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Post: As mil mulheres de Denise Fraga

As mil mulheres de Denise Fraga

Denise Fraga é dirigida pelo marido Luiz Villaça, na peça “Sem Parar”, texto inglês que chega este mês a Indaiatuba, com apoio da Revista Regional

Uma delas você poderá assistir de perto, no próximo dia 25, em Indaiatuba na peça “Sem Pensar”, que tem apoio da Revista Regional

O humor é seu ponto forte, e também sua fascinação. Foi com ele que ela deu vida as mais diversas personalidades “escondidas” no país. Com o seu talento, nenhuma história é sem graça ou desmerecedora de atenção. Denise Fraga reviveu as peripécias de uma cobradora de ônibus que transformou a viagem dos passageiros em uma verdadeira festa, a uma sonhadora atriz de cinema que manteve um acervo de recortes de fotos das famosas cenas das telonas, a mulher apaixonada por porquinhos, e por aí vai. Literalmente, são várias mulheres em uma.

Agora quem ganha voz, gestos e sentimentos por meio da atriz, é Vicky, uma mãe de família que não vê a filha sofrer bem abaixo do seu “nariz”, porque está muito ocupada com a crise em seu casamento. Foi essa mulher que deu a oportunidade de Denise ganhar o Prêmio Contigo de Teatro como Melhor Espetáculo de Comédia na categoria Voto Popular. “O reconhecimento do público tem um valor inestimável para um artista. É como se ganhássemos uma medalha de ‘entendemos o que vocês queriam dizer’. Fazemos a peça para comunicar uma ideia e o fato dela ter sido apreciada e compreendida dá uma satisfação incomparável”, fala a atriz em entrevista exclusiva à Revista Regional.

Vicky e sua trupe desembarcam em Indaiatuba no Ciaei em 25 de agosto, às 21h, com a peça “Sem Pensar”. Antes disso, Denise Fraga bateu um papo com a nossa reportagem.

Regional – Vicky e Nick não notam que a filha está envolvendo-se com o vizinho de quarto, uma vez que se encontram em uma crise de casamento. Por mais que a peça seja uma comédia, você acha que o público sai do teatro pensando no que não enxergam e que está bem a sua volta? É uma preocupação dos atores e diretor causarem esse pensar na plateia?

Denise Fraga – Quando eu e o Luiz (Luiz Villaça – autor da peça no Brasil e marido da atriz) vimos a peça em Londres, ele se animou, até porque já vinha pensando em dirigir teatro há algum tempo. Acho sempre que o grande motivo do sucesso de uma peça, um filme etc é a vontade de você contar para todo mundo algo que te arrebatou o coração. Acho que foi isso que aconteceu com o Sem Pensar: o entusiasmo do Luiz em dirigir, nosso frisson com o texto, a reação da plateia lá… Talvez esta seja a peça que eu fiz em que a reação das pessoas é a mesma em todas as cidades que apresentamos. E a mesma de Londres.  É incrível como esta autora condensa num texto todas as famílias do planeta fazendo a gente rir da nossa dificuldade de comunicação cotidiana. O próprio texto de Anya Reiss é que faz isso com quem assiste. Ela cria situações cômicas para falar de nossos dramas familiares. Realmente a peça fala de como somos desastrados com o verbo “amar”, como podemos cair na cilada de tratar tão mal quem a gente mais ama.

“Sem Pensar” foi escrita por uma adolescente. Quando o diretor da versão brasileira sugeriu esse texto, houve algum pré-conceito por causa da idade da autora? Você acredita que essa peculiaridade é justamente o diferencial do texto, e um dos motivos pela peça ser tão premiada?

Eu e o Luiz Villaça fomos participar de um Festival de Cinema em Giffoni na Itália com o último longa-metragem dele, “O Contador de Histórias”, e resolvemos ir a Londres assistir aos espetáculos, pesquisar. Na época, a revista inglesa Time Out publicou uma matéria que dizia “se você tem uma única noite em Londres, vá assistir à Spur of the moment” (título original de “Sem Pensar”) e fomos. Quando vimos a montagem no Royal Court Theatre saímos do teatroem alvoroço. A autora tinha na época 17 anos, mas não sabíamos. Parece que falar a idade dela dá crédito ao que conseguiu fazer com tão pouca idade, mas se o texto fosse escrito por uma autora madura teria o mesmo valor. O que vale é a forma como ela conseguiu escrever sobre todas as famílias do mundo e a idade dela não valoriza ou desvaloriza sua obra. Em Londres, entre risos, silêncios e reações verbais da plateia, o texto da jovem inglesa Anya Reiss era mesmo de tirar o fôlego e fazia jus a tudo o que a imprensa londrina andava falando sobre ele. O ritmo de sua escrita criava uma cadência alucinada para questões absolutamente reconhecíveis do dia a dia familiar, nos fazendo ver o quanto risíveis e absurdos podemos ser em nossa cegueira cotidiana. Acho que este reconhecimento aconteceu também aqui no Brasil, com nossa montagem.

Trabalhar com o marido (Luiz Villaça) ajuda na concepção da peça, uma vez que em casa vocês podem conversar sobre, ou o que é do teatro fica no teatro, e o que é de casa em casa?

Eu e o Luiz nos conhecemos trabalhando e desde então trabalhamos muito juntos.  O Luiz tem três longas e em dois eu trabalho como atriz. Tudo que eu fiz no “Fantástico” (da TV Globo) foi criação e direção dele. Acho que achamos um jeito das coisas caminharem. Nós nos respeitamos, discutimos muito no processo criativo, mas sabemos o lugar de cada um. Temos cumplicidade. É uma parceria na vida e na arte. Costumo dizer que fazemos filhos e filmes (risos). Claro que quando estamos envolvidos em um processo criativo continuamos trabalhando mesmo em casa! E esta peça tem uma peculiaridade, pois os personagens têm a mesma idade de nossos filhos: Nino (14) e Pedro (13). Há muito tempo eu insistia para que o Luiz fizesse teatro, pois sentia que o grande barato dele é a direção de ator, a relação, fazer a cena fluir. Sabia que faria bem, mas ele sempre ficava reticente de estrear nessa linguagem. Mas adorou e já está com um projeto novo para 2013, “A Descida do Monte Morgan”, de Arthur Miller.

Você é uma talentosa atriz conhecida por suas interpretações sempre com um “pé” na comédia. Essa peça não deixa de ser nesse estilo, mas devido às brigas entre marido e mulher, existem cenas mais densas. Em qual estilo você acha que se “encaixa” melhor? Comédia é sua grande paixão?

Eu tenho fascinação pelo humor. “Sem Pensar” é uma comédia sobre nossas relações familiares com seus dramas desnecessários, nossa falta de destreza com o verbo amar. Traz um olhar irônico nos conflitos, nas ausências e na falta de percepção de si e do outro no cotidiano de uma família. A Vicky, minha personagem, é uma mulher que chega a ser engraçada de tanto mau humor! Acho que quando o teatro nos faz rir de nossas emoções e paixões, nos ajuda a compreendê-las melhor. O texto é absolutamente divertido, mas ao mesmo tempo saímos do teatro pensando como somos ridículos, como poderíamos resolver melhor as charadas que a vida nos propõe. Divertir para fazer refletir, eis o que me encanta como atriz.

Além de “Sem Pensar” quais são seus demais projetos?

Estamos em turnê com outro espetáculo, “Chorinho”, com a atriz Cláudia Mello, texto e direção do Fauzi Arap, que deve chegar aos palcos de São Pauloem outubro. Alémdisso, elaboramos um novo projeto para TV, só para o ano que vem, mas ainda em fase de criação. No cinema, este ano deve estrear o “Hoje”, novo longa-metragem da Tata Amaral, que foi um dos grandes desafios da minha carreira. Talvez o papel mais dramático que já vivi e uma história emocionante. E ano que vem vamos filmar “Do lado de cá”, roteiro de Sérgio Roveri e Luiz Villaça, uma encomenda da Warner, que farei com o ator Domingos Montagner.

texto Yara Alvarez

foto Divulgação

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