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Post: Camila, a doce Pitanga

Camila, a doce Pitanga

: Camila é a mocinha da novela “Babilônia”, da Tv Globo

Longe de glamour e modismos, a atriz se destaca pela sua simplicidade, beleza e simpatia

Camila Pitanga é realmente uma mulher impressionante, mas não só por sua beleza. Sempre muito educada, a atriz faz questão de manter distância dos tabloides de fofoca, e se propõe a falar apenas do seu trabalho. De volta após o sucesso de ‘Lado a Lado’, novela exibida em 2013, que levou o maior prêmio mundial da televisão [Emmy Internacional], Camila investe no desafio de viver Regina em ‘Babilônia’, uma mulher real, segundo as palavras da atriz. ‘O que me inspira na Regina é que ela representa -e eu acredito na sociedade brasileira- o que o nosso povo tem de bom. Que é uma gente batalhadora e honesta. De representar com muita dignidade, com força, uma mulher vibrante e guerreira. Nós vivemos um momento em que tudo leva a crer, que nós não somos assim. Eu acredito o contrário porque a Regina personifica’. Envolvida também com projetos sociais, ela falou sobre a importância da luta contra o trabalho escravo, no qual é atualmente diretora geral da ONG ‘Movimento Humanos Direitos’. E assim é Camila Pitanga. Uma mulher que não vive do glamour, mas da preservação e respeito ao ser humano. Confira a partir de agora, um pouco mais sobre essa atriz que tem muito a dizer.

REVISTA REGIONAL: Apesar de você trabalhar como atriz, que de certa forma a expõe publicamente, você sempre fez questão de se preservar, evitando a grande mídia. Como escolheu trilhar esse caminho?

CAMILA PITANGA: Existe uma carreira e uma relação com a imprensa que foi amadurecendo. Uma reciprocidade e respeito mútuo que hoje pra mim, não é mais uma questão. Sinto-me tranquila! Não tenho grandes arroubos ou mudanças. Acredito que minha vida enquanto novela não tenha grandes furos. Não causo nada! Neste sentido não ofereço situações. Quando faço algo em que empresto a minha imagem, é dar luz às situações ou pessoas que eu considero importante, como é o caso do combate ao trabalho escravo que são questões que ainda são nevrálgicas. As pessoas que utilizaram de trabalho escravo tinham uma lista suja. Determinadas foram abolidas para algumas instâncias. Quem não deve não teme. Se você é um empresário ou fazendeiro, tem o seu trabalho respeitando os direitos de quem trabalha com você, não há o que temer, certo?! Pra quem pratica essa desumanidade que é desrespeitar o outro, as leis trabalhistas, o respeito ao corpo, horário de trabalho… Essas pessoas precisam ser punidas e vistas! É lamentável que o patrocínio e os investimentos estejam livres dessa lista suja.

Falando um pouco sobre a sua personagem, que é uma mocinha que gera identificação com o público, porque é batalhadora, queria fazer medicina, mas termina engravidando… Como você recebeu a Regina de ‘Babilônia’?

O que me inspira na Regina é que ela representa -e eu acredito na sociedade brasileira- o que o nosso povo tem de bom. Que é uma gente batalhadora e honesta. Sinto-me com essa missão! De representar com muita dignidade, com força, uma mulher vibrante e guerreira. Nós vivemos um momento em que tudo leva a crer, que nós não somos assim. Eu acredito o contrário porque a Regina personifica. Ela não é boazinha, mas uma mulher que batalha, é de fibra, guerreira. Essa palavra define quem ela é. Uma mulher que acredita na justiça e briga por ela, mas não briga simplesmente por brigar… Ela se informa, é situada, inteligente, sabe dos seus direitos e luta por eles com muita força e propriedade. Se eu puder inspirar essas pessoas que já vivem assim, vou ficar muito feliz.

O que você quer dizer com: ‘nós não somos exatamente assim’?

Você sabe do que estou falando… Vivemos um momento em que as notícias são de leviandade e corrupção. Acredito que essa não é a nossa maior característica. A corrupção existe em outros países, ela não está só no Brasil. A Regina na qual estou me referindo, é valorizar o que nós temos de bom. Ela não é um personagem de ficção. Mulheres como ela existem e são arrimos de famílias, que trabalham e cuidam dos seus filhos, da mãe na simplicidade, na diversidade, ela sua a camisa e com alegria. É vibrante e não aquela que vai ficar chorando ao longo da novela. Muito pelo contrário.

Você acredita que exista uma onda de pessimismo sobre a identidade do povo brasileiro? A Regina pode resgatar essa personalidade?

Estou falando de otimismo. Estou apostando no que a Regina pode significar e o otimismo da autoestima brasileira. Se eu puder fazer e representar com essa mulher do povo, vai ser uma vitória.

Você tem uma relação com o pessoal do Morro da Babilônia e do Chapéu da Mangueira também. Já conheceu muitas Reginas por lá? Quando te apresentaram essa história, você achou que era a sua cara?

Eu morei no Chapéu da Mangueira durante quase um ano. Na época eu tinha uns 16 pra 17 anos. Fiquei muito contente! Na verdade, a ficha foi caindo aos poucos, porque fui entendo que eu teria a honra de trabalhar com a Glória Pires e a Adriane Esteves. Será um duelo com elas. Pra mim foi inacreditável. Assim como voltar ao Chapéu e poder representar essa mulher do povo, nessa pegada que eles estão escrevendo. Ela não está a reboque das situações, muito pelo contrário. Posso até estar me repetindo, mas ela é uma mulher que sabe dos seus direitos. É interessante estar representado. Estou muito contente!

Apesar de existirem muitas Reginas, você se inspirou em alguma especificamente?

Ela é um pouco uma colagem de muitas mulheres que eu conheço. Acredito que eu seria leviana se falasse só de uma. São pessoas anônimas. Estou dando voz a essas mulheres anônimas e batalhadoras!

Você comentou que a Regina é uma mulher batalhadora e também sobre o Chapéu Mangueira. Como você passa esses valores para a sua filha?

A Antônia [Peixoto] tem apenas seis anos. Ela é muito pequenininha, mas acredito que mesmo assim, as relações que ela tem com as amizades dela, com quem trabalha com a gente na nossa casa, ajuda a entender que todos têm direitos, deveres e respeito mútuo. É como eu fui criada. Meu pai [Antônio Pitanga] é aquela pessoa que transita no Palácio do Planalto com a mesma desenvoltura que está no Chapéu Mangueira, não tem diferença. Fui ensinada a respeitar o ser humano. Pra mim não existe diferença de cor ou de status sociais. Existem seres humanos e todos neste sentido são iguais no respeito e na solidariedade. Eu vivo assim e ela está vendo. Então não é algo que você diga, e sim, mostre, dando exemplos através das suas ações. É claro que meu pai teve muitos momentos lindos de conversa, em momentos chaves na minha vida, mas aprendi também observando. Minha avó era lavadeira e cuidou de três filhos sozinha, ainda mais na época dela, em que as condições de trabalho eram completamente diversas para uma mulher solteira. Ela tinha dificuldade muito maior que a Regina tem. Hoje as mulheres que têm muito a avançar, e eu adorei o discurso da Patrícia Arquette [atriz ganhadora do Oscar 2015 de Melhor Atriz Coadjuvante pelo filme ‘Boyhood’, que discursou sobre salários igualitários], porque ela falou muito do que nós mulheres achamos. Vemos no mercado de trabalho diferença no tratamento de salários, mas ao mesmo tempo vejo muitas conquistas. Estou comparando a história da minha avó. Será que eu me perdi?! [risos].

Você fez uma personagem de muito sucesso com o Gilberto Braga que foi a Bebel de ‘Paraíso Tropical’ em 2007. E agora vem a Regina…

Recentemente eu pude assistir a ‘Dancin’ Days’ [1978] no canal Viva. Tanta coisa boa que já estava acontecendo ali, situações extraordinárias. Eles me deram papéis muito diversificados. Quando você pensa em Bebel, mas teve também a Carol de ‘Insensato Coração’ [2011] que era uma pegada muito diferente da Isabel de ‘Lado a Lado’ [2013] que tinha a supervisão do Gilberto. Tenho a sorte de confiarem no meu trabalho porque são autores geniais, que têm como primazia os diálogos que são fáceis de decorar. Gosto de ler os capítulos, de assistir às novelas… É claro que ‘Paraíso Tropical’ selou um encontro. Eu já havia trabalhado com o Ricardo Linhares [teledramaturgo], mas essa parceria, reciprocidade aconteceu na novela ‘Paraíso’. Não é à toa que você falou da personagem. A gente vem construindo uma carreira, e uma relação que eu sinto apadrinhada de certa maneira por eles. Sinto-me honrada!

Como você trabalhou o seu visual para esta novela? Fez alguma mudança?

Clareei meu cabelo para a primeira fase da novela. Uso um aplique sim, um cabelão que eu não queria me desfazer porque eu adorei! Estou numa fase mais hippie e por isso eu queria cabelão. O Kassio Lucas que trabalha na equipe do Fernando Torquato fez a mudança. Ele usou uma técnica que não sei bem como se chama… Pra personagem estou usando o cabelo natural. Lavo em casa, coloco um produto pra cachear e deixo secando. Estou amando! Só chego pra fazer a minha maquiagem que é rápida porque a Regina vive na praia. Quase não tem maquiagem, embora ela seja uma mulher muito vaidosa. Ela usa colar, brincos grandes, é uma mulher batalhadora, mas que não deixou a autoestima cair não. Ela está sempre muito bem!

Você está levando otimismo e quer que seja o exemplo pras pessoas que são alegres…

Alegres não, mas que acredite no melhor do ser humano. Não estou te corrigindo.

Como você mantém a boa forma física?

Como com qualidade e procuro fazer atividade física sempre. Tenho sorte de conseguir me manter bem e fugir do efeito sanfona. Fiz o processo de reeducação alimentar e consigo manter até hoje. Gosto de me cuidar sim! Tem gente que é desencanada, mas esse não é o meu caso. A minha preocupação é com a saúde e vitalidade. Preciso disso para fazer esses inúmeros papéis.

Como tem sido sua rotina? Você ainda consegue administrar o tempo e ficar com a sua filha?

Agora está apertando o ritmo de gravação, mas é um período que tem começo, meio e fim. A minha filha estuda pela manhã, e quando há uma necessidade de gravação muito cedo, eu não posso estar com ela, mas tudo bem. Eu tenho conseguido almoçar, não todos os dias, mas regularmente colocá-la pra dormir. Eu sou presente na vida da minha filha. Ela gosta do meu trabalho. É muito parceira e madura pra idade dela. Ela me ajuda e me abençoa, mas eu sou muito presente. Quando fiz teatro ela viajou comigo. Agora ela está alfabetizando e por isso vai ter que seguir certinho. Não dá! Ela é artista! Se ela quiser seguir a carreira de atriz com certeza terá o meu apoio, aliás, o que ela quiser. A prioridade é que ela seja feliz!

 entrevista e texto: Ester Jacopetti

fotos: TV Globo/Divulgação

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