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Post: Sou fruto da criança que fui

Sou fruto da criança que fui

“Contudo, será que toda criança tem uma infância plena? Tem a oportunidade de chegar ao máximo de suas experiências com o tempo e as condições necessárias que sustentam essa fase da vida?”

As lembranças da nossa infância estão recheadas de sabores, cheiros, vozes, lugares, pessoas, cicatrizes. Cada um dos recheios contam histórias, nos formam e nos conformam. Ser criança é acreditar que tudo é possível, é ter o mundo na imaginação, é experimentar todos os dias o desconhecido e vivenciar o já conquistado, é ampliar o repertório das possibilidades e é também crescer. Parte tão intrínseca de ser criança é crescer, e quando se percebe já se é adulto: um indivíduo construído de cada pequena experiência da infância.

Contudo, será que toda criança tem uma infância plena? Tem a oportunidade de chegar ao máximo de suas experiências com o tempo e as condições necessárias que sustentam essa fase da vida?

A educação é um direito no Brasil, hoje obrigatória a partir dos seis anos e em 2016 a partir dos quatro. Entretanto, ir à escola simplesmente não garante a educação. Estudos mostram que os primeiros seis anos de vida, conhecidos como Educação para a Primeira Infância, constituem o período de maior plasticidade neural ao permitir a aquisição de funções básicas, geradoras de habilidades fundamentais para toda a vida. A capacidade cognitiva, emocional e física de aprendizagem depende fundamentalmente do desenvolvimento nas primeiras fases da educação. Uma pessoa carente de infância certamente enfrentará mais dificuldades ao passo que um indivíduo bem estruturado conseguirá resultados extraordinários com mais naturalidade.

Deste modo, o direito da criança deve ser maior que o de ir à escola, toda criança tem de ter direito a pensar livremente usando a linguagem que imaginar; ninguém pode criar amarras que restrinjam o desenvolvimento do indivíduo a um padrão pré-formatado. Tocar, ouvir, ver, sentir, replicar, inventar, errar, acertar, tudo é válido para que a infância tenha eficácia. É a autonomia que faz o aprendizado e constrói a cultura, definindo o ser crítico que respeita aqueles que estão ao seu redor. Nesse contexto os espaços possibilitam a aprendizagem e estimulam a descoberta e a utilização das linguagens das crianças, quais sejam falar, escutar, pensar, amar, brincar, sonhar, entre tantas outras.

As crianças devem ter direito à infância! Não podem fazer o que querem a qualquer hora, mas devem ser estimuladas a quererem fazer o que é melhor. Que tenham tempo para brincar, que participem da construção do saber, que produzam cultura e sejam ouvidas.

Bom é saber que existem lugares no mundo onde a educação prima pela vivência plena da infância, como na região da Reggio Emília na Itália, onde as crianças têm vez e voz… Quem sabe com experiências assim possamos ver nos adultos as crianças bem desenvolvidas em escolas de vanguarda.

 texto de Paula Ourique, pedagoga. Ela escreveu este artigo especialmente para a Revista Regional.

 foto: © yuryimaging – Fotolia.com

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