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Exageradamente verde

No local, existe uma rica biodiversidade, composta por espécies de fauna e flora – algumas delas ameaçadas de extinção – dentre as quais podemos destacar o jequitibá rosa, um dos gigantes da Mata Atlântica

Implantada oficialmente em 1996, sob coordenação da Fundação “SOS Mata Atlântica”, a Estrada Parque está situada em uma das últimas reservas de Mata Atlântica – entre os municípios de Itu, Cabreúva e Pirapora do Bom Jesus – e se estende por 48,9 quilômetros na Rodovia dos Romeiros, às margens do rio Tietê. Foi a primeira constituída legalmente no país e está inserida entre duas Áreas de Proteção Ambiental (APAs): a APA estadual Cabreúva e a APA Tietê (de âmbito municipal).

Os visitantes podem apreciar a natureza em sua plena exuberância. No local, existe uma rica biodiversidade, composta por espécies de fauna e flora – algumas delas ameaçadas de extinção – dentre as quais podemos destacar o jequitibá rosa, um dos gigantes da Mata Atlântica, não por acaso escolhido para ilustrar o primeiro logotipo do projeto. A estes atrativos, somam-se outras belezas naturais – como quedas d’água, grutas e nascentes – ou construídas pelo homem, como as fazendas, cuja arquitetura remete ao ciclo do café.

A coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, acredita que o trabalho da Associação de Defesa da Estrada Parque – que reúne os proprietários, organizações não governamentais ambientais e parceiros – é essencial para que desenvolvimento e preservação da natureza caminhem juntos. “Essas pessoas e instituições, reunidas nessa associação são o ‘coração’ dessa iniciativa e as grandes responsáveis por essa região ser conservada e atrair turistas e romeiros; pela manutenção e valorização da cultura regional, dos saberes e tradições”, opina.

Simultaneamente, busca-se o envolvimento e conscientização da comunidade local. Desde 1996, a SOS Mata Atlântica e entidades locais de Itu e Cabreúva promovem diversas atividades, projetos e ações de educação ambiental. Exemplo disso é o programa “Florestas do Futuro”. Em 2005, o local, que chega a receber 1,5 mil visitantes ao mês, ganhou um curso de capacitação para monitores ambientais, transformando-os em voluntários aptos a falar sobre a biodiversidade da Mata Atlântica.

“A nossa atividade está mais voltada à gestão de recursos hídricos, além da conservação e restauro da Mata Atlântica, em especial o monitoramento da qualidade da água e aos indicadores de qualidade ambiental da bacia do Tietê e da microbacia do Piraí. É muito importante que as pessoas entendam que todos nós somos responsáveis pelos bens e patrimônios naturais – principalmente pelo uso adequado da água – e que somos co-responsáveis pela qualidade ambiental dos rios e nascentes de água”, alerta Malu.

Despoluição do Tietê

Trecho da Mata Atlântica às margens do Tietê

Apesar dos esforços, o rio Tietê ainda apresenta trechos bastante poluídos. Malu lembra que o projeto de despoluição nasceu de uma pressão da sociedade, fruto de uma campanha realizada em 1991, por meio da parceria entre a SOS Mata Atlântica e a Rádio Eldorado. “Desde essa iniciativa, que conseguiu 1,2 milhão de assinaturas em um abaixo-assinado, atuamos nessa causa. Poluir é rápido; despoluir é uma ação que demanda esforços, tecnologia, investimentos, educação ambiental e políticas publicas”, constata.

Mas este não foi o único desafio enfrentado, de acordo com a coordenadora. Segundo ela, as primeiras dificuldades surgiram durante a implantação da Estrada Parque, em virtude da necessária restrição de atividades econômicas e usos do solo. Concomitantemente, nem sempre é uma tarefa fácil convencer a sociedade – em especial, os proprietários de terra – de que conservação ambiental é também um bom negócio e que a principal vocação dessa região é a indústria do turismo, do ecoturismo e de atividades sustentáveis.

“Outro motivo de preocupação são as ameaças representadas por obras de grande impacto ambiental como é o caso das Pequenas Centrais Hidroelétricas (PCH), estudadas para eventual implantação na região, e que representariam o fim e a completa extinção das corredeiras, do perfil geológico do Vale do Tietê e o total desrespeito à Constituição do Estado de São Paulo”, condena.

Por fim, Malu adianta alguns detalhes das principais atividades que serão realizadas em 2011, ano em que são comemorados os 25 anos da Fundação, além do vigésimo aniversário do Núcleo União Pró Tietê. “Estamos revitalizando nossas bases e temos três grandes projetos na região: ‘O Projeto Tietê’ com os grupos do programa ‘Observando os Rios’; o ‘Água das Florestas’, que integra restauração florestal de APP com conservação de mananciais e serviços ambientais e as ações institucionais na área de água, por meio da Rede das Águas”. As visitas à sede da SOS Mata Atlântica – e parcerias para esses e outros projetos da Fundação – devem ser agendadas por meio do correio eletrônico malu@rededasaguas.org.br

Curiosidades sobre a Estrada Parque de Itu

  • Foi a primeira estrada parque constituída legalmente no país e consolidou-se como modelo conceitual, fundamentado no trinômio conservação, lazer e ecoturismo
  • Nas chamadas Áreas de Proteção Ambiental (APA), não existe a desapropriação e os principais agentes da conservação são os proprietários de terra e áreas
  • Logo em seu primeiro ano de existência, a iniciativa conquistou o segundo lugar do Prêmio Senac de Turismo Ambiental.
  • Para registrar a história e os esforços empreendidos pela primeira Estrada Parque do país, a Fundação SOS Mata Atlântica lançou, em 2004, o livro “Estrada Parque – conceito, experiências e contribuições”
  • No local, funcionam a “Fazenda do Chocolate”, vários campings, além da antiga usina hidrelétrica, alimentada pelo rio Tietê
  • A famosa gruta existente já na divisa de Itu com Cabreúva atrai anualmente milhares de turistas

texto: Piero Vergílio

fotos: Rapha Bathe

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