Controle excessivo, impaciência e medo de perder o companheiro podem mostrar que sim
Você já deve ter ouvido alguém dizer que o ciúme é prova de amor, né? Mas, segundo a psiquiatra Darley Machado, cooperada da Unimed, não é bem assim. Apesar de ser comumente relacionado à paixão e à devoção, a médica explica que esse “sentimento normalmente está ligado a um pobre autoconceito (insegurança, menos valia, inferioridade) e também pode ser sintoma de um quadro patológico mais grave, como a esquizofrenia paranóide”.
As pessoas ciumentas costumam distorcer o sentimento de zelo por outra pessoa e não conseguem distinguir a imaginação da certeza. De acordo com a psiquiatra, os muito ciumentos, por mais que tentem manter o controle, em um primeiro momento, acabam sendo reféns de situações em que a demonstração de ciúme será mais forte. Pode-se perceber quando o indivíduo deixa de lado o cuidado com o outro e passa a apresentar sintomas de um ciúme obsessivo quando:
– não quer ir a uma festa para não expor o companheiro(a);
– proíbe a pessoa de ter amigos ou de sair sozinha;
– procura levar e busca o companheiro(a) em seus compromissos para checar o local;
– se preocupa quando a pessoa está alegre demais ou quando está muito arrumada;
– torna-se violento ao pensar que a pessoa amada pode estar se relacionando com outro(a);
O ciúme não surge apenas nas relações entre marido e mulher ou namorados. Também pode acontecer entre amigos, familiares, nas relações com os animais de estimação e até por objetos pessoais. Em um relacionamento a dois, por exemplo, é comum ver um companheiro – ou companheira – que não faz nada de errado passar a ser vítima das imaginações do outro, o que torna a convivência insuportável, esclarece Darley. Sem contar que alguém que sofre com esse tipo de angústia costuma se sentir ansiosa, depressiva, com desejo de vingança.
O ciúme, completa a médica, está essencialmente ligado ao pensamento, que acarreta uma emoção e um comportamento correlato nos indivíduos. Assim, dependendo do que a pessoa pensa, a angústia se torna tão forte que pode gerar atitudes violentas ou manifestações orgânicas, como dor de cabeça, insônia ou um desconforto geral.
Aquelas que têm um bom autoconceito querem bem a quem ama e não se importam que seus companheiros tenha suas próprias atividades. Já as que são inseguras transformam eventos simples, como uma partida de futebol com os amigos, em uma grande aflição, pois criam em sua mente dezenas de acontecimentos negativos e, nesse caso, normalmente, acham que o parceiro está mentindo. “O sujeito ciumento fica querendo saber quem são os amigos do companheiro, se toca o telefone já quer logo saber quem é, checa e-mail e o celular e se o outro está feliz já acha que alguma coisa está acontecendo”, explica a psiquiatra.
Quando o ciúme chega a ponto de atrapalhar a vida de um casal é sinal de que está na hora de procurar ajuda profissional. O tratamento ideal, segundo a médica, é a psicoterapia e o uso de medicamentos nos casos de esquizofrenia ou outros transtornos psicóticos. “A psicoterapia promoverá a reestruturação emocional, com melhora do seu autoconceito”, diz.
A médica reforça que ciúme não é prova de amor. “O amor não se prova. Tem que ser sentido, demonstrado. Por meio de carinho, zelo pelo outro, diversão e boas risadas. Ciúme não tem nada a ver com isso”, conclui.
Para acabar de vez com o ciúme
Para que um relacionamento dê certo – seja entre homem e mulher, familiares ou amigos – algumas dicas podem ajudar. Confira quais são e aproveite os bons momentos que a vida oferece. Sem ciúme, claro!
– Tente controlar os pensamentos e emoções.
– Coloque no papel os próprios sentimentos. Isso ajuda a compreender o que está acontecendo. Pode ser um diário ou um blog, não importa. O que vale é externar a angústia.
– Procure ajuda com um profissional (psicoterapeuta, psiquiatra).
– Tenha consciência de que a relação não está saudável.
– Converse sempre e se coloque no lugar do companheiro.
– Cuide de si mesmo e realize atividades prazerosas.
– Demonstre seu amor de outras formas que não sejam a cobrança.
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