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Post: Reuso da água é aposta das indústrias

Reuso da água é aposta das indústrias

Destino de água reutilizada varia de acordo com as necessidades; economia com reuso pode chegar à casa dos milhões

As indústrias investem cada vez mais em estações para captação de águas pluviais e tratamento do líquido

Globalização do mercado, busca por melhores resultados e maior economia, aliados à boa imagem, fazem com que as empresas busquem cada dia mais unir todos os quesitos em sua conduta interna e externa.

Uma das principais preocupações das companhias atualmente é a questão da preservação do meio ambiente. Facilmente vemos em nosso dia a dia empresas que usam o assunto como bandeira de defesa, e uma das frentes para o ecologicamente correto é o reuso de água. Na região temos diversas indústrias que já adotaram essa prática na busca por economia, e visando também a preservação do meio em que vivemos.

Na Schincariol, por exemplo, a água é tema central da plataforma de sustentabilidade, sendo que todas as ações desenvolvidas têm impacto direto ou indireto na redução de seu consumo. Em diversas unidades fabris da marca existem iniciativas voltadas para o reuso, seja em processos industriais ou mesmo para outros fins, como irrigação e limpeza de pisos. “A Schincariol utiliza, dentro da metodologia TPM (Total Productive Management), grupos de melhoria onde uma das frentes do trabalho é desenvolver ações para eliminação do desperdício de água e redução de seu consumo. Uma delas, por exemplo, aconteceu na unidade produtiva de Horizonte, no Ceará. Em virtude da escassez do recurso naquele Estado, a fábrica da Schincariol no município foi pioneira na implantação de projetos de reuso e redução de consumo, como reaproveitamento e captação da água de chuva, além da utilização de efluentes tratados para irrigação”, fala Gino Berninzon Di Domenico, diretor de operações da Schincariol, que completa com os números de redução de 12,5% no consumo de água entre 2008 e 2010 na unidade. Além disso, há ainda frentes em tecnologia com projetos de engenharia desenvolvidos também com esse objetivo. Um deles, em fase de desenvolvimento, é um programa de Pegada Hídrica que tem como meta uma redução potencial de 20% no consumo para os próximos dois anos, o que equivale a 2.297.924 m3 e corresponde a uma economia de R$ 3,1 milhões. “As águas pluviais também são captadas e utilizadas em algumas unidades. O excedente, depois de devidamente tratado, é sempre devolvido à natureza”, fala Di Domenico.

As leis ambientais cada vez mais rígidas e os altos custos envolvidos com o uso dos recursos naturais têm levado muitas indústrias a buscarem alternativas a curto e médio prazo. A própria empresa de bebidas é um exemplo de que o reuso de água gera economia. Nos três anos em que a Schincariol adota a prática já foram economizados R$ 3.342,080. “Encerramos o ano de 2010 com excelentes indicadores na área, resultado de investimentos consistentes em práticas sustentáveis, aplicadas aos seus processos de fabricação de bebidas. O consumo de água, no período, foi de 3,83 HL por HL de produto produzido, o que representa um consumo total no ano de 11.489.173,83 m3 e coloca a companhia em evolução no ranking das cervejarias neste quesito de avaliação. Em 2009 a empresa consumiu 4,03 HL / HL e em 2008 4,38 HL / HL, o que representa uma redução de 920.442,41 m3 e 1.650.388,61 m3, respectivamente, no comparativo com 2010”, completa o diretor de operações da marca.

De acordo com o estudo feito pela Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), em parceria com o Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Rio de Janeiro), as indústrias automobilísticas e de equipamentos necessitam de 8,3 m3 por hora para o Desbaste, de 6,9 m3 por hora para o Polimento, e de 1,5 m3 por hora para o Tratamento de Superfície.

Ainda de acordo com o estudo, e com base nesses números, a análise obtida através da simulação é de que a definição da máxima concentração de contaminantes na água de reuso mostrou que a porcentagem mais adequada é de 60%. Assim, apenas uma parte da demanda total, 40%, deve ser suprida pela fonte tradicional de abastecimento de água.

A Schott Flat Glass do Brasil, multinacional com unidade em Indaiatuba, também se destaca por projetos ambientais, principalmente pela reutilização da água, através de uma estação de tratamento de efluentes. Certificada pela ISO 9001 e ISO 14001, a empresa atua nos mercados de linha branca e refrigeração comercial.

O reuso da água acontece principalmente na limpeza das fábricas

Saindo das indústrias instaladas em nossa região, temos como exemplo a confecção de roupas masculinas Sideway, que trata a água gasta na produção das peças para usar na limpeza das telas, dos resíduos, da fábrica e para regar o jardim, evitando desperdiçar, e gastar, um alto volume de água tratada. A marca utiliza o mote do reuso como um chamariz a mais para seus consumidores, mostrando que a etiqueta é ecologicamente correta e responsável.

Outras grandes empresas nacionais e multinacionais seguem o bom exemplo: a BRF Foods reaproveita a água para a limpeza e na jardinagem das instalações; a Monsanto tem um projeto de reutilização de água em Camaçari (BA), que, só em 2010 reaproveitou 53 milhões de litros de água da chuva; a Johnson & Johnson também faz captação da água pluvial, além de tratar o líquido utilizado antes de descartá-lo no meio ambiente; e a Coca-Cola Brasil conseguiu reduzir de 2,4 litros para 1,95 litro de água para cada litro de bebida produzido.

Reuso em casa

Não são só as grandes indústrias capazes de reutilizar as águas pluviais. Existe no mercado uma gama de produtos elaborados, e pesquisados, especialmente para suprir as necessidades domésticas.

Paulo Rogério Fernandez, diretor executivo da Hidro Z, explica que a proposta do sistema de captação da chuva, comercializado pela companhia que representa, é de proporcionar a redução de gastos, garantindo a qualidade da água para ser usada em diversas aplicações do dia a dia, como lavagem de roupas, piscinas, lavagem de automóveis, regas, e até descargas de vasos sanitários. Com um sistema simples de tratamento instalado em casa é possível captar a água do telhado, que a partir do momento que entra em contato com uma das superfícies perde a pureza e pode se contaminar com diversas situações, já que se trata de superfícies que nunca são limpas e higienizadas.

O processo conta com três etapas: o gradiamento, que é a separação dos elementos maiores da água como as folhas, pena de pássaro, insetos mortos, entre outros; a filtragem, que é a remoção de partículas bem menores da água, como a fuligem; e por último a desinfecção, que seria a retirada de elementos que podem ou não haver com maior ou menos intensidade e que vemos só com microscópicos, que são os germes e bactérias. O aparelho realiza um processo de tratamento primário da água. Ele não proporciona água potável, mas aplicações nobres, como por exemplo, regar planta, lavar roupa, higienização do piso, entre outras.

“A virtude é condensar esses três processos em um gabinete compacto que é inserido no tubo de descida da calha. O aparelho é dividido em três partes: gabinete central, tanque de retenção temporário e kit de recalque. O tanque de retenção tem capacidade para 500 litros e tem um design retangular, de 40 cm de largura, para ficar encostado nas paredes laterais da casa. Há duas saídas, uma lateral e outra em que a água que sai da calha vai para o tanque de armazenamento temporário, cujo objetivo é estar sempre vazio, e servir de pulmão regulador. O kit de recalque, por sua vez, vai pegar a água desse tanque e jogar em um lugar que seja do desejo da pessoa. Pode bombear diretamente para uma caixa d’água no telhado. A bomba é ligada automaticamente, já que o sistema é todo automatizado e a pessoa não precisa estar em casa para ligar a bomba, quando começar a chover, exemplificando”, finaliza o diretor. (fonte de pesquisa: USP, Manual de Conservação e Reuso da Água na Indústria)

texto: Yara Alvarez

fotos: Microfoto e arquivo

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