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Post: Nas profundezas do mar sem fim…

Nas profundezas do mar sem fim…

O fundo do mar guarda maravilhas inimagináveis, como mostram Jefferson e Graziela em suas fotos

Cada vez mais, o mergulho tem se tornado a paixão dos brasileiros

Considerado um dos esportes mais radicais praticados em todo o mundo, o mergulho também tem sido fortemente difundido como um grande passatempo entre os mais diversos tipos de público. São homens, mulheres, jovens, adultos, empreendedores, aventureiros… cada um com seus motivos, que vão desde a busca por uma experiência inédita até a fuga do estresse do dia-a-dia. O fato é que quem o pratica pela primeira vez não quer nunca mais esquecer a maravilhosa sensação de respirar embaixo d’água e conhecer um mundo completamente diferente do qual está habituado. Um mundo cheio de cores, mistérios e curiosidades, que encanta pela imensidão da sua beleza.

Ao menos foi isso que a fotógrafa Graziela Scudeler Zani sentiu quando mergulhou pela primeira vez. Ela tinha acabado de se formar na faculdade e estava à procura de novas emoções. Fez um curso básico em Indaiatuba, onde mora, e logo depois partiu para uma viagem ao litoral carioca. O destino? A bela e histórica Paraty – cidade colonial fundada há mais de 500 anos e que até hoje preserva inúmeros encantos naturais e arquitetônicos. Graziela lembra como se fosse ontem: um final de semana inteiro para colocar em prática tudo o que aprendeu em sala de aula. “Tive muita sorte. O mar estava claro e a visibilidade ótima, vi várias espécies, foi muito legal”, recorda.

Pronto. A partir daquele momento, a fotógrafa tinha certeza de que o mergulho se tornaria uma paixão. “Eu me tornei uma mergulhadora com carteirinha e tudo o que tenho direito”, afirma. Para chegar até lá, não precisou de muito esforço. Apenas dedicação e o acompanhamento profissional pelo qual todos que desejam mergulhar precisam passar. “Quando fiz o curso, aprendi conceitos primários necessários para mergulhar com cilindro, estudei um pouco sobre a vida marinha e depois passei para a piscina, onde treinei a entrada na água, a comunicação embaixo dela, montagem do equipamento, respiração e controle da flutuação”, compartilha a entrevistada, ressaltando a importância de cada passo.

Quando questionada sobre o que é mais prazeroso no mergulho, Graziela até se perde. “São tantas coisas, mas adoro flutuar na água. Apesar de estar com o peso do cilindro nas costas e mais o do lastro que ajuda a afundar, lá embaixo a gente flutua ‘gostoso’ sem muito esforço, a gente nada tranquilo e toda a vida marinha está lá para que a gente possa apreciar e interagir com ela. Sempre com cuidado, claro”, responde. E o modo ao qual ela se refere à experiência deixa qualquer pessoa, no mínimo, curiosa. “É uma sensação incrível! Difícil de explicar. O ambiente diferente do nosso, saber lidar com ele a seu favor e ainda encontrar peixes de diferentes cores e tamanhos, tartarugas, arraias, corais, enfim… é tudo muito lindo”, descreve.

Entre os lugares que já visitou a mergulho, Graziela guarda dois com um carinho especial: Abrolhos e Fernando de Noronha. Para a fotógrafa, que leva a atividade como um hobby, cada mergulho é muito intenso, principalmente porque não o pratica com tanta frequência como aqueles que o encaram como esporte. “Em Abrolhos foi demais! Eu estava distraída olhando para corais, lagostas imensas e muitos peixes que brilhavam com a luz do sol quando de repente dei de cara com um Nero, um peixe enorme, parado em minha frente. Nos olhamos, ele passou por mim, voltou e nadou me acompanhando por um tempão. Achei o máximo. Já em Fernando de Noronha mergulhei entre cardumes, rochedos, peixinhos que vinham até mim achando que eu estava segurando comida e uma arraia gigante”, contou, empolgada, nos permitindo imaginar as descobertas deliciosas que podemos fazer embaixo d’água.

Quem sabe exatamente como é essa sensação é Jefferson Navarro. Nosso segundo entrevistado é tão apaixonado pelo esporte que decidiu viver dele. Instrutor responsável pela ScubaItu, escola de mergulho em Itu, despertou interesse pelo assunto quando ainda era muito jovem. “Aos 15 anos de idade, assistindo a um seriado sobre mergulho na televisão, achei que deveria experimentar aquela sensação de respirar embaixo d’água. Aí comecei a perseguir todo tipo de programa que envolvesse o esporte, como Jacques Cousteau, por exemplo”, explica. Alguns anos mais tarde, em 1994, fez seu primeiro curso. E não parou mais.

“Depois que fiz meu curso básico, fui mergulhando e conhecendo alguns lugares, me relacionando com outros mergulhadores mais experientes e tentando absorver um pouco do conhecimento deles. As dificuldades surgem e para isso são necessários cursos e treinamentos específicos. Leva muito tempo para se tornar um bom instrutor”, reflete. Naquela época, Jefferson não pensava em trabalhar com isso. Ele conta que foi tudo natural. “Quando você é apaixonado pelo mergulho, o esporte vai se tornando parte da sua vida, da sua personalidade e você vai se especializando até que se torna um instrutor. Um dos motivos de se trabalhar com o mergulho é o fato de poder estar sempre envolvido com ele”, argumenta o profissional.

Assim como para Graziela, são inúmeros os fatores que tornam o mergulho tão encantador, mesmo para quem o pratica com frequência. Sempre há uma novidade. Para Jefferson, enquanto instrutor, ver o sorriso no rosto de uma pessoa que mergulha pela primeira vez é algo impagável. “É uma sensação muito boa, é muito legal poder proporcionar isso”, diz, com orgulho do que faz. E só alguém que conhece o mergulho tão a fundo pode explicar por que esse esporte fascina tanto e tem ganhado cada vez mais adeptos no Brasil e em toda a nossa região. “Na verdade o mergulho é encarado como uma atividade de lazer, um passeio, um hobby. As pessoas se acham nessa atividade por vários motivos: exploração de um ambiente novo, sensação de liberdade, aventura, fazer algo diferente, conhecer lugares, viajar e até mesmo por socialização”, acredita.

Jefferson encara mais por esse lado do que pelo esportivo porque no mergulho ninguém compete com ninguém e nem precisa ser atleta para poder praticá-lo. Qualquer pessoa pode mergulhar, contanto que esteja em perfeito estado de saúde física e mental. O mergulho autônomo (com cilindro) pode ser iniciado com idade mínima de 12 anos. Para as crianças menores, existe o snorkeling, que é o mergulho livre, praticado na superfície com máscara, snorkel e nadadeiras. Imprescindívelmente com a supervisão de um responsável. “O mergulho não exige tanto preparo quanto se imagina. Se a pessoa tiver vontade e quiser praticar, já é quase o suficiente. Aí ela tem a opção de fazer um curso ou um batismo acompanhado de um instrutor para ver se gosta. E eu duvido que não vá gostar”, esclarece.

Para quem deseja se aventurar a mergulhar, o profissional sugere procurar uma escola ou um instrutor com credibilidade que possa oferecer treinamento e capacitação. “Uma boa dica é conversar com algum amigo ou conhecido que já mergulha para buscar referências. Outra coisa importante é verificar se essa escola ou instrutor está em status ativo e, com isso, pode certificar o aluno”, ensina. No Brasil, o que não faltam são lugares para mergulhar. E o mergulho está tão difundido por aqui que é possível encontrar escolas em quase todos os Estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Manaus, Bahia, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Pernambuco, entre outros.

Onde mergulhar?

O Brasil possui quase 8.000 quilômetros de litoral, o que o torna um país rico em opções para a prática do mergulho. Para nós, que moramos no Sudeste, os lugares mais indicados são a famosa Laje de Santos; Ubatuba; Ilhabela e Paraty. Em nível nacional, ainda há muitos outros pontos de mergulho que valem a pena ser visitados, como Bonito, Arraial do Cabo, Angra dos Reis, Búzios, Ilha Grande, Recife, Porto de Galinhas e o mais famoso de todos: Fernando de Noronha.

Quanto custa?

O candidato a mergulhador precisará gastar em algumas etapas, enquanto durar seu treinamento. O curso teórico e o prático em piscina saem em torno de aproximadamente R$ 350,00. Depois há uma segunda etapa, que consiste em uma viagem para o litoral e o credenciamento. O tempo do curso todo dependerá da disponibilidade do aluno para fazer a viagem para o litoral e executar os mergulhos de um modo satisfatório para receber sua credencial. Geralmente dois finais de semana são o suficiente.

reportagem de Caroline Rizzi

fotos: Microfoto e Arquivo pessoal

 

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