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Post: De trem pela Serra do Mar

De trem pela Serra do Mar

Da janela do trem, podemos observar paisagens deslumbrantes da natureza, com dezenas de espécies raras -algumas em extinção- de plantas nativas da Mata Atlântica, riachos, cachoeiras, pequenos animais, além de ruínas das velhas estações da ferrovia construída em 1885

De Curitiba ao litoral do Paraná, o trem desce serpenteando os 900 metros da serra, com sua enorme reserva de Mata Atlântica e toda sua rica biodiversidade 

Já pensou em se aventurar de trem pela Mata Atlântica e conhecer toda a sua rica biodiversidade? Isso é possível através de um passeio entre Curitiba e Paranaguá, no litoral paranaense. São110 quilômetrosde extensão que descem os900 metrosda Serra do Mar. Da janela do vagão podemos observar paisagens deslumbrantes da natureza, com dezenas de espécies raras -algumas em extinção- de plantas nativas da Mata Atlântica, riachos e grandes cachoeiras, além de pequenos animais, como o serelepe, o “esquilinho do Brasil”, e belíssimas e enormes borboletas que flutuam sobre o verde infinito.

O ponto de partida desta aventura única por meio da mata é a Estação Ferroviária de Curitiba, onde a empresa Serra Verde Express administra os passeios do trem e garante um ótimo serviço de bordo, inclusive com a presença de guias poliglotas, afinal boa parte dos passageiros é sempre de estrangeiros.

Nos primeiros22 quilômetrosde trilhos, o trem atravessa dois municípios da Grande Curitiba, Pinhais e Piraquara. Logo depois, em mais alguns minutos de passeio, chega-se ao Túnel de Roça Nova, o primeiro de outros 13 túneis que se encontram no percurso e atravessam a maciça rocha da serra. Com457 metros, é o maior dos túneis e se localiza no ponto mais elevado do trajeto. A escuridão dentro do vagão garante momentos de diversão. Logo em seguida, a linha segue em direção a Casa Ipiranga, que hospedou figuras ilustres da história, como Dom Pedro II. Neste local, é possível apreciar a beleza do rio Ipiranga, que corta toda essa área dando um charme especial à construção. Mais à frente, nos deparamos com a cachoeira Véu da Noiva, com grande volume de água saindo da rocha e produzindo um som mais alto do que o da locomotiva. Perto dela, antes de se chegar ao 11º túnel, se encontra o imponente Pico do Diabo –grande rochedo com uma fenda entre duas escarpas, dando a sensação de um verde infinito. É indescritível a energia que a natureza transmite nesse trecho. Para quem pretende fazer o passeio, fique atento e não perca a oportunidade de registrar toda essa impressionante obra da natureza. Outros dois grandes destaques da viagem são a Ponte São João, uma das mais grandiosas obras de engenharia do Brasil, com seus55 metrosde altura; e o Viaduto Carvalho, ligado ao Túnel do Rochedo, assentado sobre cinco pilares de alvenaria na encosta da rocha -a passagem por esse trecho provoca a sensação de uma viagem pelo ar, como se o trem estivesse flutuando.

A única parada que o trem faz antes de chegar à cidade é na Estação de Marumbi, já no Parque Nacional do Pico do Marumbi, criado em 1990, com mais de 2,3 mil hectares. O local é muito frequentado por alpinistas. Após continuar o trajeto, a próxima estação é a de Morretes, cidade histórica onde o passageiro pode aproveitar para comprar lembranças do artesanato local. O souvenir mais procurado é uma miniatura da Serra do Mar. Não deixe também de experimentar o barreado, prato típico do litoral do Paraná, feito com alguns tipos de carne bovina e toucinho e servido com farinha de mandioca.

Deixando a cidadezinha de Morretes, passamos a percorrer os últimos41 quilômetrosda estrada de ferro até chegar a Paranaguá, a cidade mais antiga do Paraná, que abriga o porto de maior movimento em toda a região sul do país.

Uma estrada e sua rica história

Os guias que acompanham os passageiros nos vagões turísticos do trem não cansam de repetir a rica história da ferrovia. Considerada até então impossível por engenheiros europeus, a estrada tornou-se o principal meio de escoamento da safra agrícola paranaense. Foi no dia 1º de maio de 1875, que D. Pedro II assinou o decreto imperial autorizando a construção da ferrovia Curitiba-Paranaguá, mas o início das obras aconteceu apenas em fevereiro de1880. Aconstrução foi dividida em três partes: a primeira, com 42km, entre Paranaguá e Morretes; a segunda, com 38km, ligando Morretes a Roça Nova e a terceira, com 30km, entre Roça Nova e Curitiba, tendo os trabalhos iniciados quase que simultaneamente em todas as frentes. Depois de cinco anos de construção, o projeto visto como impraticável por engenheiros europeus, foi finalmente finalizado. Porém, dos 9 mil homens que participaram da empreitada, aproximadamente 5 mil vieram a falecer devido a todas as dificuldades adaptativas. Foram utilizados trabalhadores de origem alemã, polonesa, italiana, africana, entre outros camponeses que abandonaram a atividade agrícola. Ao término da construção, muitos tiveram dificuldades de recolocação na antiga atividade. A estrada foi inaugurada no dia 2 de fevereiro de 1885.

 texto Renato Lima

fotos Zeca Almeida e Renato Lima 

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