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Post: Exercício para o corpo e a mente

Exercício para o corpo e a mente

Augusto Lim reúne diversas pessoas na praça da Liberdade, em Indaiatuba, para ensinar o Tai Chi Chuan

Da China para o mundo, o Tai Chi Chuan ganha cada vez mais adeptos, inclusive na região

Todas as manhãs, até aos sábados, uma cena inusitada toma conta da praça da Liberdade, em Indaiatuba. Um grupo de pessoas fazendo movimentos que se parecem com golpes, mas todos desenvolvidos suavemente, alheios à correria que se passa ao redor do local. A única preocupação do grupo é manter-se concentrado em seguir o que o professor Augusto Lim, nome adotado aqui no Brasil, faz. Ele ensina Tai ChiChuan gratuitamente todos os dias. “Hoje quero ajudar as pessoas a terem uma vida mais feliz e saudável, faço isso para retribuir a cidade em que vivo, por isso este meu serviço é totalmente voluntário”, conta.

Augusto imigrou de Taiwan, seu país natal, em 05 de agosto de 1995, com sua esposa e três filhos. A primeira parada foi na capital paulista, local em que as chances de crescimento são enormes, mas a qualidade de vida baixa. Por conta disso, depois de muitas pesquisas, aterrissou em Indaiatuba, e há 17 anos aqui se mantém. “Quando era mais jovem, me preocupava somente com os negócios, não tinha tempo para conhecer melhor a dimensão da técnica. Somente comecei a procurar mestres aos 35 anos, pois os meus negócios já estavam estáveis. No final, o mestre de um templo me aceitou como discípulo e iniciei o aprendizado. Também pesquisei pela razão da vida e a verdade transmitida pela atividade”, completa Augusto.

Dedicação como essa podemos ver também em Salto, por meio da professora Julia Fumico, que repassa seus conhecimentos no esporte para outras pessoas de graça na praça José Geraldo Garcia, no Jardim Maria José. “O Tai ChiChuan é uma arte marcial e marcial vem de Marte, o guerreiro. Aprendemos a lidar com nossos medos e sombras, nos tornamos pessoas mais fortes e quem não gostaria de ser assim? É claro que precisamos de paciência, é uma arte milenar e precisamos treinar, treinar e treinar para assimilar os movimentos e tudo isso com persistência, afinal, é um tratamento”, diz.

Tai ChiChuan é um dos Kung Fu da China, porém mais suave e calmo. Para pessoas mais experientes na modalidade, este também é utilizado para se proteger. Em todos os tipos de Kung Fu, o Tai ChiChuan é considerado o mais harmoniosoe com movimentos bonitos.“Às vezes, as pessoas veem outros praticando esta atividade e por ser mais calmo, parece que não há força na prática, assim acham que o exercício não há função. Por exemplo, quando há ladrões, o Tai ChiChuanpode ser usado para proteger-se”, explica Augusto.

Entre todas as artes marciais, o Tai ChiChuan é considerado a mais harmoniosa e com movimentos bonitos

Julia e Augusto possuem mais de 20 anos de experiência na modalidade cada um e os elogios para o Tai ChiChuan acompanham esse número. “São tantos benefíciosque se citados vocês teriam que reservar várias páginas”, diverte-se Julia. Dona Tereza Vaquer, de 82 anos, é a prova disso. Há quase um ano frequenta todos os dias as aulas do mestre Augusto e é só elogios para a arte. “Moro perto da praça e via o pessoal fazendo e ficava curiosa, até que minha filha foi perguntar e começamos a fazer. Não perco um dia do esporte e sinto que fiquei mais alegre, feliz. Minha filha e netas me acompanham”, completa a aluna dedicada, que realiza todos os movimentos com esmero.

Tai ChiChuan engloba as energias Ying e Yang dentro do corpo, são pontos que valem a pena explorá-los.  A prática o torna mais saudável e também atinge o equilíbrio entre o corpo e a mente. “Antes de começar o Tai ChiChuan, faço o aquecimento, com as técnicas: RouRuanCao, Wu Xing JienKangCao, NuanQiShen Gong, Tai Ji Qi Gong e por último o Tai ChiChuan. Os três primeiros possuem movimentos mais agitados, o último e o Tai Chi possuem movimentos mais suaves e calmos. Considero isso como Xian DongErHouJing, que quer dizer ‘movimentos agitados no início e movimentos suaves no final’. Tudo trazendo equilíbrio de energia para o organismo”, explica Augusto Lim.

Os professores dizem que o esporte pode ser praticado por qualquer pessoa e de qualquer idade. “Em Taiwan, logo de manhã, há muitas pessoas praticando a modalidade nos parques. A atividade é adorada por todos, pois torna o nosso organismo mais forte e saudável, aumentando o funcionamento dos órgãos e melhorando a circulação sanguínea do corpo. Atualmente, o público é mais experiente. Acredito que o motivo seja porque os jovens não possuem tanta paciência para desvendar os mistérios arte”, desconfia o professor. Julia completa: “Todos podem e devem praticar, mas se houver restrições podemos adaptá-lo. É uma atividade de baixo impacto, seus exercícios são isométricos, fortalecendo o músculo e tendões sem prejudicar as articulações”.

Além do amor pela arte, os mestres compartilham a ajuda e incentivo de seus alunos a disseminar o conhecimento do esporte. Augusto lembra que começou a dar aulas do zero, e no começo um aluno e amigo foi quem o ajudou chamando outras pessoas para participar do grupo. Hoje, é comum ver reunidas mais de 20 pessoas pelas manhãs praticando os movimentos. Já Julia também viu o incentivo para dar aulas vindo das amigas. “Elas sugeriram que eu desse aulas, mas achei que me faltava didática. Então, em 2000 procurei um curso de formação de instrutores em São Paulo, a Sociedade Brasileira de Tai ChiChuan e Cultura Oriental, que ministra a técnica tradicional da família Yang e as filosofias Budista, Confucionista e Taoísta”, completa.

E como qualquer esporte que estimula a compreensão, união, paciência e superação, no Tai ChiChuan isso também é praticado. Tanto que os encontros fora da “sala de aula” são incentivados por Augusto, que, a cada término de sessão lê uma mensagem de otimismo para que a mente também fique sã.

 texto Yara Alvarez

fotos Giuliano Miranda

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