A doutora Sheila Walbe Ornstein é a nova diretora do Museu Republicano de Itu e do Museu Paulista da Universidade de São Paulo – USP. Arquiteta e urbanista, ela foi nomeada pelo reitor João Grandino Rodas no início de 2012 e sua gestão terá duração de quatro anos. Sheila é doutora em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo há 24 anos. Entre suas atividades acadêmicas podemos destacar sua trajetória como professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP – FAUUSP, a publicação de 29 artigos em periódicos especializados e a realização de mais de 85 trabalhos em anais de eventos internacionais e nacionais.
Além da direção dos dois Museus, ela possui sete livros publicados e co-organizados, 11 capítulos e mais de 280 itens de produção técnica. Também já orientou dissertações de mestrado e teses de doutorado e recebeu seis prêmios e homenagens em trabalhos com ênfase em Avaliação de Pós Ocupação. Em sua caminhada profissional, Sheila já foi vice-diretora e chefe do Departamento de Tecnologia da Arquitetura da FAUUSP e realizou atividades de pós-doutoramento na University of New Mexico, na University of Arizona e na City University of New York, nos EUA, e também na Faculty of Architecture – Technological University of Delft na Holanda e no Laboratório Nacional de Engenharia Civil em Lisboa, Portugal.
Em entrevista exclusiva à Revista Regional, concedida em uma de suas vindas ao Museu Republicano de Itu, ela explicou suas pretensões à frente do mesmo junto com a supervisora Heloísa Barbuy, museóloga e historiadora, contou como se divide entre São Paulo e, agora, Itu, e abriu seus projetos e reformas, que já estão em andamento, para o Museu de Itu que possui importância nacional.
Como foi assumir a diretoria de dois museus como o Museu do Ipiranga e o Museu Republicano?
Foi uma alegria. Os dois museus são lugares maravilhosos. Eu acredito que é um cargo de muita responsabilidade, mas de grande satisfação ser nomeada para tal. Eu não estou sozinha aqui no museu de Itu, por exemplo, eu tenho uma equipe de 20 funcionários a começar pela professora Heloísa Barbuy, supervisora, que me ajuda muito e tem a possibilidade de vir mais vezes para Itu. Eu estou nesse cargo há quase cinco meses e tenho pela frente mais três anos e meio, sendo assim, nós temos alguns projetos que já estão em andamento e outros que estão por vir.
Sendo de São Paulo, como é agora vir para Itu com frequência e o que mais te surpreendeu na cidade?
Eu vim a Itu há pouco tempo devido ao museu e agora eu venho com frequência, algumas vezes por mês, mas antes disso eu fiquei uns 40 anos sem vir para a cidade. Eu me surpreendi como Itu manteve o seu traço urbano e suas construções antigas de valor histórico, mas o que eu mais gosto mesmo é do museu. É um lugar agradável, possui iluminação e ventilação natural. Eu gosto muito quando tenho que vir para cá, fico feliz mesmo, e a cidade de Itu é um lugar onde as pessoas realmente respiram e, a meu ver, parecem menos estressadas.Em São Paulo, parece que as pessoas estão sempre nervosas e numa correria absurda. Aqui eu consigo de fato respirar um pouco mais. Além disso, eu vejo um potencial enorme nesse museu, a começar pela casa que é de uma riqueza espetacular, a história e acervo desse local possuem uma importância não só para Itu, mas para todo o país.
A senhora é arquiteta e urbanista. Qual seu olhar perante os museus e sua equipe?
Realmente existe um olhar diferenciado. Eu tenho uma atenção, primeiramente, com as construções. Em Itu agora estamos efetuando o restauro dos azulejos da fachada. Isso é uma construção de taipa de pilão, que exige cuidados diferentes de outras edificações, então com a retirada dos azulejos, precisamos analisar como está essa taipa, se está úmida, se está seca, se haverá perda de azulejos. E não é apenas isso, eu preciso analisar a parte estrutural, educacional e todo o resto. A Heloísa é museóloga, sendo assim ela já tem outro olhar. Eu acredito que tudo é uma troca e aprendizado. Ela me mostra algo de um ângulo, eu mostro de outro ângulo e assim com as outras pessoas da equipe, e uma troca de experiências acontece até chegarmos ao senso comum. Não só aqui, mas no Museu do Ipirangaem São Paulotambém, claro que numa escala maior, afinal de contas aqui eu trabalho com 20 pessoas num ambiente de, acredito eu, quase mil metros quadrados, enquanto no Ipiranga eu tenho uma equipe de quase cem pessoas e 6 mil metros quadrados para pensar.
Quais serão seus projetos nessa gestão de quatro anos?
A gestão anterior efetuou o restauro dos azulejos na parte interior do Museu, então agora nós já demos início aos azulejos da fachada do casarão, que já foram todos retirados e estão sendo restaurados. É um processo demorado, pois a retirada exige cuidado extremo, e depois o restauro, reposição de azulejos perdidos e recolocação, leva no mínimo três meses, mas como em todo tipo de obra existem imprevistos. Precisamos deixar esse prédio dentro nas normas de acessibilidade, pensando em não descaracterizá-lo, trabalhando em comum acordo com os órgãos do tombamento, Iphan e Condephaat. Faremos também a recuperação do telhado da edificação e a construção de um novo prédio de apoio para a equipe, com banheiros, copa e área de descanso. Esse prédio de apoio já possui projeto e terá dois pavimentos. Além disso, teremos projetos para segurança contra incêndio e segurança contra crimes. Sempre respeitando a casa e atendendo as necessidades de um museu, normas de construção e atendendo as imposições dos órgãos de preservação, que em Itu são dois. Jáem São Paulopreciso trabalhar com três, pois além do estadual e nacional, ainda temos o municipal. Eu pretendo deixar o museu pronto apenas para manutenções preventivas.
Projetos
Confira os projetos para o Museu Republicano nas mãos da dra. Sheila Walbe Ornstein:
ü Restauro dos azulejos da fachada do casarão
ü Recuperação da edificação interna
ü Construção de prédio de apoio a equipe (banheiros, copa e área de descanso)
ü Recuperação do telhado
ü Segurança contra incêndio
ü Segurança contra crimes
ü Adequar o prédio de acordo com as normas de acessibilidade
texto Gisele Scaravelli
fotos Rubem Rocha