‘O escoteiro é bom para todos os animais e as plantas: Você reconhecerá como companheiras as outras criaturas de Deus, postas, como você, neste mundo, durante certo tempo, para gozar suas existências. Maltratar um animal é, portanto, um desserviço ao Criador. Um escoteiro deve ter um grande coração’
Certamente teríamos um mundo bem melhor se todos nós tivéssemos conhecimento das Promessas Escoteiras: Dever para com Deus – adesão a princípios espirituais e vivência ou busca da religião que os expresse, respeitando as demais; Dever com a Pátria- lealdade ao nosso país, em harmonia com a promoção da paz, compreensão e cooperação local, nacional e internacional, exercidas pela Fraternidade Escoteira; e por último, o Dever para com o próximo – respeito e solidariedade ao próximo, participação ativa no desenvolvimento da comunidade e valorização do equilíbrio da natureza. Com essas premissas, ser um cidadão mais responsável e não corruptoseria tão comum quanto caminhar.
“O Escotismo é um movimento educacional para jovens, com a colaboração de adultos, voluntários, sem vínculo político-partidário, que valoriza a participação de pessoas de todas as origens sociais, raças e crenças, de acordo com o Propósito, os Princípios e o Método”, fala Anésio Tenório, chefe do grupo Utu-Guaçu, de Itu.Assim como ele, que é escoteiro há 13 anos e que se aventura no Escotismo com sua família, Paulo Penna, chefe do Grupo Escoteiro Indaiá, começou na atividade por conta do filho, mas hoje toda sua família participa. “Entrei para o Escotismo em 2003 e convenci a minha esposa e depois minha filha. No Grupo de Indaiatuba estamos há nove anos”, conclui. Já Silvio Teijeira, diretor presidente do Grupo Escoteiro Taperá, de Salto, está no Escotismo há 20 anos e levou toda a sua família para a atividade. “Esposa, filhos, irmãos, primos, sobrinhos e cunhada já fizeram parte do movimento. Meu irmão, cunhada e sobrinhos ainda fazem parte de um grupo em São Vicente”, conta.
Eneide Davilla, diretora do Grupo Domingos Fernandes de Itu, participa há 12 anos do grupo, começou com a fundação, e também foi incentivada pela família. “Meus três filhos participam desde a infância e acabei fazendo parte também. Acrescento que é um trabalho muito prazeroso”, reforça.
Mas além de juntar a família, ensinar e estimular a cidadania, o Escotismo também prega o respeito para com o próximo, seja ele pessoa, animal ou meio ambiente. “Segundo o fundador do movimento Escoteiro, Baden-Powell, que há mais de cem anos já se preocupava com a natureza, escreveu o sexto artigo da Lei Escoteira: ‘O escoteiro é bom para todos os animais e as plantas: Você reconhecerá como companheiras as outras criaturas de Deus, postas, como você, neste mundo, durante certo tempo, para gozar suas existências. Maltratar um animal é, portanto, um desserviço ao Criador. Um escoteiro deve ter um grande coração’, ele já nos alertava”, acrescenta Tenório.
“Para o escoteiro, a natureza é de grande importância, pois muitas atividades são feitas ao ar livre utilizando o que a própria natureza dispõe para nós, como o bambu e o sisal, que podem dar forma a uma mesa, um toldo para a cozinha e um tripé para o lampião. Além disso, o meio ambiente é onde vivemos e temos o dever de proteger e conservar para que gerações futuras possam utilizar e desfrutar de tudo que Deus nos deu. Devemos deixar o ambiente igual ou melhor do que encontramos”, pontua Penna.
Para Teijeira, a natureza é tratada pelo Escotismo como uma obra divina que é:“A atividade somente existe, porque existe a natureza. E sua convivência é muito harmônica. Em nosso grupo tratamos a natureza com muito respeito e zelo, tanto que jáparticipamos do projeto ‘Observando o Sorocaba / Médio Tietê’, junto com a SOS Mata Atlântica, monitorando as águas do rio Tietê em nosso município.Participamos também do plantio de inúmeras árvores em parques, ruas e jardins. Fizemos a limpeza de parques, córregos e rios, construímos casinhas para pássaros que foram instaladas em parques de nossa cidade, além de fazer campanhas de reciclagem de lixo e informação ao público em casa, na escola e na rua.”
Dentro de um extenso programa de atividades, os escoteiros são constantemente incentivados a preservar o meio ambiente e a passar essa consciência da preservação ambiental à comunidade, seja por meio do que é conhecido entre eles como a Insígnia Mundial do Meio Ambiente, uma espécie de condecoração para o escoteiro que realizar atividades de cunho prático para auxiliar na conservação dos recursos naturais e inibição de processos de extinção de animais e maus tratos, por meio das chamadas especialidades, entre elas as de Oceanografia, Zoologia e Botânica, ou ainda por meio de atividades programadas como os mutirões nacionais ecológicos, “atividade anual que incentiva ações que vão desde a limpeza de rios e praias, passando por ações de reciclagem de lixo e plantio de árvores, até a sensibilização da comunidade com respeito à importância da causa ecológica para o futuro do planeta”, explica Eneide Davilla.
Os quatro chefes são unânimes em dizer que a definição do método escoteiro para a formação de um bom cidadão: O homem e a mulher que pretendemos oferecer à sociedade é o que permeia todos os trabalhos desenvolvidos pela organização.
Ensinamentos
“O Escotismo funciona comoeducação complementarà escola, igreja, família, etc. Eu, particularmente, posso afirmar que não seria a mesma pessoa hoje em dia se não tivesse sido escoteiro, pois o escotismo foi (e é) fundamental para me mostrar que devemos sempre fazer o certo, em todas as atividades da nossa vida. Isso vai desde atos simples, como não jogar lixo no chão (isso parece trivial hoje, mas não era 13 anos atrás) até a ter ética no trabalho e na relação com as pessoas”, reforça o jornalista e escoteiro, Rodrigo Gasparini.
Quando Baden-Powell criou o movimento, ele também definiu o propósito e o método escoteiro. O propósito é contribuir para que os jovens assumam seu próprio desenvolvimento, especialmente do caráter, ajudando-os a realizar suas plenas potencialidades físicas, intelectuais, sociais afetivas e espirituais, como cidadãos responsáveis e úteis em suas comunidades, conforme definido no Projeto Educativo da União dos Escoteiros do Brasil. A promessa, cuja base moral se ajusta aos progressivos graus de maturidade do indivíduo, que são: Aceitação da Promessa e Lei Escoteira; Aprender fazendo; Vida em equipe; Atividades progressivas, atraentes e variadas; eDesenvolvimento pessoal pela orientação individual.
Para fazer parte
É difícil não se interessar pela atividade, principalmente nos tempos atuais, que trazem jovens revoltados e cada vez mais se entregando às drogas; pessoas que não se incomodam em não ceder seu lugar a um idoso, e o hábito de jogar papeis no chão sem nenhuma vergonha. Para os pais que procuram passar bons princípios aos seus filhos, colocá-los colocar num Grupo de Escoteiros é uma boa decisão.
Em Itu, para o Grupo Utu-Guaçu, os jovens de sete a 20 anos que gostam de aventuras e têm disponibilidade para se dedicar às atividades escoteiras em todos os sábados, das 15h às 17h30, podem se inscrever no primeiro sábado de fevereiro e primeiro sábado de agosto.
Já em Indaiatuba, os interessados podem comparecer na sede do Grupo, que fica na avenida Conceição, 1907, Cidade Nova, ao lado do Centro Esportivo, aos sábados das 14h30 às 17h30.
Para o Domingues Fernandes, em Itu, os futuros escoteiros precisam participar por três semanas para conhecer, e na quarta fazer sua inscrição junto A União dos Escoteiros do Brasil (U.E.B.).E para o Taperá, em Salto, os jovens de sete a 18 anos, junto com seus pais e responsáveis, devem procurar o Grupo.
Herói municipal
Graças aos ensinamentos aprendidos em suas atividades no Grupo Escoteiro de Indaiá, o pequeno escoteiro João Victor de Campos colocou em prática seu juramento “O escoteiro está sempre alerta para ajudar o próximo e pratica diariamente uma boa ação”, ao salvar o irmão que estava se afogando na piscina de sua casa. Na época, Thiago, o irmão, tinha apenas um ano.
Devido ao seu ato heróico, João Victor recebeu a medalha de bravura Caio Viana Martins, o reconhecimento na Câmara Municipal, e a eterna gratidão da mãe, que na época, disse que a médica que prestou os primeiros atendimentos a Thiago falou que a ajuda do irmão foi excelente e essencial para o salvamento da criança.
O Escotismo e sua leis
Os escoteiros são divididos em classes etárias, começam como Lobinhos, dos sete aos dez anos, passam para escoteiros quando completam 11 e assim permanecem até os 14.Quando completam 15 anos, tornam-se Sênior, ou Guia se forem mulheres, e ficam com esse cargo até os 18. Da maioridade até os 21 anos, são os Pioneiros.
E já na faixa etária de Lobinhos, algumas Leis devem ser seguidas, como: I-O Lobinho ouve sempre os Velhos Lobos; II-O Lobinho pensa primeiro nos outros; III- O Lobinho abre os olhos e os ouvidos; IV- O Lobinho é limpo e está sempre alegre; e por fim, V-
O Lobinho diz sempre a verdade.
Para os escoteiros a partir dos 11 anos, existem as promessas que devem ser feitas, sendo elas: Prometo pela minha honra fazer o melhor possível para:Cumprir meus deveres para com Deus e minha Pátria; Ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião;
eObedecer à Lei Escoteira.
E as Leis Escoteiras abrangem diversos aspectos, dentre eles a palavra, a limpeza, interna e externa, dentre outras peculiaridades.
Leis Escoteiras
I.
O escoteiro tem uma só palavra; sua honra vale mais do que a própria vida.
II.
O escoteiro é leal.
III.
O escoteiro está sempre alerta para ajudar o próximo e pratica diariamente uma boa ação.
IV.
O escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais escoteiros.
V.
O escoteiro é cortês.
VI.
O escoteiro é bom para os animais e as plantas.
VII.
O escoteiro é obediente e disciplinado.
VIII.
O escoteiro é alegre e sorri nas dificuldades.
IX.
O escoteiro é econômico e respeita o bem alheio.
X.
O escoteiro é limpo de corpo e alma.
Com as Leis, pretendem-se formar homens e mulheres amantes da natureza, capazes de respeitar sua integridade, guiados por valores espirituais, comprometidos com seu projeto de vida, em permanente busca de Deus e coerente em sua fé – Baden-Powell.
Os escoteiros na região
Em 27 de novembro de 1970, surgia em Itu o Grupo Utu-Guaçu. Os amigos Alírio Savioli Stipp, Athinilo Teixeira Guimarães, Dércio Luiz Guitti, Cesar Ceminelli, Primo Menabó, Michel Cutait e José Carlos Bruni, decidiram fundar o grupo com a autorização União dos Escoteiros do Brasil (U.E.B.) e desde então, há 42 anos, o Utu-Guaçu mantém os registros e autorizações da entidade para praticar o Escotismo de acordo com seu Estatuto. Atualmente fazem parte 80 jovens entre Lobos, Tropa Escoteira, Tropa Sênior e Pioneiros, além de 20 adultos voluntários.
Ainda em Itu, porém um pouco mais jovem, existe o Grupo Domingos Fernandes, fundado em 18 de maio de 2001, pelos irmãos Carlos Alberto Guimarães Battisti, já falecido, e Mário César Guimarães Battisti, que já eram escoteiros, porém pertencente ao Utu-Guaçu. O nome escolhido é em alusão a um dos fundadores da cidade. Fazem parte 36 pessoas, sendo nove adultos e 27 crianças.
Em Salto, existe o Grupo Escoteiro Taperá, fundado em 03 de outubro de 1993, que recebeu esse nome em homenagem a ave símbolo do município. O Grupo conta com 25 membros, sendo oito adultos e 17 jovens. “O número reduzido é por conta da falta de sede, e a necessidade de ficarmos nos deslocando de um lugar para o outro”, reforça Silvio Teijeira, chefe do Grupo.
E por fim, desde 28 de agosto de 1994, existe o Grupo Escoteiro Indaiá, fundado por Marlene Aguilera, Gentil Scarton e Maristella Bernadinetti Calonga, que conta com aproximadamente 130 membros.
reportagem de Yara Alvarez
fotos: Divulgação
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