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Post: Costanza Pascolato, a dama da elegância

Costanza Pascolato, a dama da elegância

Ícone fashionista brasileiro, Costanza Pascolato fala sobre a evolução da moda nos últimos dez anos

Costanza Pascolato é um ícone. Presença indispensável sempre que o assunto é o mundo fashion, a consultora de moda e empresária veio da Itália ainda criança, acompanhada dos pais. Há mais de 60 anos, sua família fundou a Tecelagem Santa Constância, em São Paulo, uma das maiores empresas brasileiras do ramo têxtil, até hoje fornecendo tecidos para os maiores estilistas do país. Hoje, à frente dos negócios, Costanza é uma autoridade em moda e se divide em diversos eventos sociais e, principalmente, relacionados à moda. Sempre requisitada, foi consultora da revista Claudia, teve uma coluna no jornal Folha de S. Paulo e na revista Vogue. É também autora de três livros: “Essencial: o que você precisa para saber viver com mais estilo”, “Como ser uma modelo de sucesso” e “Confidencial”. Para brindar esses dez anos de Regional, Costanza Pascolato concedeu uma entrevista exclusiva à revista, onde conta um pouco de sua trajetória e opina sobre o cenário da moda nacional.

Revista Regional: Sempre que vemos coberturas dos eventos que a senhora esteve presente, a palavra “elegância” ressalta. O que é ser elegante? A senhora se julga uma pessoa que esbanja elegância?

Costanza Pascolato: Na definição literal, elegância é o requinte que distingue a postura correta, o desembaraço amável, a graça com ar de aparente indiferença. Tem muito mais a ver com aprimoramento pessoal do que com aparência. Por isso, depende de aprendizado contínuo, a vida inteira. Na prática, elegância consiste, sobretudo, em fazer evoluir sua cota pessoal de engenho e inventividade. É uma forma de colocar-se em harmonia com o universo, se superar, evoluir, viver alegrias e prazeres relacionados à criação. Ser elegante, em última análise, é uma questão existencial, de como você pensa a sua vida, como se coloca no mundo e se adequa às situações, inclusive no que diz respeito à maneira como se veste. Mas acho que esbanjar é um verbo que não combina muito com a ideia de elegância.

O que Costanza Pascolato pensa ao se vestir diariamente e para eventos sociais?

Costumo dizer que sempre me visto para pequenas aventuras diárias, levando em consideração, em alguns dias, a diversidade de compromissos na agenda. Há sempre uma solução adequada e prática para cada situação.

“Ser elegante, em última análise, é uma questão existencial, de como você pensa a sua vida, como se coloca no mundo e se adequa às situações…”

Qual a composição básica de seus looks?

Tenho um look que é praticamente previsível, com uma mesma estrutura, uma base que é sempre igual e que define as proporções e a silhueta, que adoro porque me dá uma forma, uma estabilidade, uma dignidade. Tem a ver, como na química, com um código um pouco intuitivo que adotei. São quase sempre boas calças de corte mais masculino, de alfaiataria, com variações de comprimento e de largura. Pode ser mais larga ou mais estreita, pode ser também aquela calça que é quase transformada em legging. Os tons são sempre escuros, que acho fantásticos. Construída essa base, na parte de cima faço, com camisas, blazers, casacos, malhas, variações de texturas, formas e finalizações, sempre observando a harmonia. Nada que seja muito complicado, enfim.

Seu interesse por moda surgiu ao assumir a Santa Constância ou antes?

Meu interesse por moda é inato e revelou-se precocemente, muito cedo, antes mesmo de meus pais abrirem a fábrica de tecidos da família, a Santa Constância. Minha mãe dizia que desde os três anos de idade eu costumava ter crises quando ela mandava fazer minhas roupas, tarefa de uma costureira que ia a nossa casa. Eu já era fashionista. O início da minha carreira, entretanto, só aconteceu no começo dos anos de 1970, e foi um tanto improvável. Quando me separei do meu primeiro marido, quase uma década depois de me casar, trabalhar virou questão de sobrevivência. De uma hora para outra, a tradição italiana de dar uma mesada à filha foi interrompida e tive de me virar depois de romper com a família, que desaprovava minha separação.  Para completar, a maioria das pessoas achava, por causa do meu layout de dondoca, que eu não seria capaz de fazer nada. Acabei conseguindo uma chance na Editora Abril, como produtora de decoração da revista Claudia. Daí para a moda foi um movimento natural. Desde então nunca mais parei de trabalhar continuamente, sempre com moda.

 Como a senhora define o cenário da moda nacional hoje?

Em pleno processo de transformação e adaptação às questões de uma economia global que também estimula, por causa da competitividade mundial, o desenvolvimento criativo e, claro, a busca da qualidade do produto.

Uma vez a senhora afirmou que nada mais lhe surpreendia na moda nacional, isso mudou?

Provavelmente foi uma declaração pontual, depois de uma temporada pouco surpreendente, por exemplo. A verdade é que, até por trabalhar com moda, evito dizer “nunca” e/ou “nada”, inclusive porque acho que a disponibilidade e capacidade de se surpreender é uma ótima maneira de estar conectada no presente.

 Qual é o maior diferencial na moda nacional em sua opinião?

A vocação para roupa casual. No Brasil, sempre entendi existirem as condições de um lugar ideal, por exemplo, para o jeans e para a camiseta, pela imagem de um país jovem. Isso se firmou de tal maneira que até industrialmente a vocação foi acentuada. A descontração do Brasil e a versatilidade do jeans sugerem esse casamento idealmente perfeito.

Quem é o estilista brasileiro que está em alta hoje, em sua opinião?

Pedro Lourenço vive um ótimo momento, inclusive fora do Brasil.

 O que a senhora mais gosta em todo o universo da moda?

A velocidade alucinante com que ela consegue se adaptar, traduzir e dar forma a novos comportamentos definidos em pleno movimento da revolução – digital e de informação – que ainda estamos vivendo nesse começo de século.

Ainda no cenário nacional, quais foram as maiores mudanças nos últimos dez anos, considerando a ascensão de algumas classes e a valorização e reconhecimento das nossas grifes?

A inserção, num contexto mundial e que tem peculiaridades locais, claro, da ideia de uma roupa que está mais acessível, até pelo fenômeno fast fashion.  Há uma expressão da moda com todo o tipo de informação que ela mobiliza ou estimula. Antes, uma roupa podia até não ter uma expressão fashion importante. Nestes anos 2000, uma blusinha simples e bem baratinha vai ter sempre um elemento, uma informação de moda. Isso é a democratização. Acontece numa dinâmica que atinge todos os continentes, o mundo inteiro e todas as classes sociais.

A senhora conhece alguma cidade da nossa região?

Por força do trabalho, já viajei o Brasil todo e tenho especial simpatia pelo Interior de São Paulo, tão importante na história dos imigrantes e do país de maneira geral. Há uma riqueza que está além do poder econômico da região, incluindo, claro, Itu, Salto e Indaiatuba, onde tivemos uma chácara da qual tenho as melhores lembranças. Além da simpatia natural das pessoas, há a facilidade de acesso e a proximidade com São Paulo, o que é sempre muito prático para quem gosta de ir e vir.

Quem é Costanza Pascolato hoje?

Quando olho para a agenda e passo correndo diante do espelho nem dá tempo de saber direito quem sou.

entrevista e texto de Gisele Scaravelli

fotos: Francisco Cepeda e Amauri Nehn/AgNews

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