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Uma aventura ecológica

Como existem várias possibilidades de percurso, cujas variações interferem na distância e intensidade das trilhas, Sergio e Nathalie optaram por dividir a Travessia da Joatinga em quatro etapas, como mostram as fotos dos dias desta aventura

Travessia da Ponta da Joatinga – que vai de Parati até a Vila de Laranjeiras, no Rio de Janeiro – é o roteiro ideal para satisfazer o desejo daqueles que estão em busca de aventura, como este casal de Itu

Feche os olhos por um momento. Imagine um lugar paradisíaco, de difícil acesso, com paisagens de tirar o fôlego: praias quase desertas, cachoeiras e montanhas cobertas de verde. Todas essas características credenciam a Travessia da Ponta da Joatinga – que vai de Parati até a Vila de Laranjeiras, no Rio de Janeiro – como o cenário ideal para satisfazer o desejo daqueles que estão em busca de aventura, reunindo, numa mesma viagem, a oportunidade de trabalhar, praticar esportes e manter contato mais próximo com a natureza.

É o caso, por exemplo, da fisioterapeuta Nathalie Anne Lockley e do administrador de empresas Sergio Vilas Boas, que realizaram o trajeto completo em dez dias. “Há muito tempo pensávamos em fazer essa travessia; aliás, já realizamos parte dela em um duck a remo, saindo de Parati e indo até o Pouso da Cajaíba, mas ficou faltando o Saco do Mamanguá. Então, desta vez resolvemos que faríamos o caminho completo e foi incrível. Gostamos de estar em contato com a natureza, poder acampar em lugares onde poucas pessoas têm acesso”, conta a fisioterapeuta.

Não satisfeitos em enfrentar os obstáculos naturais, o casal – que reside em Itu – encontrou uma maneira de incrementar essa receita, acrescentando algumas doses de superação no roteiro, para tornar o desafio mais convidativo. Explica-se: dispensando o auxílio de uma equipe técnica, eles documentaram todo o percurso. As gravações deram origem ao “Programa Ecotrekker”, uma websérie que está disponível no Youtube.

O peso dos equipamentos de filmagem exigiu de ambos um bom preparo físico e esforço redobrado. Nathalie explica que além de montá-los, era preciso ficar atento tanto ao caminho, quanto a paisagem. “Resolvemos unir o útil ao agradável. Esse primeiro programa foi um piloto, onde pudemos aprender e chegar a um formato definitivo. Agora, nós estamos em busca de patrocínio para viabilizar a primeira temporada. Nossos vídeos hoje têm mais de 3 mil visualizações: por meio das redes sociais, você atinge diretamente o seu público-alvo”.

Muito além da aventura

Aos aventureiros que se entusiasmaram, Sérgio dá algumas dicas. Uma alternativa, segundo ele, é levar pouca comida, já que há várias praias nas quais é possível encontrar um prato feito (arroz, feijão, peixe frito e salada). A barraca deve ser bem leve – a que usaram tinha menos de dois quilos. A mesma recomendação se aplica a mochila: deve-se optar, no entanto, pelos modelos mais resistentes, que se adaptem bem ao corpo e estejam preparados para tomar chuva. Só é possível dispensar a companhia de um guia especializado se possuir alguma experiência em acampamentos, noções de primeiros socorros e orientação.

O administrador de empresas também aconselha a reagir aos imprevistos com bom humor. E o mais importante: sem desespero. O casal se lembra, por exemplo, de quando conseguiu uma carona de barco, quase dentro do mangue. Em outra situação, eles tiveram autorização para dormir em uma praia particular, onde o acampamento é proibido. “Estava chovendo e os responsáveis nos cederam um quarto na areia da praia, onde os condôminos deixam as cadeiras e guarda-sóis. O único momento em que realmente pensamos em desistir foi depois que Sérgio cortou a perna”, desabafa Nathalie.

Veterano quando o assunto é aventura – eles haviam passado a lua-de-mel na Chapada Diamantina, um lugar perfeito para quem gosta de trilhas, cachoeiras e natureza –, o casal acredita que o saldo final é positivo, pois a travessia tornou-os ainda mais unidos. Para superar os obstáculos, é preciso, em primeiro lugar, gostar do que está fazendo e depois tolerar a dor, o cansaço, a falta de conforto e o parceiro.  Ao mesmo tempo, essa experiência é considerada um aprendizado: ela conta que, depois de dez dias dormindo em barraca, sem conforto nenhum, passou a valorizar as pequenas coisas e a respeitar mais a natureza.

“O melhor desse tipo de viagem não é a conquista do final da travessia, e sim o dia a dia do acampamento, as belezas naturais de cada lugar e o contato com a natureza. Alguns momentos foram bastante marcantes, como, por exemplo, o passeio de barco pelo rio, quase dentro do mangue, passando por muitos caranguejos vermelhos. A vista maravilhosa que se tem do Pico do Pão de Açúcar e a conquista da lindíssima Praia de Ponta Negra também permanecerão na memória”, sentencia.

A travessia de Joatinga por etapas

Como existem várias possibilidades de percurso, cujas variações interferem na distância e intensidade das trilhas, Sergio e Nathalie optaram por dividir a Travessia da Joatinga em quatro etapas:

1ª Parte: O Saco do Mamanguá – Eles saíram da trilha de Parati-Mirim e percorreram toda a sua margem oeste até a praia do Curupira. Foram de barco até a cachoeira do Rio Grande e atravessaram a margem leste do Saco do Mamanguá, conhecendo o Pico do Pão de Açúcar. Depois, seguiram para praia do Engenho.

2ª Parte: A Cajaiba – Daí em diante, Sergio e Nathalie pegaram a trilha para a praia Grande da Cajaíba, conheceram suas duas cachoeiras e continuaram em direção as praias de Itaóca, Caeta de Calhaus, Calhaus, Itanema, Toca do Carro e Pouso da Cajaíba, a mais povoada e agitada da região.

3ª Parte: A Joatinga – Marcando o início da terceira etapa, o casal percorreu a trilha rumo à praia da Sumaca, e continuou até o farol da Joatinga, que chama atenção pelo seu belo visual. Depois, eles voltaram e seguiram para a praia de Martins de Sá, posteriormente passando pelo Saco das Anchovas e Cairuçu das Pedras.

4ª Parte: A Ponta Negra – No final da travessia, enfrentaram a trilha mais íngreme e longa. Após uma subida interminável e extenuante, chegaram à Ponta Negra, seguiram pelas praias de Galhetas (do furado), Antiguinhos, Antigos, Sono, até concluírem o percurso na Vila do Oratório.

LINK:

Facebook: www.facebook.com/ecotrekkers

Twitter: www.twitter.com/Ecotrekkers

Youtube: www.youtube.com/EcotrekkerTV

VEJA ABAIXO GALERIA COM AS FOTOS DA AVENTURA.

 texto Piero Vergílio

crédito: Arquivo pessoal

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