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Você tem raiva?

Se sim, use-a para o bem. Aprenda a lidar com a exaltação e transforme os sentimentos ruins em aliados

Definida pelo psiquiatra Evandro Luís Borgo, médico da Unimed, como um sentimento inerente ao ser humano, a raiva também pode ter um lado bom.

Presente normalmente em situações nas quais o indivíduo se julga injustiçado, tal emoção, segundo o médico, é um alerta para a importância de um instante de reflexão. “Esses momentos de exaltação e pensamentos rancorosos que temos devem servir como auto-reflexão. São ferramentas importantes para que descubramos o motivo de estarmos irados e, depois disso, tomarmos uma decisão que seja produtiva”, explica.

Em outras palavras, os ataques de fúria podem – e devem – ser sabiamente transformados em períodos de visita à própria consciência. “Muitas pessoas tentam evitar a raiva para viver de forma tranquila e acabam vivendo em ‘piloto automático’, causando consequências danosas para os seus próprios futuros, como, por exemplo, a mulher que, para poupar-se de tal sentimento e de brigas com o marido, deixa ele beber sempre que quer e esse, por sua vez, acaba se tornando um alcoólatra”, diz.

O médico esclarece, ainda, que, por meio da reflexão resultante de um acesso de cólera, muita gente consegue mudar a situação negativa procurando o lado bom do fato. “Acredito que se a pessoa for honesta com ela mesma a raiva se torna benéfica. Por exemplo, se alguém foi humilhado no trabalho e sentiu raiva disso, pode tentar melhorar sua produção, pode se superar. Mas, claro, é preciso ter cuidado com esse apoio, pois a busca por reverter a origem do problema pode se tornar uma disputa desenfreada”, conta.

No entanto, o psiquiatra da Unimed ressalta que há aqueles que se apóiam na raiva planejando vingança e prestações de contas ou, até mesmo, ficando em cima do muro. Para fazer a transformação para o lado positivo, ele acredita que a não devemos, por exemplo, misturar o comportamento com o caráter, na hora de avaliar alguém. “A raiva não surge porque você não gosta de uma pessoa em si, mas quando não concorda com o comportamento dela”, diz.

Outra maneira de saber como lidar com o sentimento é recorrer à psicoterapia e ir fundo à questão da origem dos pensamentos negativos. “Os que sentem muita raiva devem se perguntar, antes de tomar qualquer atitude, quais serão as consequências de uma explosão furiosa. Podem também tentar aplicar técnicas de distração, como pensar em outra coisa naquele momento, já que o pensamento se modifica com o tempo e a atitude intempestiva gerada pela raiva pode ser bem diferente se a questão for avaliada com calma”, explica.

Por fim, o médico ressalta a importância de se ter consciência sobre o assunto, antes de tudo. “É importante lembrar que conflitos acontecem mesmo, fazem parte da vida do ser humano. Mas, ainda mais importante, é aprender a lidar com esses conflitos e a controlar a raiva que eles possam vir a gerar. A ira deve servir apenas de ponte para comunicar um sentimento e expor o que incomoda”, aponta.

foto: Microfoto

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