Nenhuma mãe esconde a emoção que sente no momento do parto, que marca o início de uma vida e também de uma nova fase familiar. Uma sensação indescritível, mas que está deixando de ser natural.
A cesárea se tornou a primeira opção de parto no Brasil. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), a operação cirúrgica representa 43% dos partos realizados no país, considerando o setor público e o privado. No universo dos planos de saúde chega a 80%, enquanto no Sistema Único de Saúde soma 26%.
O parto normal é o mais seguro para a mãe e para o bebê. Entre os diversos benefícios, segundo a OMS, destaca-se a rapidez na recuperação da mulher, que após algumas horas já está em pé normalmente. “Depois de três horas eu já estava em pé e tomando banho. Foi muito rápido”, conta Maize Fernanda Singh, que optou pelo parto normal em suas duas gestações, da Isabela de cinco anos e de Luca, com três meses e meio.
Na cesárea, a recuperação pode levar de uma semana a um mês, além de aumentar o risco de doenças respiratórias no bebê e de complicações para a mulher com a cirurgia.
“Outro ponto favorável do parto normal é a amamentação, pois o leite desce mais rápido”, afirma Maize, que também é médica e consciente dos ganhos de um parto natural.
Mas se há tantos benefícios assim, por que a cesárea ainda é a primeira opção?
Maize explica que para o parto normal é preciso ter uma logística, pois nunca se sabe o horário certo que o bebê irá nascer. “Alguns hospitais não têm estrutura para o parto normal, pois precisa de um acompanhamento completo. Sem falar que o médico tem que ficar junto e deixa de atender no consultório”, relata a médica.
Porém, os motivos contrários ao parto normal não se remetem apenas ao hospital, mas também à mulher, que em muitos casos, opta pela cirurgia com medo da dor. “A mulher criou um mito sobre a dor e acaba preferindo a cesárea”, declara Mayara Flávia Bailone, ao completar também que é algo totalmente suportável e que, atualmente, já existe a analgesia para ajudar.
Mayara ressalta que com ela aconteceu ao contrário, pois tinha medo da cesárea, já que havia se preparado para o parto normal. Segundo ela, seu médico lhe deu todo suporte necessário para a realização do parto natural, mas a orientou que caso ocorresse algum problema, faria a cesárea.
Tanto Maize quanto Mayara não se arrependem de terem optado pelo parto normal e garantem que, caso tenham mais filhos, fariam da mesma forma. “O parto normal é algo muito especial, pois você sente o bebê saindo. Na cesárea não dá para ter este prazer de sentir que trouxe o filho ao mundo. É uma sensação muito boa”, confessa Maize, ao mencionar também que acredita que, com as campanhas de incentivo ao parto normal, a situação atual pode mudar, mas os hospitais precisarão investir mais. “Os hospitais precisam saber que terão que investir agora, mas que depois será bem mais econômico”, assegura a médica.
Mayara concorda plenamente com a médica e, com o filho Arthur, de 26 dias no colo, faz questão de ressaltar que, caso seja possível, a mulher opte pelo parto normal, pois os benefícios são bem maiores do que a cesárea, tanto para a mãe quanto ao bebê.
reportagem de Iara Bortoluci
foto: BIRF