Neurociência atesta que as rotinas atrofiam o cérebro e por isso indica exercícios divertidos para melhorar o desempenho cerebral
Pablo Neruda já dizia que “morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos; quem não muda de marca; não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece…”.
Talvez o poeta chileno já soubesse o que a ciência afirmaria somente anos depois de seu falecimento: que a rotina faz mal à saúde! A neurociência afirma que cerca de 80% do nosso dia-a-dia é ocupado por rotinas que, apesar de terem a vantagem de reduzir o esforço intelectual, escondem um efeito bastante nocivo: limitam e atrofiam o cérebro.
Neurocientistas descobriram que o cérebro, apesar de envelhecer, continua a possuir uma capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de suas conexões. Conscientes dessa descoberta, Lawrence Katz e Manning Rubin, revelaram que é possível incorporar ao cotidiano métodos que podem desenvolver e manter as conexões cerebrais. Através dessas estratégias, que ganharam o nome de neuróbicas, a pessoa pode aumentar a capacidade do seu cérebro de lidar com declínios na agilidade mental.
A tal “aeróbica dos neurônios” nada mais é do uma nova forma de exercício cerebral projetada para manter o cérebro ágil e saudável, criando novos e diferentes padrões de atividades dos neurônios, fugindo da rotina. Esse exercício aumenta a saúde geral do cérebro durante o percurso da vida e enquanto se envelhece. O desafio da neuróbica é fazer tudo aquilo que contraria as rotinas, obrigando o cérebro a ter um trabalho adicional.
Quais seriam esses exercícios? Regional ouviu cinco especialistas e reuniu algumas dicas de atividades neuróbicas que podem ser feitas no dia-a-dia como simples brincadeiras. É bem divertido, como trocar de mão para escovar os dentes ou para escrever, por exemplo. Gestos simples como esses contrariam a rotina e obrigam a estimulação do cérebro.
Neuróbicas
Encare as atividades como brincadeiras, divirta-se e estimule seu cérebro:
– Use o relógio de pulso no braço direito (ou no braço esquerdo, se for canhoto);
– Escove os dentes ou escreva em uma folha de papel com a mão contrária da de costume, concentre-se nos pormenores que você nunca havia reparado;
– Ande pela casa de trás para frente (na China há muitas pessoas que treinam isso em parques);
– Vista-se de olhos fechados;
– Estimule o paladar, coma coisas diferentes;
– Veja fotos de cabeça para baixo e tente observar cada detalhes que antes lhe passara despercebido;
– Veja as horas num espelho;
– Faça um novo caminho para ir ao trabalho ou introduza pequenas mudanças nos seus hábitos cotidianos, transformando-os em desafios para o seu cérebro;
– Troque de lado o mouse do seu computador;
– Decore uma palavra nova por dia e tente aos poucos introduzi-la em suas conversas de forma adequada;
– Ao entrar numa sala com muita gente, tente determinar quantas pessoas estão do lado esquerdo e do lado direito. Identifique os objetos que decoram a sala, feche os olhos e enumere-os;
– Experimente memorizar aquilo que precisa comprar no supermercado, em vez de elaborar uma lista;
– Ao ler uma palavra pense em outras cinco que comecem com a mesma letra;
– Leia atentamente e reflita sobre o texto. A atividade da leitura faz reforçar as conexões entre os neurônios. Para a mente, ainda não inventaram melhor exercício do que ler atentamente e refletir sobre o texto.
texto: Renato Lima
fotos: BIRF