
Em registro literário, o escritor Otoni Rodrigues da Silveira publicou cinco anos de pesquisa, em dois volumes, sobre a história de Cabreúva, do século XVIII aos dias atuais
A história de Cabreúva se funde com a de Itu. A formação do povoado de Cabreúva se deu na década de 1780, com famílias procedentes de Santa de Parnaíba, Araçariguama e de Itu. No início da década de 1790 foi erigida uma humilde capela em devoção a Nossa Senhora da Piedade, onde hoje fica a saída para Pirapora do Bom Jesus. Por meio de um decreto imperial, Cabreúva foi elevada à condição de freguesia 40 anos depois, em 1830. O decreto enunciou que seu território deveria ser desmembrado do ituano. Cabreúva cresceu e consolidou-se no meio de um imenso canavial, chegando à condição de Vila em 1859, encontrando sua força econômica na cana-de-açúcar.
Informações que vão desde o nome da cidade, originário da árvore cabriúva encontrada em grande quantidade na região, sua fundação, construções de capelas, famílias importantes em sua formação, até o fato de Cabreúva ter passado a ser sede de Comarca, em 2006, são encontrados na pesquisa de Otoni Rodrigues da Silveira. O livro “Cabreúva – História e Contexto” traz, em dois volumes, uma compilação de crônicas, documentos, artigos e escritos em geral, contando a história de Cabreúva e também de seus personagens. A pesquisa, que levou quase cinco anos, foi baseada nos escritos do historiador ituano Francisco Nardy Filho (1879-1958). “Ele foi um dos grandes pesquisadores do Interior paulista e deixou tantos documentos, crônicas e artigos em jornais, que uma parte do meu trabalho foi compilar e localizar esses escritos”, afirma o autor.
Otoni conta a história de Cabreúva de pontos de vistas diversos como o social, político e econômico, e em aproximadamente 800 páginas resgata a história de Cabreúva, presenteando o cidadão e toda a região, com mais um capítulo de nossa história. “Nardy Filho teria publicado cerca de mil crônicas somente em ‘O Estado de S. Paulo’. Uma destas, de 1950, tinha como título ‘Cabreúva’”, afirma Otoni.
Na crônica “Cabreúva”, destacada por Otoni, Francisco Nardy Filho fala, superficialmente, de diversos aspectos e ressalta o orgulho de seus munícipes. “Boa gente a cabreuvana; boa, hospitaleira e bairrista até ali; não admite que se fale mal de Cabreúva, e é porque dela sempre bem falamos, sempre tivemos sua amizade”. Otoni chama a atenção de seus leitores, afirmando que os escritos de Nardy se baseiam na oralidade e não em documentos. “Acentuei todo esse contexto da obra de Nardy, com a finalidade de demonstrar que todos os fatos e nomes descritos por ele na referida crônica ‘Cabreúva’, que se tornou por demais importante no surgimento da história de Cabreúva, até agora vigorante, não se apoiam em documentos diretos ou mesmo indiretos. Aliás, faz-se importante observar, o próprio Nardy teve a cautela de anotar ‘segundo nos consta na tradição oral’. Por assim ser, entende-se que, no caso específico de Cabreúva, Nardy não realizou um trabalho de pesquisa documental”, ressalta.
O livro “Cabreúva – História e Contexto” foi publicado com apoio cultural da Prefeitura de Cabreúva, através das Secretarias Municipais de Cultura e Educação. O autor é descendente de dois importantes troncos cabreuvanos, do lado paterno a família Rodrigues da Silveira, e do materno, da família Mesquita Dias. Estudou em sua terra natal e também na vizinha, Itu. Formou-se advogado pela Faculdade de Direito da USP, em 1981 e atuou na área financeira, em bancos, na Grande São Paulo até entrar na área jurídica em 1983. Atualmente é advogado em Cabreúva.
texto e fotos: Gisele Scaravelli