Kartódromo Schin, em Itu, recebe pilotos de todo o Brasil; o esporte é a base de formação para pilotos profissionais
Ronco dos motores e cheiro de pneu queimado, características típicas de uma pista de corrida. A única diferença notada no Kartódromo Arena Schincariol na quarta etapa do Campeonato Nova Schin de Kart, era a idade dos pilotos.
Entre os intervalos das provas era possível ter uma noção da idade de quem disputava as corridas. Garotos que quando saiam da pista voltavam a ser crianças. Mesmo de macacão e toda a parafernália que o automobilismo exige, os meninos não deixam de praticar coisas típicas de suas idades, como andar de skate.
A categoria Cadete reuniu 11 meninos com idade entre oito a 11 anos, na manhã ensolarada de domingo, dia 22 de maio, que culminou com a vitória do piloto Edson Augusto Packer, que fez as 12 voltas no tempo 12m30s916.
Se para os meninos a diversão era garantida dentro e fora das pistas, as mães não podiam dizer o mesmo. “Ser mãe de piloto é terrível. Em dois anos que meu filho corre, essa é a quarta vez que venho assistir. Não aguento. Nem entrar no espaço reservado aos carros eu entro”, conta Vânia Dias, mãe do piloto Matheus Dias, de 11 anos, que na quarta etapa do campeonato ficou em sétimo lugar.
Enquanto a mãe ficava do lado de fora, no espaço dos boxes, o filho não desgrudava de seu kart, era um dos poucos que não voltava a ser criança. “Ele é super dedicado e ansioso. Enquanto as coisas não estão do jeito que ele acha que deveriam estar, não sossega”, completa. No dia desta reportagem, Matheus estava achando que o motor com que foi sorteado – em todas as etapas os pilotos disputam com os motores sorteados pela comissão do evento, para que haja igualdade entre os atletas – não estava bom, era possível ouvir o menino de 11 anos explicando aos adultos que o problema era diferente do que achavam. “Tudo o que ele faz tem a ver com roda. O número do carro, 22, foi devido a episódios automobilísticos, principalmente aos ligados com o seu ídolo, o Ayrton Senna”, fala Vânia.
No mesmo domingo, a categoria Stock também disputou a quarta etapa. Nessa categoria os pilotos começam a participar com 15 anos, e não tem idade limite. O vencedor da primeira prova foi Darcy Dian Junior, com 12 voltas feitas em 10m51s273, na segunda prova o vencedor foi Renato Gasparian, que correu as 12 voltas no tempo de 11m40s979.
Por ser um esporte caro, muitos pilotos desistem da carreira. “Corri de 97 a 2011, com patrocínio. Daí por problemas familiares, e falta de incentivadores precisei parar. Mas voltei nesse ano, e tenho conquistado bons resultados”, fala o jovem piloto Darcy Dilan Junior.
Para a mãe de Matheus, o lado financeiro também conta, tanto que uma parte do que é gasto com o piloto vem da ajuda de patrocínios da sua cidade, Cotia. “A escola dele ajuda, e algumas lojas de amigos também”, comenta.
O campeonato Nova Schin de Kart termina em dezembro, e o ganhador levará para a casa o troféu de campeão, mas durante as etapas é possível sair com o primeiro lugar no pódio, mais prêmios que o kartódromo presenteia, como um motor Honda, modelo GX-160 ou um KTT 125cc, e até um kart completo.
O kart
O kart é o primeiro estágio para o futuro piloto. É nessa categoria que a maioria dos pilotos se forma. Como em todo esporte amador e profissional, o kart é dividido em categorias de acordo com a idade e experiência de um piloto. As categorias são: Cadete, Júnior Menor, Júnior Maior (para jovens abaixo de 14 anos), Novatos, Graduados B, Graduados A (categoria TOP para pilotos abaixo de 25 anos), Sênior B e Sênior A (categoria TOP para pilotos acima de 25 anos).
Os principais centros mundiais do kartismo são a Itália, Inglaterra, França, Suíça, Alemanha e Brasil. Por aqui, os Estados que possuem melhor estrutura são, pela ordem, São Paulo, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Goiás e Bahia.
Parakart
É de conhecimento que o esporte é uma importante ferramenta na inclusão social a pessoas deficientes. No Brasil, temos excelentes atletas paraolímpicos, como os nadadores Daniel Dias e Clodoaldo Silva, e o kart não foge à regra.
A categoria no país está em crescimento com o incentivo de empresas e empresários. O primeiro campeonato oficial, chamado Copa São Paulo de Parakart, foi disputado em 2008 no Kartódromo Internacional Granja Viana, com cinco etapas e cerca de dez pilotos inscritos. A segunda edição contou com dez etapas e cerca de 15 pilotos. Em 2010 foi disputada a terceira edição, com dez etapas e 21 inscritos. Em 2011, amparado pela Lei de Incentivo ao Esporte, o Parakart contará com o importante apoio da Sabesp, e seu principal campeonato passará a se chamar Copa Sabesp de Parakart, com dez etapas e 25 competidores.
Em julho de 2009 foi realizada, sob a chancela da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), a primeira edição do Campeonato Brasileiro de Parakart, no Kartódromo Internacional Raceland, em Pinhais – PR, na qual sagrou-se campeão o piloto Dédo Jr. Já em julho de 2010, no segundo Campeonato Brasileiro da categoria, disputado no Kartódromo Internacional Granja Viana, em Cotia – SP, sagrou-se campeão o piloto Thiago Cenjor, seguido por Rafael Rodrigues (também vice em 2009) e Rony Ederson. Está prevista a realização do terceiro Campeonato Brasileiro de Parakart em julho de 2011, no Kartódromo Ayrton Senna da Silva (Interlagos), em São Paulo – SP.
No intuito de divulgar e popularizar ainda mais a categoria, além da Copa São Paulo (Copa Sabesp) e do Campeonato Brasileiro, o Parakart tem marcado presença em outros eventos importantes, como a Virada Esportiva da Cidade de São Paulo e as 500 Milhas de Kart da Granja Viana, tradicional prova que reúne os principais nomes do automobilismo brasileiro. (pesquisas feitas no sites: www.sabesp.com.br e www.portalbrasil.com.br)
reportagem de Yara Alvarez
fotos Rapha Bathe
– CONFIRA NA GALERIA ABAIXO MAIS FOTOS DO KART EM ITU