O artista plástico ituano Fábio Marqui foi pupilo da artista plástica Maria Célia Bombana, em quem inspirou parte de sua trajetória profissional
Fábio Marqui é ituano, mas hoje vive em Paraty-RJ. Sua história com as artes plásticas começou na infância, gostava de desenhar e pintar como toda criança, mas não sabia o que futuro lhe reservava. Na adolescência tinha um grande interesse pela pintura e conseguiu um trabalho com a saudosa Maria Célia Bombana, artista plástica ituana falecida em 2015. “Eu conheci a Célia através do meu tio. Na época, ela já tinha ateliê e fui ser mais um funcionário dela. Eu tinha uns 16, 17 anos e ela me deu essa oportunidade. Ao mesmo tempo em que trabalhava, eu aprendia muita coisa com ela”, conta Fábio.
Pouco tempo depois ele foi cursar Artes Plásticas na Panamericana, em São Paulo, e explica que mesmo tendo aprendido as técnicas de azulejaria com a Célia, foi a tela que acabou lhe despertando o interesse. “A Célia trabalhava com muita encomenda de painel de azulejo e a gente trabalhava ajudando a executar esses painéis. Eu fui pra São Paulo depois, tentei arquitetura, não deu certo, mudei pra artes plásticas e deu super certo. Eu me formei e fui para Paraty, mas nunca perdi o contato com ela”, ressalta o artista.
A ida para Paraty foi por acaso. Numa viagem a passeio, Fábio se identificou com o local e acabou se mudando para lá para montar seu ateliê. Seu trabalho retrata o hoje, em cenas corriqueiras como um casal sentado num banco de praça, um menino andando de skate e até mesmo o retrato da zona rural. No ano passado, expos suas telas no Plaza Shopping Itu, iniciando uma série sobre a cidade. “Eu acabei me afastando profissionalmente de Itu, mas o Edgar [Silveira, gerente de Marketing do Plaza Shopping Itu], pessoa maravilhosa, cedeu um espaço para expor e a partir desse contato com ele, comecei essa série de Itu. Uma homenagem com uma visão contemporânea da cidade”, acrescenta Fábio, explicando que sua técnica até lembra um pouco a de Célia.
Apesar de ser conhecida por sua produção em azulejo, Célia também pintava telas e em alguns casos, teve obras premiadas internacionalmente. Fábio conta que chegou a comprar um forno de queima para azulejo, executou alguns painéis, mas a pintura em tela foi o que lhe amarrou. “Eu não gostava tanto de pintar em tela, mas acabei adaptando, pois fica mais vendável, ainda mais morando em Paraty. Hoje eu uso a técnica de acrílico sobre linho. Não sei se tem influência dela, mas acabou que o azulejo não deu muito pra mim”.
O artista conta que em sua loja busca diversificar entre frutas, flores, paisagens e que também pinta a partir de encomendas. “A arte foge do que a gente planeja. A questão da inspiração é uma coisa muito natural, então não tem dia, não tem hora, mas estou sempre me inspirando”, revela. Há alguns meses, poucos antes dela falecer, ele visitou a mestra, e conta que foi um encontro muito bom. Reconhece que muita coisa que sabe hoje foi graças a ela, pois Célia nunca teve vaidade em ensinar seus pupilos. “Foi incrível a visita que eu fiz a Célia. Nós fizemos uma foto e nem tenho o que falar. Só acho que Itu está em dívida com ela e que ela merecia no mínimo uma exposição, algo assim, para que possamos nos despedir com uma homenagem mesmo”, encerra com pesar.
texto: Gisele Scaravelli
foto: Divulgação