Uma das principais feiras de design e objetos contemporâneos do país, a Paralela Gift deste ano contou com a participação de diversos profissionais da área, que trouxeram novidades em lindas peças como móveis, cerâmicas, tecidos e uma infinidade de produtos para decoração
Com curadoria da designer Marisa Ota, a Paralela Gift é uma feira que procura incentivar e divulgar trabalhos autorais de designers e artesãos de todo o país, e apresenta ao mercado produtos contemporâneos que podem vir a ser comercializados em breve.
A feira mostra as novas tendências do design brasileiro e ajuda os expositores, que são apresentados ao público interessado e aos lojistas. Nos próximos meses, conheceremos de perto o trabalho dos designers participantes, que farão parte do mercado e terão suas peças a venda em lojas especializadas por todo o país.
A Parelela Gift é um evento que se tornou referência em tendências e lançamento de novos talentos, em especial os talentos brasileiros. De acordo com os designers, participar da feira é importante porque ajuda a ganhar visibilidade, além do contato enriquecedor com outros profissionais da área. A valorização das criações brasileiras e o foco em materiais e em sustentabilidade é uma das preocupações da curadoria.
Marisa Ota, que há dez anos está à frente da idealização e seleção dos profissionais participantes da feira, diz que a sustentabilidade é importante e esteve bastante presente entre as peças dos designers. “São produtos ecológicos de qualidade, com madeiras certificadas, papel marchê e reutilização de materiais como o plástico e aço. Cada expositor faz uso desses materiais a sua maneira, o que confere um toque diferente e único aos produtos apresentados”, diz a designer gráfica e curadora.
De acordo com Marisa, a Paralela Gift é uma feira diferente das demais feiras de design. “A maior parte dos nossos expositores caracteriza-se pela produção em pequena escala, autoral, e pelo uso de novos materiais e tecnologia”.
Novidades
Alguns dos principais designers desta edição foram Daniela Karam, Eduardo de Castro, Cynthia Gavião e Cristina Germann, e neste ano houve também a participação de um grupo de design argentino, que marcou presença e apresentou bolsas, almofadas, objetos para a casa e tecidos, trabalho que imprimiu à 21ª edição da feira aspectos da cultura latino-americana.
De acordo com Marisa Ota, as novidades este ano incluíam o design têxtil e as cerâmicas. “Tivemos o prazer de abrir espaço a um grupo de design da Argentina, que veio à feira com a proposta de representar sua identidade local e ao mesmo tempo tão nossa, um DNA latino americano com originalidade e alta qualidade, além do maravilhoso trabalho brasileiro, presente desde sempre na trajetória da Paralela”, diz a curadora.
Um dos destaques foi Eduardo de Castro, que atualmente trabalha com gravações de motivos variados em peças de vidro e cristal. Segundo Eduardo, suas maiores inspirações vêm da natureza com suas formas e texturas. “Também gosto muito das antigas iluminuras de livros religiosos, das rendas belgas, italianas e francesas, além de imagens que remetem ao construtivismo russo. Tenho uma biblioteca que não para de crescer, dedico a maior parte do meu tempo livre em pesquisas de novas soluções estéticas”, comenta o designer.
Soluções estéticas essas que também visam melhorar a qualidade da vida das pessoas, com objetos feitos para a casa que além de embelezar os ambientes, trazem mais praticidade e uma carga cultural muito forte, dependendo das referências que o designer utiliza para a criação.
É o caso de Daniela Karam, que mantém um site dedicado não somente as suas criações, mas também as suas viagens e experiências de vida. A influência que o contato com outras culturas teve no seu trabalho é evidente. “Nesta última coleção me inspirei na região norte de Portugal. Pesquisei os trajes da região do Minho, além dos seus azulejos e gradis. Entre bordados, lenços de amor e a poesia de Fernando Pessoa, nasceram peças delicadas e cheias de referências tradicionais”, nos contou Daniela, que entre outros objetos, apresentou na feira um espelho de mão muito delicado cuja embalagem de puro linho contém fragmentos de poesia. “Acredito que design e cultura são inseparáveis. As coleções que crio são um meio de divulgar minhas descobertas pelo Brasil e pelo mundo. Guatemala, países europeus, Japão, tudo me interessa. Busco técnicas tradicionais, ofícios locais, culinária, música e literatura para desenvolver os motivos e peças que fazem parte do meu dia-a-dia”.
Resgate cultural
As influências culturais são muito importantes para quem gosta e trabalha com design. Cristina Germann, por exemplo, diz que adora resgatar bordados antigos e transformá-los em motivos para tecidos. “Também domino variadas técnicas manuais e acredito no feito a mão como a melhor de todas as grifes. Passei muito tempo no exterior, o que me fez amar ainda mais e sentir vontade de redescobrir o Brasil. Durante idas e vindas, a diversidade cultural foi me colocando em contato com um mundo de histórias, cores e texturas que despertaram minhas vivências de infância e a vontade de traduzir tudo através do hand-made, que é o fazer com as mãos”, conta a sulista de Porto Alegre.
Assim, pudemos conhecer um pouco sobre os designers brasileiros que nem sempre estão associados a marcas ou lojas, e que dificilmente conseguem ter espaço para mostrar seu trabalho. É importante reconhecer nossos talentos e valorizar o que temos, que é o produto brasileiro. “Acredito que a força da identidade brasileira está no resgate dos elementos da cultura popular aliados a liberdade, sustentabilidade e criatividade dos nossos profissionais. Temos designers que estão ganhando espaço a partir desse cuidado e dedicação, muitas vezes substituindo e conciliando a alta tecnologia pelo fazer manual”, conclui Marisa.
texto Paula Ignácio
fotos Mariana Chama e Divulgação
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