comigo. Sou assim nos meus clipes, lançamentos, então imagina num programa. Eu fico em cima, querendo que aconteça. Sou bem chata com as minhas coisas. Quero que todo mundo tenha bons resultados. Sou assim quando estou trabalhando. No programa não será diferente, mas não por conta do canal, e sim porque sou exigente.
texto: Ester Jacopetti
foto: Juliana Coutinho/Multishow