Conhecido como o deserto brasileiro, Jalapão reúne dunas e piscinas naturais na mesma paisagem
Não temos a noção de quão lindo e fantástico é (e continua sendo)onosso Brasil, com lugares maravilhosos e divinos, com uma natureza intensa, presente, e ainda inexplorada. Distâncias muito intensas, a perder de vista, sem construções, trânsito, poluição e, principalmente oexcesso de excessos… Apenas visuais fantásticos e com uma energia divina.Pena que não temos observado tudo isso por conta de estarmos muito mais ocupados com outras coisas, nos afastando da natureza e de nós mesmos…
Em 12 de janeiro deste ano, o Parque Estadual do Jalapão, que se encontra no município de Mateiros, no Estado de Tocantins, completou 12 anos.A área do parque abrange 150 mil hectares,e faz parte de uma APA (Área de Proteção Ambiental) envolvendo a Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins, e o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba. A vegetação é campo limpo com veredas e cerrado ralo.
Ponte Alta do Tocantins éo município de ‘entrada’ do parque, mas cidades como Mateiros, São Felix do Tocantins, Santa Tereza do Tocantins, Lagoa do Tocantins, Lizarda, Novo Acordo, Rio da Conceição fazem parte desse contexto – ocupando uma área equivalente ao Estado de Sergipe.
Esse nome é devido a Jalapa-do-Brasil, encontrada em vários locais, e que originou o nome Jalapão. O extrato de tubérculos de Operculinamacrocarpa (Jalapa-do-Brasil) é um produto fitoterápico, com eficácia no tratamento de constipação, como laxante. Esse chá da jalapa é usado para a prisão-de-ventre, constipação crônica,vermes e depurativo do sangue.
Oásis
O Jalapão compreende uma região árida, com uma temperatura média de 35°C, cheia de pequenos oásis, numa área total de 34mil km2 – cortada por uma enorme teia de rios, riachos e ribeirões, com uma água translúcida, límpida e bem transparente… Toda essa aridez ‘esconde’ uma quantidade de água imensa, que dá a vida e alimenta toda essa região. O Jalapão também é conhecido, ou reconhecido, como o próprio “Sertão das Águas”. Essa paisagem árida e rasteira – variando do cerrado baixo à campina é banhada pelos rios Novo (maravilhoso),Preto, Caracol,Sono,Soninho eBalsas. As Matas de Galeria surgem nas proximidades das cachoeiras,lagoas, dunas de areia, também nas serras e chapadões de até 800 metros de altura.
Jalapão é considerado um grande deserto? Bem, só se for de gente…A densidade demográfica é de cerca de 0,8 a 1 habitante por km2. Segundo os nativos, o Jalapão é chamado de deserto por causa dos poucos habitantes que lá vivem. Dependendo de onde estivermos, podemos passar alguns dias sem ver um ser humano. Mesmo rodando nas “estradas principais”, nós poderemos passar algumas -ou muitas horas- sem cruzar com pessoa alguma pelo caminho.
No pequeno povoado de Mumbuca, antigo remanescente de um quilombo(escravos fugidos da Bahia), a população chega a aproximadamente 200 habitantes. Foi onde surgiu todo o artesanato do Capim Dourado, planta típica da região que cresce nos varjões entre abril e junho. Há mais ou menos dois séculos, os homens pescavam, trabalhavam na roça, e as mulheres trançavam cestas, chapéus e outros artigos desse capim.
A fauna nessa região é muito rica: antas, capivaras, raposas, macacos,veados-campeiros,jacarés,lobos-guarás, tamanduás-bandeiras,tucanos, araras-azuis, siriemas, emas, papagaios, além de sucuris,cascavéis, jiboias, entre outros bichos.
Roteiro para grandes emoções
Todos os passeios são encantadores. Quem gosta de roteiros ‘alternativos’ e de aventuras – Jalapão é o local ideal. Um prato cheio para grandes emoções!
Temos várias opções: Cachoeira da Formiga, dunas gigantescas, o Fervedouro -um poço com água borbulhantes, serra, chapadões, etc.
A gruta da Suçuapara, a aproximadamente 15 km da estrada para Mateiros, possui 15 metros de altura, formando um cânion com aproximadamente 60 metros de comprimento e, com uma queda de água maravilhosa, no meio da mata.
Outro local é a Cachoeira do Lajeado – trecho de 25 metros, com vários degraus, formando várias quedas. A Cachoeira do Brejo também é uma ótima opção, além da Cachoeira Velha, que tem duas quedas em forma de ferradura e desagua no rio Novo. Outra maravilhosa é a do rio Formiga, com águas transparentes e esverdeadas, com uma queda de água excelente para fotos e um delicioso mergulho.
Divino também é o Fervedouro, um olho d’água azulado, em um poço com areias esbranquiçadas. Nossa sensação é de flutuarmos pela água desta verdadeira piscina natural, que fica sobre um enorme lençol freático.
As dunas, de cores alaranjadas e atingindo vários metros de altura, são locais de onde observamos todo o horizonte, em momentos de introspecção e meditação (vale muito a pena ficar em silêncio observando, sentindo, nos interiorizando).
As melhores e mais belas coisas desse nosso planeta nem sempre podem ser ‘tocadas’ – mas precisam ser ‘sentidas’, ‘vivenciadas’ – e compartilhadas, com muita intensidade, por nós e pelo nosso coração.
texto e fotos: Tarso Marraccini
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