Luana Piovani vive um dos momentos mais felizes de sua carreira. Apaixonada por crianças, ela produz e protagoniza seu terceiro espetáculo infantil no teatro, “O Soldadinho e a Bailarina”, em cartaz em São Paulo. Esta paixão pelos pequenos a fez gravar, inclusive, o piloto de um programa infantil para a TV, mas que ainda está engavetado. A carreira de Luana na TV começou cedo, ainda na adolescência, quando protagonizou a minissérie “Sex Appeal”, da Rede Globo.
Como modelo, atuou em grandes agências como Ford e Mega, viveu no exterior e participou de grandes campanhas. Sua ida definitiva para a TV aconteceu em 1994 na novela “Quatro por Quatro”. Dois anos depois, pisou nos palcos teatrais em “Nó de Gravata” e apresentou vários quadros do programa “Fantástico”. Um de seus grandes destaques foi na temporada de 1997 do seriado teen “Malhação”.
Nesse mesmo ano, foi eleita pela revista VIP como “a mulher mais sexy do mundo” e protagonizou no teatro a adaptação de “D’Artagnan e os Três Mosqueteiros”. Em 1999, produziu e atuou na peça “A.M.I.G.A.S.” e participou da novela “Suave Veneno”, de Aguinaldo Silva. Sua ótima experiência em comédias a colocou como substituta de Maria Paula no “Casseta & Planeta, Urgente!” durante a licença maternidade da apresentadora. Já em 2005 e 2006, dividiu com a atriz Betty Lago, a filósofa Márcia Tiburi e a jornalista Mônica Waldvogel a apresentação do “Saia Justa” no canal GNT. Sua estreia no teatro infantil aconteceu em 2006, quando produziu e estrelou “O Pequeno Príncipe”, baseada no texto de Antoine de Saint-Exupéry. Sua última participação na TV foi no seriado policial “Na Forma da Lei”, exibido no início do segundo semestre pela Globo. Nesta entrevista exclusiva concedida ao editor Renato Lima, a atriz fala de sua carreira, dos projetos no teatro e no cinema e de sua ausência nas novelas.
Lendo uma revista de 1997, você dizia que não se achava bonita. Treze anos depois, isso mudou?
Olha, não foi em 1997. Em 97, já tinha passado essa fase (risos). Eu disse isso quando comecei a trabalhar como modelo, aos 14 anos na (agência) Ford. Na época, eu via aquele bando de mulheres maravilhosas e eu não me achava bonita e acreditava que estava ali por ser desinibida, mas não bonita.
Você começou aos 14 anos como modelo?
Isso, aos 14 anos.
Sua infância foi no Interior paulista, mas logo no início da adolescência veio sozinha para o Rio de Janeiro. Como foi toda essa mudança?
Aos 12 anos eu ainda morava em Jaboticabal, depois fui para São Bernardo, São Paulo e só aos 19 anos me mudei para o Rio de Janeiro. Eu vim para o Rio antes fazer “Sex Appeal” (minissérie da TV Globo que lançou Luana), mas voltei para São Paulo; fiquei apenas no período da minissérie.
Aconselharia uma jovem que sonha com a carreira de modelo a buscar os grandes centros hoje em dia? O que mudou de lá para cá?
Continua com o mesmo nível de dificuldade. É sempre difícil você ser muita nova e acabar arcando com responsabilidades maiores do que naturalmente você teria, mas tendo um pouco de sorte e uma boa estrutura familiar isso vira uma coisa agregadora, que para a minha sorte foi o que aconteceu comigo. Eu fui para o Japão com 15 anos e foi ótimo, eu viajei, aprendi a falar inglês, ganhei dinheiro, então eu sou super feliz com a carreira de modelo que eu tive.
Infelizmente, hoje vemos várias agências picaretas tentando iludir jovens para o mundo da moda e da figuração em TV e cinema. Que conselho você daria a esses novatos que buscam o sucesso?
A procurar sempre agências que tenham nome, que você sabe que têm um nome a respeitar e que não serão levianas com ninguém. Temos ai Ford Models, a Elite, a Mega, a L’Equipe, que são agências que estão no ramo há muito tempo. Quando você abre a revista e vê de onde é aquela modelo, você vai ver que ela está sendo requisitada para trabalhos, então vai ver que é uma agência segura.
Foi difícil para você trocar a moda pela dramaturgia? Houve preconceito naquela época? Rolava mesmo a história de que modelos não eram bem quistos pelos atores?
Não, pelo contrário, eu só encontrei mãos estendidas para mim. Aliás, eu não me vi trocando muito, porque eu fui trabalhar como atriz aqui no Rio, fazer o teste para “Sex Appeal”, mas ai acabou, não me identifiquei, não me encontrei muito nisso, quis voltar para São Paulo e morar lá e trabalhar como modelo. Então a minha grande mudança mesmo eu senti aos 19 anos, quando eu fiz minha primeira peça de teatro e foi ai que eu resolvi que era essa a profissão que eu queria para a minha vida.
Certo, mas na TV você não sentiu nenhum preconceito por ser modelo?
Não, muito pelo contrário. Eu tive muita ajuda porque eu comecei muito nova e as pessoas sempre foram muito generosas comigo.
Você fez bem mais novelas no final da década de 90 para metade de 2000. Essa sua ausência nas tramas é uma opção sua? Por quê?
Foi uma opção minha porque eu priorizo o teatro. Então acaba que eu sempre estou desenvolvendo algum projeto, produzindo ou ensaiando alguma peça e não tenho essa disponibilidade que uma novela exige, que é de praticamente um ano. Então eu consigo fazer projetos menores.
Sua última participação na TV foi no seriado “Na Forma da Lei”. Como foi viver a policial Gabriela?
Exato. Foi o Wolf (Maia, diretor) que me convidou para fazer a Gabriela e eu adorei, foi uma personagem maravilhosa.
Quando poderemos vê-la na TV novamente?
Para a TV não tenho nenhum projeto no momento. Para mim será também uma grande surpresa, pois não tenho nada programado por enquanto.
Qual personagem gostaria de ter vivido?
Ah eu ainda não fiz a Julieta (de Shakespeare), mas nem sei se vou conseguir fazer ainda, mas eu adoro a personagem Julieta.
Mas como você escolhe suas personagens? Prefere a mocinha, a vilã, o drama, a comédia…
Eu leio a sinopse e tenho que me sentir desafiada, com vontade de fazer.
No teatro, a peça “O Soldadinho e a Bailarina” é sua terceira inserção pelo mundo infantil. Por quê? Sempre foi apaixonada por historinhas infantis?
Porque eu sempre gostei de trabalhar com crianças, sempre gostei de crianças, de estar entre elas e conversar com elas. E depois que eu me tornei produtora (teatral) eu comecei a usar todo esse know-how para produzir espetáculos infantis com conteúdo e qualidade, porque além de eu gostar de trabalhar com crianças, é um mercado bastante carente de boas opções e eu, enfim, estou conseguindo até hoje realizar trabalhos bem feitos e que me dão muita alegria.
E você já pensou em ter um projeto infantil na TV?
Eu já pensei sim. Eu tenho um projeto que eu fui convidada para ser apresentadora de um programa infanto-juvenil chamado Xereta, mas até hoje não deu certo. Inclusive tem até no meu site o piloto do programa.
Pelo que percebo, você adora passar essa criança que existe em você… É perceptível essa alegria de criança. Você ainda não pensa em ter filhos?
Tenho muita vontade de tê-los, mas não ainda.
Falamos de TV, teatro… e no cinema, quais as novidades para os próximos meses?
No ano que vem filmo “Mulher Invisível 2”, se Deus quiser, e tem um projeto de cinema de um filme inspirado no livro do Nelsinho Motta chamado “Bandidos e Mocinhos”.
Por conta do constante assédio, você vive uma relação de ódio com os paparazzi? Até que ponto você acha que a imprensa interfere positivamente e negativamente na carreira de uma artista?
Eu não acho legal de jeito nenhum. Eu não posso dar o outro lado da opinião.
Mas mesmo para um artista que esteja começando?
Mas legal por quê? O que um artista quer divulgar eu imagino que seja sua arte e não ele saindo do supermercado.
Soube que por conta do seu nome você é apaixonada pela Lua…
Ah é uma paixão mesmo, não tem como explicar. Eu sempre fui ligada ao céu como um todo, gosto de ficar vendo para relaxar, vendo a lua… é amor mesmo.
Você prefere a noite?
Não, não, eu não sei o que eu prefiro. Eu gosto dos dois, sabia? Gosto da noite, mas gosto muito do dia.
No dia a dia, qual sua rotina? Como garante a boa forma?
Eu faço atualmente musculação e balé clássico umas três vezes por semana.
É favorável às mudanças no corpo, plásticas etc?
Sou super! Desde que seja feita com o mínimo de discernimento, eu sempre espero que as pessoas tenham bom senso. Se a pessoa tem a possibilidade de estar mais feliz, isso é muito bom, mas não pode passar do limite, né?
Você já fez alguma?
Não, ainda não.
Mas faria alguma futuramente?
Futuramente talvez sim. Ainda não sei para te dizer.
Para concluir, Luana por Luana…
Bom, eu acho que se eu tivesse que me definir como alguma coisa, eu seria uma praia. Mas se eu fosse me definir numa palavra seria perseverança.
entrevista e texto Renato Lima